Uma das prioridades das empresas nos próximos meses será encontrar maneiras seguras de fazer com que as pessoas voltem aos escritórios. Algumas mudanças deverão ser temporárias. Outras, permanentes. Nos dois casos, uma grande quantidade de dados será necessária para gerenciar bem os novos ambientes que darão suporte ao trabalho híbrido.
Quais dados? Aqueles coletados diretamente dos funcionários e dos sensores, dos mais diversos tipos, que ajudem as companhias não somente a monitorar e limitar automaticamente a capacidade de ocupação dos escritórios a cada dia, como também a coordenar o trabalho de equipes híbridas, as agendas individuais e coletivas, o fluxo nos ambientes compartilhados, o afastamento automático em casos de provável exposição ao vírus, etc.
Muitas organizações adotaram conceitos de escritório aberto, dificultando a aplicação de uma orientação de distanciamento físico entre os funcionários. Outras estão avaliando o uso de espaços compartilhados como cozinhas, banheiros e elevadores, juntamente com sistemas de filtragem de ar de última geração para reduzir a propagação de gotículas infecciosas. Os dados são importantes para entender todas essas decisões logística. Projetar com base nos feedbacks de dados, alguns obtidos em tempo real, pode criar uma solução de gerenciamento de espaço mais eficiente.
Embora a reinvenção de experiências de espaço compartilhado usando tecnologias inteligentes e responsivas não seja um conceito novo, a esperança de uma sociedade pós-pandêmica acelerou sua necessidade. Muitas empresas estão investindo em soluções que ajudem a otimizar os movimentos e as experiências das pessoas nos escritórios e também em outros locais de trabalho como fábricas, hospitais, complexos comerciais, aeroportos, etc.
Mas a capacidade de rastrear tudo não apenas faz as empresas funcionarem melhor, como também economizarem dinheiro. Por outro lado, também aumenta as chances de ocorrência de violações de privacidade e ataques cibernéticos.
Startups como a VergeSense e a Density, por exemplo, que desenvolveram sensores para rastrear como as pessoas se movem e se reúnem em espaços de escritório, optaram por anonimizar os dados coletados para evitar o tipo de violação de segurança que afetou a Tesla no mês passado.
Segundo estudo do Gartner, é mais comum que os empregadores coletem dados de movimentação dos funcionários (26%), dados médicos (41%) e de uso dos computadores de trabalho (20%).
Vale ressaltar que as preocupações com privacidade e cibersegurança são ainda mais relevantes no caso de uso de soluções criadas para medir quando e como os funcionários são realmente produtivos, como a EmpMonitor e a HubStaff. Aplicativos como o StaffCop, o Teramind, o Hubstaff, o CleverControl e o Time Doctor possibilitam o rastreamento de atividades em tempo real, capturas de tela dos computadores em intervalos regulares, registros do uso do teclado, etc, às vezes sem o conhecimento e o consentimento prévio dos funcionários.
O assunto é tão sério que o Conselho Europeu de Proteção de Dados pretende publicar diretrizes para ferramentas e práticas de teletrabalho no contexto da pandemia de Covid-19. E a Irlanda já debate o direito de se desconectar.
É patente que os estilos de trabalho estão se transformando à medida que os ambientes de trabalho híbridos se tornam mais prevalentes. Que o trabalho não é mais um lugar. Que atividades como idealização, planejamento de processos de trabalho ou avaliação do progresso de um colaborador não podem ser medidas facilmente. Que a melhor forma de entender o futuro do trabalho é entendendo as pessoas que o realizam. E que é praticamente impossível fazer isso se houver quebra de confiança. Algo que costuma acontecer frequentemente em casos de monitoramento excessivo e/ou indevido.
Há casos de uso em que a empatia pode ser útil em sistemas de IA? Ou ao aprender e introduzir sentimentos humanos, as máquinas podem acabar nos colocando em risco?
E isso exigirá de nós maior cuidado e responsabilidade com as tecnologias ao nosso dispor. Sobretudo com a Inteligência Artificial e os sistemas de monitoramento e reconhecimento de tudo e todos
Não basta apenas oferecer equipamento de proteção. As grandes companhias, incluindo aí Amazon e Foxconn, estão adotando também machine learning para monitorar seus funcionários
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