Na sua opinião, o metaverso está mais para voz que para as tecnologias visuais: menos "Matrix", e mais parecido com o filme "Her". E a Apple será a empresa dominante, não a Meta
Há ao menos uma certeza em relação ao SXSW 2022, além da constatação da buzzwords do momento (Web3, Metaverso, DAO e NFT): não é possível ficar indiferente às provocações do professor Scott Galloway. Mesmo que sua palestra tenha sido apenas um update do seu relatório anual de tendências, divulgado no início do ano.
Sim, ele voltou a falar que Zuckerberg vai falhar em sua versão do Meteverso. Mas dessa vez foi mais explícito nas explicações sobre porque acredita mais no Appleverse. Na sua opinião a voz será a interface dominante. Ter dispositivos como o Airpod “dentro” dos ouvidos criará um nível de intimidade e engajamento muito maior que o apelo visual. E isso tornará o metaverso mais parecido com o filme “Ela” do que com “Matrix”.
Por falar em áudio, Galloway também acredita na Alexa como instrumento fundamental para os planos da Amazon em se tornar um poderosa health care.
“É apenas uma questão de meses antes de você entrar em casa e ouvir sua Alexa dizer: querida família Smith, você gostaria de cortar seus custos de seguro de saúde pela metade? Se sim, diga Alexa, conte-me mais sobre o seguro Amazon Prime”, sugeriu.
Na sua opinião, a Amazon está alinhando tropas na fronteira entre seus wearables e a Whole Foods. A farmácia online de sua propriedade será capaz de construir um corpus digital dos cuidados de saúde dos usuários dos wearables e da Alexa e partir para a ofensiva, sugerindo uma dieta melhor, ou mais diagnósticos: “Você gostaria que tomássemos um pouco do seu sangue e depois colocássemos você em uma dieta? Você gostaria de uma roupa para o seu treino? Acho que a Amazon está prestes a se tornar a empresa de mais de um bilhão de dólares que mais cresce no mundo”, disse Scott Galloway.
Após 50 minutos e quase 100 slides repletos de gráficos de market share, gráficos de avaliação de empresas e diagramas complexos de ecossistemas, o professor ainda questionou a Web3 e explicou sua aposta nos NFTs.
O professor vê os NFTs como instrumentos de status e capital social, à medida que a vida se move mais para o online. Eles farão o papel que um relógio, carro ou uma roupa de grife fazem no mundo offline. Marcas de luxo podem criar “assets” digitais usando a tecnologia de NFT para usarmos no ambiente digital e nos diferenciarmos das outras pessoas.
Da mesma forma, uma marca pode criar uma moeda criptográfica para aumentar as recompensas de sua comunidade e aumentar a fidelidade. Se uma marca monetizar a escassez dessa maneira, Galloway espera que sua moeda valha centenas de milhares de dólares, capitalizando o hype que gerou altcoins.
Para Galloway, o grito de guerra “descentralização”, da Web3, continua a funcionar como um proxy para “recentralização”. “Há a mesma desigualdade ocorrendo na mesma centralização. Além disso, os intermediários também já estão surgindo”, diz ele.
“A Coinbase fala sobre liberdade e quase todos os tweets que eles publicam. Eles alegam que há descentralização. Nenhuma autoridade central. No entanto, quando as coisas se tornam reais, eles decidem intervir e começar a bloquear transações, o que eu até acho uma coisa boa. Mas fique claro, isso não é algum tipo de governança descentralizada. No final do dia, eles intervirão e tomarão decisões em nome de todos nós”, afirma, o professor, que vê nesse modelo uma arma de entrincheiramento em massa. “É uma recentralização, mais como um governo autocrático do que qualquer tipo de poder para a governança do povo.”
Na sua opinião o mercado de cripto é mais centralizado do que qualquer classe de ativos financeiros que ele já viu e esse mercado inteiro é um mercado de US$2 trilhões a US$ 3 trilhões, baseado nos tweets de algumas pessoas.
“Haverá algumas tecnologias duradouras aqui. Mas esta não é a Web3. É a Web de 2001”, completou.
“Em uma crise, as pessoas lembram de como você se comporta”, diz o professor. Por isso, a grande oportunidade está nos relacionamentos-chave e na percepção (ou talvez no lembrete) de que nossa felicidade está inextricavelmente ligada ao número de conversas profundas e significativas que temos em nossas vidas.
Conversas profundas e significativas exigem relacionamentos profundos e significativos. Nosso maior foco deve ser cimentar e reparar nossos relacionamentos-chave, sejam eles com pais, irmãos ou amigos. E não há melhor maneira de fazer isso do que nos reunindo – pessoalmente – quando pudermos.
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