Em um mundo em que estamos acostumados às atualizações de sistemas de smartphones, computadores e afins, é de se pensar por que ainda insistimos em velhos modelos para o trabalho e para a vida. Essa atualização – que poderia ser bem traduzida pelo lifelong learning – perde força quando não paramos para reavaliar o que não faz mais sentido, o que poderia mudar e o que começar a fazer diferente.
Só que, ao contrário das notificações de apps e empresas para fazer atualizações, as lideranças precisam acionar seus sistemas internos.
A proposta de um novo “modelo operacional” para lideranças é parte do livro “Leading Through: Activating the Soul, Heart and Mind of Leadership”, de Kim B. Clark, ex-reitor da Harvard Business School, Jonathan Clark, professor da Universidade do Texas, e Erin Clark, Diretora Administrativa de Capital Humano da Deloitte. Neste artigo, os autores argumentam que líderes devem mudar de um modelo de “poder sobre” para “liderar através”, enfatizando a colaboração e o empoderamento dos trabalhadores.
O conceito de “liderar através” envolve três dimensões interconectadas:
Uma das maneiras de promover essa “liderança através” é aumentar a “luz organizacional”. Considerando que a liderança deriva de momentos de influência e o que faz com essa influência vai afetar as pessoas envolvidas para o bem e para o mal, é fundamental que haja uma preocupação moral. O que exige que líderes se esforcem não apenas para fazer o que é certo, mas que oriente a organização a seguir nesse caminho.
Atitudes, comportamentos e práticas que tornam difícil ver o melhor caminho devem ser combatidas. Arrogância, brigas internas, abuso, bullying, traição assédio, exploração, discriminação, fraude, desperdício de talento e capital da empresa não devem ter espaço para fincar pé na cultura da companhia. Na outra ponta, respeito, propósito, crescimento pessoal, bondade, honestidade, transparência, altos padrões de excelência e uso produtivo de talentos e capital vão energizar as pessoas e a organização. “Assim como a luz física, a luz organizacional é uma fonte de visão e energia, criando as condições para o crescimento e o aumento da força em vidas individuais, reputações, ativos e na própria organização”, cita o artigo publicado na Harvard Business Review.
A necessidade de as lideranças abraçarem um “modelo operacional pessoal” está diretamente ligada às escolhas sobre suas prioridades, os papéis que vão desempenhar, como vão gastar seu tempo e energia. Um novo estudo da McKinsey apresenta um modelo operacional pessoal que consiste em quatro elementos-chave:
Líderes eficazes revisam e atualizam esses elementos regularmente, principalmente em momentos de transição de carreira ou mudanças organizacionais, diz a McKinsey. A abordagem se alinha com as visões que enfatizam adaptabilidade e foco nas pessoas como questões centrais para as lideranças. A “liderança humana” pregada pelo Fórum Econômico Mundial, enfatiza a importância da confiança, respeito e considerações éticas.
Um exemplo de como a reavaliação pode gerar mudanças é de Malcolm Gladwell, autor de “O Ponto da Virada”, “Fora de Série” e “Falando com Estranhos”. Em seu novo livro, “Revenge of the Tipping Point”, em que ele revisita uma série de ideias de seu trabalho mais famoso. Ao fazer isso, ele admite erros e discute o impacto que essa mudança de visão teve em sua vida, a ponto de levá-lo a escrever um novo livro como maneira de afirmar a mudança. Em conversa com Adam Grant, psicólogo e professor da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, ele fala sobre como esse processo de atualização é positivo.
Para líderes que buscam a excelência, algumas ações-chave emergem dos insights trazidos pela McKinsey:
As lideranças que revisam regularmente e ajustam seu modelo operacional pessoal, sem tirar o foco do desenvolvimento das pessoas e criação de valor ético e sustentável, estarão melhor posicionados para encarar os desafios de um mundo que está continuamente em movimento.
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