A maneira mais rápida de fazer com que sua organização se adapte às novas tecnologias e formas de trabalho é capacitar seu pessoal para experimentar ambas. O insight faz parte de um relatório da PwC em que 64% dos CEOs acreditam que a IA Generativa vai aumentar eficiências no tempo de trabalho. Também foi a visão de 62% de colaboradores. Mas colaboradores querem mais: quatro em cada cinco profissionais querem mais treinamento em ferramentas de IA, segundo dados do LinkedIn. Boa parte dos CEOs (57%) estão investindo em tecnologia, mas apenas 43% colocam esse esforço no desenvolvimento de habilidade e capacidades da força de trabalho.
As pessoas não podem usar aquilo que não têm. E embora 65% das organizações digam que estão usando IA Generativa em pelo menos uma função de negócio – marketing, vendas, desenvolvimento de produtos e TI são as mais comuns e identificadas como potenciais criadoras de maior valor – ainda existe uma lacuna grande entre profissionais que querem aprender a usar IA e empresas que estão treinando sua força de trabalho, como a S&P Global, que anunciou um bootcamp para treinar 35 mil colaboradores.
Apenas 39% de funcionários que usam IA no trabalho em todo o mundo receberam algum tipo de treinamento em IA de suas empresas, de acordo com levantamento da Microsoft. Além disso, apenas cerca de 25% das empresas planejam oferecer treinamento em IA Generativa em 2024. Isso sugere um déficit de treinamento que as empresas precisam resolver para aproveitar totalmente o potencial da IA.
“Você tem conhecimentos de Inteligência Artificial? Já usava na sua função anterior? Para quê? E qual foi o resultado?”
Muitos processos de recrutamento incluem perguntas bem parecidas com essas. A demanda por habilidades de IA está influenciando as práticas de contratação, como mostra o estudo “AI is Here. Now Comes the Hard Part“, da Microsoft e do LinkedIn. Ter habilidades de IA tornou-se um diferencial: 66% das lideranças priorizam a contratação de candidatos com habilidades em IA em vez daqueles sem essas habilidades, e 71% dizem que não contratariam alguém sem habilidades de IA. Mais: essas mesmas lideranças prefeririam contratar um um candidato menos experiente, mas com habilidades de IA, do que uma pessoa mais experiente sem “alfabetização em IA”.
Treinar uma força de trabalho inteira em IA talvez seja um dos maiores desafios que o mundo corporativo tenha enfrentado nos últimos 50 anos. Mas é uma necessidade. O acesso à tecnologia precisa acontecer de maneira igualitária, como aponta o relatório anual do Adecco Group, que olha para os trabalhadores. O estudo cita a ameaça de criar uma classe de “ricos” e “pobres” na força de trabalho. Somado ao fato de subestimar o verdadeiro potencial da IA e seu impacto sobre os empregos, estamos falando do risco de novamente deixar gente para trás, na opinião do Fórum Econômico Mundial.
Quanto mais instruídos e afluentes os profissionais, maior seu acesso à IA. Quase 80% dos trabalhadores de renda mais alta disseram estar usando a IA Generativa em comparação com apenas 60% com ganhos abaixo de US$ 60 mil.
“A senioridade também foi um fator, com 87% dos executivos dizendo que usavam a genAI, em comparação com 52% dos não gerentes. Da mesma forma, um nível de escolaridade mais alto foi correlacionado com taxas de adoção mais altas, com 76% das pessoas com diploma usando IA, em comparação com 51% com apenas o ensino médio”, cita o Fórum Econômico.
Acontece que dado o custo de contratação de alguém novo na empresa, que pode chegar a sete vezes o salário mensal, desenvolver as pessoas que já estão na empresa pode ser uma resposta mais acertada. E considerando que, assim como as pessoas aprenderam a usar computadores lá atrás, este pode ser exatamente outro momento de grande mudança em que todos precisarão aprender a trabalhar com IA. Portanto, trazer pessoas com habilidades pode acelerar o processo em times, mas desenvolver a força de trabalho continua sendo imperativo para as organizações.
