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John Maeda: resiliência e adaptação para prosperar

As empresas precisam ter resiliência e saber se adaptar e se proteger para prosperar, segundo o especialista em inovação John Maeda

Por Soraia Yoshida 14/03/2022

John Maeda é CTO da Everbridge e falou sobre resiliência na SXSW 2022

Resiliência é a palavra que melhor poderia definir estes tempos. Ela aparece em todos os relatórios climáticos, de risco e de negócios. Também é o tema do “Resilience Tech Report 2022: The Hazard Zoography”, apresentado por John Maeda em sessão ao vivo na SXSW 2022. Ao reunir alguns pontos sobre os quais vem pensando e trabalhando, desde que assumiu o cargo de CTO da Everbridge, com o mandato de liderar a tecnologia de longo prazo e a visão de produtos da empresa, Maeda desenhou um cenário que tem muito de assustador, mas no qual existe espaço para adaptação, mudança e também melhores escolhas.

O Resilience Tech Report baseia-se no CX and Design in Tech Reports (2015 – 2021) que previu corretamente:

  • A centralidade do design em produtos digitais para consumidores e empresas
  • O paradigma do trabalho remoto e seu efeito equalizador
  • A indústria muda para a tecnologia AI/ML como intrinsecamente precisando de um design mais inclusivo.

Fã de anbigramas, representações gráficas que envolvem palavras que se leem de diferentes orientações, Maeda juntou em uma única representação Resiliência e Adversidade. As duas coisas estão combinadas no relatório dividido em cinco partes:

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  • Resiliente para mudar – saber a diferença entre as coisas que não se pode mudar diante das coisas que podemos mudar.
  • Resiliência e o que importa – diante da adversidade, o importante é focar naquilo que você ama na sua vida.
  • O negócio da resiliência – novas tecnologias para gerenciar os momentos em que estivermos diante dos “desconhecidos conhecidos”.
  • As adversidades são tendência – à medida que o mundo se torna mais desafiador, nós estamos nos tornando mais resilientes.

A ideia deste relatório é que as tecnologias para alcançar maior resiliência pessoal, empresarial e comunitária têm aumentado constantemente devido a mudanças macroscópicas nas mudanças climáticas, disrupções sociais e transformação digital.

John Maeda é um daqueles sujeitos que era um influencer digital, antes do termo se popularizar. Formado em engenharia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), ele já foi definido pela Esquire como uma das “75 pessoas mais influentes do século 21”. Autor de livros como “The Laws of Simplicity: Design, Technology, Business, Life”, “Redesigning Leadership” e “How to Speak Machine: Laws of Design for a Digital Age”, ele ficou conhecido por seus insights a respeito da importância do design. Mas resolveu mudar de carreira.

“Troquei de carreira porque eu percebi que tantas coisas ruins estavam acontecendo e eu estava temeroso, e achei que a melhor maneira de me tornar menos temeroso seria aprender tudo sobre as coisas das quais eu tinha medo”, explicou o especialista em inovação. Os temores, claro, estão ligados às rápidas mudanças que vêm acontecendo e seu impacto em praticamente tudo o que conhecemos.

Correr ou lutar

Basicamente, ao dividir suas considerações do último ano, Maeda focou em aspectos diferentes ligados à resiliência e que ele antecipou em um post no Medium:

  • Forma e Função são os pilares do design clássico. À medida que as adversidades continuam a aumentar, o medo é uma reação natural que desencadeia a resposta de luta ou fuga da amígdala. Resiliência é escolher Lutar.
  • A mudança é constante. Controlar como se reage a isso é uma habilidade que pode ser aprendida. Design é o ofício de introduzir mudanças desejáveis; designers sabem como apresentar mudanças em seu ambiente que minimizem seus medos.
  • Estamos preparados para enfrentar nossa própria mortalidade com medo. Está sempre lá, no fundo de nossas mentes. Isso nos mantém vivos. Manter o “por que vivemos” separado de “como podemos expirar” fortalece a determinação de ser resiliente.
  • As empresas enfrentam riscos que podem afetar sua própria mortalidade a cada segundo. No passado, deixar tudo ao acaso era tudo o que qualquer um podia fazer ou planejar. Com perigos de todos os tipos aumentando, as empresas estão querendo mais do que apenas sorte.

