A pandemia colocou o mercado global de saúde em evidência. Healthtechs, startups deste setor, levantaram mais de US$ 10 bilhões em Venture Capital na Europa e nos EUA, superando o total do ano anterior com tempo de sobra. No Brasil, há um movimento semelhante, em que “as empresas desse setor ganharão um estímulo a mais para produzir mercadorias que possam ser úteis à população”, na avaliação do analista de investimentos Ilan Arbetman.
Por conta de particularidades da pandemia, como o isolamento social e o vírus em si, ganham destaque tecnologias de telemedicina e desenvolvimento de vacinas, por exemplo. No entanto, as salas de operação nos hospitais também estão sujeitas à inovação neste cenário, e tecnologias de fora do país estão aterrissando por aqui.
É o caso da tecnologia Alphenix 4DCT, desenvolvida no Japão pela Canon desde 1992 no campo da radiologia intervencionista. Trata-se de um dispositivo que une ferramentas para exame de imagem, como tomografias, e técnicas de intervenção cirúrgica pouco invasiva. Na prática, a novidade substitui duas máquinas com apenas uma solução.
Isto é decisivo porque dispensa o deslocamento dos pacientes entre salas diferentes, o que é essencial a fim de evitar contaminações da Covid-19 dentro dos hospitais. Além disso, permite apenas uma aplicação de anestesia para todos os procedimentos e libera o setor de imagem para realizar exames diagnósticos comuns.
“O maior impacto é nas intervenções oncológicas. Existem dois métodos de cirurgia para tratar um tumor: via circulação e por meio da pele. Cada um tem suas limitações. Agora, torna-se possível aplicar os dois métodos de uma vez só”, explica o Dr. Carlos Abath, especialista em radiologia intervencionista e médico responsável por viabilizar a instalação do equipamento no Real Hospital Português, em Recife. “O efeito de cada uma é potencializado e, talvez, poderemos tratar tumores maiores”. A tecnologia da Canon também será usada em pacientes que sofreram AVC, entre outros traumas.
A Alphenix 4DCT é apenas um exemplo de equipamento cirúrgico do futuro, uma vasta gama de produtos cujo mercado global é estimado em mais de US$ 14 bilhões. Em breve, as salas de operação dos principais hospitais no mundo não apenas estarão repletas de máquinas inovadoras como terão todas elas interconectadas a sistemas de inteligência artificial, robótica e realidade aumentada, com todo o potencial da rede 5G.
De maneira geral, todas estas tecnologias convergem para “estender a capacidade sensorial e analítica do cirurgião”, afirma o Dr. Husain Abbas, diretor de cirurgia robótica do hospital de Jacksonville. Em palestra para o canal TEDx (abaixo), o especialista descreve aplicações práticas de inovações em centros cirúrgicos.
Um projeto realizado em parceria entre a SAP e a Universidade de Heidelberg, na Alemanha, buscou criar um conceito de sala de operação inteligente. “Durante uma operação, há muito dado coletado: sobre os dispositivos e sobre os pacientes, além das imagens”, afirma a Dra. Magdalena Görtz, assistente médica do departamento. Em uma plataforma digital desenvolvida pela empresa de tecnologia, todas essas informações são concentradas, analisadas e geram insights para os profissionais.
Cada vez mais, a tendência é que o cirurgião fique em um espaço anexo ao procedimento, controlando as robôs remotamente, recebendo insights gerados por IA e resultados em tempo real de exames diversos. Tudo isso em uma mesma sala, sem necessidade de mover o paciente entre departamentos. Na visão do cirurgião Dennis Lund, do Hospital Pediátrico de Stanford, isso se traduz em “menor tempo de exposição do paciente à radiação, menos tempo sob anestesia e uma passagem mais rápida pelo hospital de forma geral.
Para o Dr. Abath, alguns hospitais do sistema privado de saúde no Brasil já se equiparam aos de países desenvolvidos quanto à adoção de tecnologia cirúrgica. Ele afirma já existir no país soluções de robótica e IA na sala de operação e aponta intervenções genéticas tendo um papel decisivo nos próximos anos.
Por outro lado, o cirurgião indica que há necessidade de olhar para o lado humano no momento de adotar avanços tecnológicos nas operações. “Treinamento dos profissionais e humanização das cirurgias são temas que precisam estar no centro da discussão sobre cirurgia remota, robótica e inteligência artificial”, diz Abath.
“Paradoxalmente, o futuro da medicina é a não-intervenção cirúrgica. O desenvolvimento de medicamentos e terapias genéticas vai evoluir cada vez mais, e a cirurgia será exceção. Nestes casos, haverá uso intenso de algoritmos inteligentes para garantir procedimentos ainda menos invasivos e arriscados”, completa o médico brasileiro.
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