“Hoje há muita coisa sobre IA e como de certa maneira virou assunto da moda, às vezes é preciso dar um passo atrás para entender melhor”, diz Henrique de Castro, fundador e CEO da New Rizon, uma empresa de consultoria e desenvolvimento que oferece treinamentos em IA. Segundo ele, muita gente fala de maneira superficial demais ou envereda pelo tequiniquês, o que deixa os alunos perdidos. O que tem funcionado melhor, diz, é o treinamento in-company, que leva em conta o contexto, o negócio e as pessoas. “O principal é entender o objetivo, qual é o problema que precisa ser resolvido e se esse problema pode ser resolvido com IA”, diz.
Quando se trata de IA, isso significa garantir que todos os funcionários que queiram participar tenham a oportunidade de explorar e aprender. “Geralmente, é a força de trabalho que espera da liderança a transformação digital na empresa. A cultura data driven precisa ser para todas as pessoas, sem diferenças de crachá, e envolver toda a organização”, afirma Helena Freitas, treinadora de IA e desenvolvimento de times. Segundo ela, vem de colaboradores na linha de frente a necessidade de transformação e inovação.
Uma pesquisa do Great Place To Work constatou que as empresas em que mais funcionários participam da inovação se adaptam mais rapidamente às mudanças nas condições do mercado. Para as empresas em que um número maior de funcionários relata inovação e inclusão, o crescimento médio da receita ano a ano é mais de cinco vezes maior do que o das outras empresas.
As organizações que entenderam a necessidade e o potencial de inovação e valor estão procurando empresas e profissionais especializados para oferecer esse treinamento a suas equipes. Helena Freitas, especialista em treinamento de IA, diz que as principais demandas das empresas incluem fundamentos, conceitos, lidar com técnicas de fine tuning e RAG e também assessoria para escolher o modelo de linguagem mais adequado para a companhia. “Geralmente o objetivo é nivelar os conhecimentos do time e entender a precificação das plataformas, além de entender o passo a passo de como integrar a IA na produtividade e negócios”, diz.
Segundo a especialista – que possui certificações pelo MIT, AWS, Gemini, Databricks, Microsoft Azure e Salesforce –, é importante olhar qual plataforma a empresa já usa e na qual estão contidos seus dados para treinar e ativar serviços disponíveis. Dessa forma, é possível integrar não apenas recursos, mas segurança e agilidade ao que a empresa já paga. Helena emprega uma metodologia que batizou de “Cofre” (Cargo – Objetivo – Formato –
Restrição – Exemplo), com treinamento adaptável para necessidades específicas, incluindo alfabetização em IA com práticas de governança e segurança, assim como dicas práticas para usar ferramentas.
As organizações que contam com programas de aprendizagem e desenvolvimento adaptaram seu foco para incluir IA. A consultoria KPMG lançou um programa chamado GenAI 101 em que as pessoas aprendem sobre os conceitos e como implementar em seu trabalho, os riscos e a ética em torno do uso da IA e a mecânica de prompts efetivos de IA. Os participantes também passam pelo programa “IA confiável“.
Outra consultoria, a PwC, gamificou seu currículo de IA ao incluir um jogo de perguntas e respostas ao vivo chamado “PowerUp”. Funcionários tomam parte respondendo questões sobre a estratégia da empresa e outros conteúdos do currículo, ganham prêmios e ainda se conectam com os colegas. Mais de 9 mil colaboradores participam do game mensalmente nos EUA e México.
Em todas as organizações com programas sólidos, a preocupação com a segurança é um dos pilares mais importantes. Hackers usam recursos como Prompt Injection, para alguns mais perigoso do que o SQL Injection (modelo de invasão de bancos de dados a partir de uma injeção de código malicioso). “Muita gente está enviando dados sensíveis para o ChatGPT, da OpenAI, confiando que a empresa vai manter. Mas é preciso entender muito bem para onde esses dados estão indo, como estão indo”, diz Henrique de Castro, da New Rizon.