Segundo Maeda, quando a mudança acontece, você tem três caminhos para seguir: fazer de conta que não aconteceu; choque, o que faz com que você tenha que lutar; e ao encontrar a adversidades, encarar a questão: você pode se recuperar? “Resiliência significa quicar de volta como uma bola”, exemplificou. “As adversidades nos transformaram em pessoas que querem enfrentar isso, em vez de sair correndo. Você não se torna resiliente a menos que encontre a adversidade, o que é uma coisa terrível de se desejar a qualquer um. Mas é uma definição de como esse esquema de resiliência funciona”.

As adversidades continuarão existindo e, provavelmente, em um ritmo mais frenético do que experimentamos há duas décadas, como mostrou a chegada da pandemia e a necessidade de acelerar todos os processos de transformação digital e inovação. Simplificando, o que fizemos nos dois últimos anos foi nos adaptarmos às mudanças.

 

Mas como nos adaptamos à mudança? “Tendo mentalidade de iniciantes”, responde Maeda.

Isso implica entender claramente a diferença entre as coisas que não podemos mudar e aquilo sobre o qual temos input e podemos agir, defende o CTO da Everbridge. E que está ligado diretamente à mortalidade humana e aos riscos que enfrentamos durante nossa vida.

 

Maeda cita David Hillson, conhecido como Médico do Risco, autor que escreve sobre gestão de risco global, por sua grande definição de risco. No artigo “What is Risk?“, publicado em 2018, ele escreveu: “Muitas pessoas confundem risco e incerteza. O risco é um tipo de incerteza e é importante definir o que qualifica uma incerteza como um risco. A chave é que o risco é definido em relação aos objetivos. A definição mais simples de risco é ‘incerteza que importa’ e é importante porque pode afetar um ou mais objetivos. O risco não existe no vácuo, e precisamos definir o que está ‘em risco’”, ou seja, quais objetivos seriam afetados se o risco ocorresse”.

“Risco só importa se for importante para você”, afirmou Maeda.

O questionamento e os problemas relacionados à mortalidade também são reais para as organizações, que enfrentam adversidades em diferentes frentes – dificuldades na cadeia de suprimento, falta de trabalhadores especializados, disrupções ligadas à crise climática etc –, por isso a resiliência se tornou uma prioridade e uma necessidade para os negócios.

John Maeda disse que está fascinado por essa questão e ainda não tem respostas para a mortalidade organizacional, mas há sinais claros de mudanças. Primeiro, as empresas não têm uma existência tão longa quanto antigamente; elas “duram” menos e desaparecem, muitas vezes por não conseguirem superar adversidades. “Uma empresa na qual seus pais ou avós trabalharam pode já ter desaparecido, e isso é um fato. As empresas duram muito menos tempo”, notou.

Ao citar os trabalhos de Yossi Sheffi, guru de cadeia de suprimentos do MIT e autor de “The Resilient Enterprise: Overcoming Vulnerability for Competitive Advantage” ( 1985), Maeda deixa claro que vamos experimentar mais riscos e, portanto, não podemos ser avessos a eles e sim aprender a trabalhar com essa possibilidade.

 

“A primeira onda de ferramentas para permitir que as organizações passem por um evento ruim são principalmente sistemas que especulativos porque havia pouca computação. Agora temos tecnologias de gerenciamento de eventos críticos”, citou Maeda. O resumo da ópera é que as empresas se mantêm resilientes porque têm a noção de se proteger e se adaptar, seja contra eventos climáticos ou de outra natureza. “Este é um trabalho realmente importante e que está se tornando cada vez melhor, do tipo iterativo”, disse. “O objetivo de proteger e de adaptar é permitir que sua organização prospere”.

“Assim, você itera e garante que sua organização possa competir. Como posso usar a tecnologia de resiliência para vencer meus concorrentes ou ver mais no futuro?”, diz Maeda.

Fazendo uma relação entre a importância das pessoas em nossas vidas e as parcerias de negócios, o CTO da Everbridge ressaltou que é preciso incentivar os parceiros para que as coisas avancem. E mesmo que a “regra das 10 mil horas” já tenha sido questionada como fator para se aprender e dominar uma habilidade, ele afirmou que é fundamental praticar o tempo todo. “Você não pode simplesmente colocar as coisas em uma prateleira e esperar que funcionem”.

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