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360°
Por Soraia Yoshida 10/01/2025

Nos próximos cinco anos, 22% dos empregos atuais serão impactados pela criação ou erradicação de postos de trabalho. Essa mudança estrutural no mercado de trabalho global promete criar 170 milhões de novos empregos, mas também deslocar 92 milhões de funções existentes, resultando em um crescimento líquido de 78 milhões de empregos. Grande parte dessas vagas irá para engenheiros de fintech, especialistas em Aprendizado de Máquina e Gestão de Segurança Cibernética. Cada vez menos para caixas de banco e assistentes administrativos, aponta o “Future of Jobs Report 2025”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial. 

O barco dessa revolução no mundo do trabalho é empurrado pelos ventos da transformação digital, dos avanços tecnológicos, da transição para a economia verde e por instabilidades geoeconômicas. Se hoje habilidades como autoconsciência, liderança, influência e motivação têm um grande peso no recrutamento de talentos, até 2030 as organizações estarão olhando para IA, Big Data, alfabetização tecnológica e cibersegurança.

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O relatório da WEF, que capta as perspectivas de mais de mil empresas, representando mais de 14 milhões de trabalhadores em 55 países, mostra o impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho e no perfil dos profissionais disputados pelo mercado. Os dados e gráficos apresentam um panorama da urgência em investir no desenvolvimento da força de trabalho, em iniciativas de reskilling e upskilling. Existe uma lacuna de habilidades nas áreas que podem puxar o crescimento – e que deveriam ser prioridade para diretorias e boards. Como se diz no ambiente corporativo, “é para ontem”. 

E aí vem a pergunta: sua empresa está se preparando para esse desafio?

Principais tendências para o trabalho em 2030

O relatório “Future of Jobs Report 2025” identifica cinco macrotendências principais moldando o futuro do trabalho:

1. Mudanças Tecnológicas

A ampliação do acesso digital é a tendência mais transformadora, com 60% dos empregadores esperando que ela impacte seus negócios até 2030. Em seguida, destacam-se os avanços em Inteligência Artificial e Processamento de Informações (86%), Robótica e Automação (58%), e Geração, Armazenamento e Distribuição de energia (41%).

O impacto da IA Generativa ganha destaque no estudo. Desde o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022, os fluxos de investimento em IA aumentaram quase oito vezes. Somente em 2024, as startups de IA nos Estados Unidos receberam US$ 97 bilhões em financiamento de capital de risco, de acordo com dados do Pitchbook. Isso representa quase metade do total de US$ 209 bilhões levantados por todas as startups no país durante o ano. Os altos investimentos motivaram uma rápida adoção da tecnologia, ainda que de forma desigual entre os setores e regiões.


2. Incerteza Econômica

O aumento do custo de vida é a segunda tendência mais transformadora, com metade das organizações esperando que ela impacte seus negócios até 2030. A desaceleração econômica geral também é uma preocupação significativa, com 42% das empresas prevendo impactos.

 

3. Transição Verde

Os esforços para mitigação das mudanças climáticas são a terceira tendência mais transformadora, com 47% das organizações esperando impactos. A adaptação às mudanças climáticas aparece em sexto lugar, com 41% prevendo transformações em seus negócios.

 

4. Fragmentação Geoeconômica

Cerca de um terço (34%) das empresas veem tensões geopolíticas e conflitos como fatores-chave de transformação organizacional. Restrições ao comércio e investimento global (23%) e políticas industriais e subsídios (21%) também são citados como fatores relevantes.

 

5. Mudanças Demográficas

Para 40% dos empregadores, o envelhecimento e declínio da população em idade ativa são fatores de transformação, enquanto 25% citam o crescimento da população em idade ativa em algumas regiões.

 

Essas tendências impactam muitos dos empregos de maior crescimento, como motoristas de entrega, trabalhadores da construção civil, vendedores e trabalhadores de serviços de alimentação. Na outra ponta, o envelhecimento da população e o declínio da força de trabalho nas economias mais ricas e desenvolvidas, assim como a expansão da população ativa em economias de renda mais baixa puxam a demanda por profissionais de assistência e educação. Fechando o quadro, a transição ecológica está levando a um maior crescimento das ocupações agrícolas, o que inclui engenheiros ambientais e de energia renovável.

Estratégias de força de trabalho

Para enfrentar esses desafios, as empresas estão adotando diversas estratégias:

  • 85% dos empregadores planejam priorizar a atualização das habilidades de sua força de trabalho
  • 70% esperam contratar funcionários com novas habilidades
  • 40% planejam reduzir o quadro de funcionários à medida que suas habilidades se tornam menos relevantes
  • 50% planejam transicionar funcionários de funções em declínio para funções em crescimento[1]

A automação também deve desempenhar um papel importante. Os empregadores estimam que, até 2030, a proporção de tarefas realizadas principalmente por humanos cairá de 47% para 33%, enquanto a proporção realizada principalmente por tecnologia aumentará de 22% para 33%.

Desafios e Oportunidades

O relatório destaca vários desafios e oportunidades para o futuro do trabalho:

  1. Lacunas de habilidades: 63% das empresas identificam as lacunas de habilidades como a maior barreira para a transformação dos negócios.
  2. Transição Verde: A transição para uma economia de baixo carbono está criando novas oportunidades de emprego. Entre 2022 e 2023, houve um aumento global de 12% nos trabalhadores adquirindo habilidades verdes, enquanto o número de vagas exigindo pelo menos uma habilidade verde aumentou quase 22%.
  3. Diversidade e Inclusão: 83% das organizações relatam ter iniciativas de diversidade, equidade e inclusão em vigor, um aumento em relação aos 67% em 2023.
  4. Automação e Colaboração Humano-Máquina: Embora a automação deva reduzir a proporção de tarefas realizadas exclusivamente por humanos, também se espera um aumento na colaboração humano-máquina.
  5. Desigualdades Regionais: O relatório aponta disparidades significativas entre economias de alta e baixa renda em termos de adoção tecnológica, taxas de desemprego juvenil e impactos da fragmentação geoeconômica.