Para empresas cuja demanda é para back-office, como planejamento e pesquisa, a IA pode ser um tremendo aliado. As pesquisas indicam que profissionais do conhecimento, que trabalham com criação de conteúdo, aproveitam os recursos da IA como copiloto, estruturando ideias e textos. “Para a pessoa que escreve, a IA ajuda a tirar do zero”, comenta Henrique. Nos treinamentos, ele traz essa visão de que usar o ChatGPT para tudo não ajuda, pois é mais fácil “sentir” quando um conteúdo vem de IA. As pessoas aprendem a usar prompts para otimizar o conteúdo.
Para Helena Freitas, especialista e consultora em IA, partindo de uma imersão e uma fase de integração que pode variar de um a três meses, é possível compartilhar dicas e hacks essenciais de prompt engineering. “Sempre reforço a ideia de que a IA não apenas aprimora habilidades técnicas, mas também fortalece soft skills”, afirma. “Ao aprender a formular e ajustar prompts, os profissionais desenvolvem habilidades de liderança e gestão, passando de simples executores para líderes que validam e editam as respostas geradas pela IA”.
Diante da mudança contínua no cenário da tecnologia e dos negócios, as organizações devem considerar programas de treinamento estruturados para garantir que sua força de trabalho esteja equipada para lidar de forma efetiva com as tecnologias de IA.
Aqui está uma sugestão de abordagem em fases para implementar o treinamento em IA:
– Identificar as principais áreas para adoção de IA: Faça uma análise completa de onde a IA pode ser mais benéfica em sua organização. Isso pode incluir funções como atendimento ao cliente, marketing, vendas e desenvolvimento de produtos.
– Análise de lacunas de habilidades: Avalie as habilidades atuais de IA na organização para entender as lacunas. Isso pode envolver pesquisas ou avaliações para medir a compreensão e o nível de conforto dos funcionários com as ferramentas de IA.
– Alfabetização básica em IA para todos os funcionários: Desenvolva um programa de treinamento básico em IA que seja capaz de abranger conceitos fundamentais, como o que é IA, como ela funciona e seu possível impacto nos negócios. Esse conhecimento básico deve ser obrigatório para todos os funcionários para garantir um entendimento comum em toda a organização.
– Treinamento direcionado para funções específicas: Para as funções que irão interagir diretamente com as ferramentas de IA, ofereça um treinamento mais aprofundado. Isso pode incluir sessões práticas com software de IA, compreensão da análise de dados ou aprendizado para trabalhar com ferramentas de automação orientadas por IA.
– Desenvolver especialistas em IA: Identifique funcionários que podem se tornar “evangelistas” ou especialistas em IA. Esses indivíduos devem receber treinamento avançado, possivelmente até certificações externas para liderar iniciativas de IA em seus departamentos.
– Incentivar o aprendizado contínuo: A IA é um campo em rápida evolução, e a educação contínua (lifelong learning) é um dos pontos-chave para fazer essa transição de um ambiente de trabalho em que a IA é integrada. Implemente uma estratégia de aprendizado contínuo, aproveitando plataformas como o LinkedIn Learning ou laboratórios internos de IA, para manter as habilidades atualizadas.
– Aplicação prática: Permita que os funcionários apliquem seu aprendizado em projetos reais. Isso não apenas reforça o treinamento, mas também permite que a organização comece a colher os benefícios da adoção da IA.
– Coletar feedback e iterar: Certifique-se de receber continuamente o feedback de funcionários sobre os programas de treinamento e faça os ajustes necessários. Esse processo iterativo garante que o treinamento permaneça relevante e eficaz.
– Cultivar uma cultura de inovação e adoção de IA: Incentive os líderes a promoverem o uso da IA e a criarem um ambiente em que a experimentação com IA seja apoiada. Isso pode ser crucial para maximizar o potencial da IA em toda a organização.
Ao adotar uma abordagem em fases para o treinamento em IA, as empresas podem gerenciar a curva de aprendizado de forma mais eficaz e garantir que sua força de trabalho esteja bem preparada para o futuro impulsionado pela IA. O treinamento não apenas capacita os funcionários, mas também posiciona as empresas para inovar e permanecer competitivas em um mercado cada vez mais digital.
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