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Nos últimos dois a três anos, os consumidores passaram a dar muito mais importância para a maneira como se sentem fisicamente, mentalmente e até espiritualmente Crédito: Bruno Nascimento/Unsplash
O SHIFT DA QUESTÃO

O bem-estar é um bom negócio?

Com um mercado trilionário que deve crescer até 10% ao ano, o wellness se tornou prioridade na vida de milhões de pessoas

Por Cristina De Luca, João Ortega, Marina Hortélio e Soraia Yoshida 24/04/2021
Conteúdo

 

Com certeza. Um estudo recente da McKinsey em seis países aponta que o mercado global de bem-estar (ou wellness) está avaliado em mais de US$ 1,5 trilhão, com um crescimento anual estimado entre 5% e 10%. Já a Research Dive estima que a indústria global de saúde e bem-estar deve atingir mais de US$ 6,5 trilhões até 2026 e crescer a uma taxa composta de 4,8% – um número mais próximo da estimativa do Global Wellness Institute (GWI), que já apontava o tamanho do mercado em US$ 4,5 trilhões em 2019. A pandemia deu uma chacoalhada no setor e após o susto inicial, o que se viu foi um aumento no consumo motivado pela crença de uma saúde e bem-estar melhor ajudariam o sistema imunológico. Pelo menos 79% acreditam que o bem-estar é importante e 42% consideram que é uma prioridade, diz o estudo da McKinsey.

O mercado de produtos e serviços de bem-estar está em pleno crescimento. Nos últimos dois a três anos, os consumidores passaram a dar muito mais importância para a maneira como se sentem fisicamente, mentalmente e até espiritualmente. Porque esse é um mercado que lida com a percepção do que é bom para cada um. Todos queremos ser mais saudáveis, nos sentirmos bem, parecermos mais joviais e de bem com a vida. Quem não?

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Até mesmo por conta do apelo, há uma percepção por parte da indústria de que o “mercado está cada vez mais lotado”. Para as marcas que disputam um espaço nos corações e mentes dos consumidores, isso significa ser mais estratégico sobre onde e como colocar seu produto.

Mas para começar, o que entra na cesta do bem-estar? Um bocado de coisa, na verdade. A visão do wellness evoluiu bastante. No século 17, estava ligada apenas à saúde física. No século 18, o sentido de bem-estar incorporou questões materiais, implicando que a falta de um item para suprir necessidades básicas poderia impactar a saúde. Em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o bem-estar no reconhecimento do direito à saúde: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”. Atualmente, o conceito está relacionado à percepção da saúde nos aspectos mental, emocional, social e físico.

No dicionário, bem-estar é o estado de satisfação plena das exigências do corpo e/ou do espírito. Ou a sensação de segurança, conforto, tranquilidade. Hoje em dia, é muito comum que produtos e serviços façam exatamente essa associação: algo que faz bem para meu corpo e me traz conforto.

As empresas têm feito um bom trabalho em levar os consumidores a desenvolver novos hábitos por meio da inovação de produtos. A pandemia trouxe a necessidade de isolamento social e estimulou os consumidores a se tornarem mais conscientes em relação a sua saúde. As vendas de vitaminas e minerais explodiram nas farmácias. Nos Estados Unidos, as vendas de suplementos dietéticos foram 16,7% maiores em julho de 2020, frente a um ano, para mais de US$ 1 bilhão, de acordo com a Nielsen. Só em março de 2020, quando a epidemia bateu, a alta foi de 51,2%.

A Unilever registrou um aumento nas vendas de bebidas que contêm zinco e vitamina C, como o chá Lipton Immune Support e decidiu lançar esses produtos em todos os mercados. A Nestlé, que em 2017 comprou a companhia canadense de suplementos Atrium Innovations por US$ 2,3 bilhões, mais do que triplicou suas vendas do serviço de assinatura Persona, que atende prescrições médicas. Nos Estados Unidos, a Amway, que é líder de mercado, só detém 3,5% dessa fatia – o que significa um espaço enorme de atuação para todas as companhias com um pezinho no mercado das cápsulas de vitaminas.

Segundo a pesquisa da McKinsey, os consumidores estão mais interessados nas seguintes categorias de bem-estar:

gráfico mostra as categorias do mercado de bem-estar

 

Melhor saúde. A categoria mais tradicional associada ao bem-estar incluía antes apenas medicamentos e suplementos. Hoje os smart gadgets, dispositivos médicos, bem como rastreadores de saúde pessoal entram no balaio. A mudança de comportamento do consumidor, que decidiu se informar e cuidar da própria saúde, levou a um aumento no atendimento direcionado e orientado por dados, aplicativos para ajudar os consumidores a agendar consultas médicas ou obter as prescrições de que precisam e dispositivos que os ajudam a monitorar sua própria saúde e sintomas entre as consultas médicas.

Melhor condicionamento físico. Com a pandemia e o consequente fechamento de academias e espaços de lazer, muitos consumidores encontraram dificuldade para se manter em forma. No Reino Unido, um estudo apontou que a maioria dos consumidores treinou menos após o início dos bloqueios e muitos não voltaram aos níveis anteriores de exercícios, mesmo quando esses bloqueios foram atenuados ou suspensos. Isso não impediu empresas como Peloton, Mirror e Tonal – e aqui no Brasil Gympass, SmartFit e Performance – de criarem lives e aulas em plataformas para seus alunos. Algumas academias inclusive alugaram seus equipamentos para os associados.

Melhor nutrição. Comer bem no sentido de uma alimentação rica e saudável sempre fez parte do bem-estar. A diferença é que agora os consumidores querem alimentos não apenas saborosos, mas que ajudem a atingir determinados objetivos. A pesquisa apontou que mais de um terço dos consumidores em todo o mundo “provavelmente” ou “definitivamente” planejam aumentar os gastos com aplicativos de nutrição, programas de dieta, sucos detox e serviços de alimentação por assinatura.

Melhor aparência. Estamos falando de pele boa e com elasticidade, olhos com muito brilho e um corpo com menos gordura e mais delineado. Aqui entram as roupas voltadas para o bem-estar (o conceito athleisure, das roupas esportivas de qualidade e de marcas famosas) e produtos de beleza (como suplementos para a pele e colágeno). Uma série de ofertas orientadas a serviços para procedimentos estéticos não cirúrgicos também entram aqui: microagulhamento, lasers e jatos de oxigênio.

Dormir melhor. É uma categoria relativamente nova, mas altamente popular entre os consumidores. Quem já perdeu muitas noites de sono durante a pandemia dá valor a um bom colchão, um bom travesseiro e até mesmo roupa de cama e um pijama de qualidade. Medicamentos tradicionais para dormir, como a melatonina, agora têm companhia: rastreadores de sono habilitados para aplicativos e outros produtos que aumentam o sono (por exemplo, cortinas blackout e cobertores de gravidade). Metade dos consumidores em todo o mundo relatou o desejo de mais produtos e serviços para atender à necessidade de um sono de maior qualidade, segundo a McKinsey.

Mais mindfulness. A meditação plena se popularizou nos últimos anos e ganhou aplicativos como Headspace e Calm, além de ofertas orientadas para relaxamento e meditação, como Travaasa e Soothe. Com os relatos de aumento em problemas de saúde mental no mundo inteiro, os consumidores começaram a experimentar mais – e mais da metade afirmaram que desejam priorizar mais o mindfulness, inclusive no Brasil. Metade dos consumidores disse desejar que mais produtos e serviços mindfulness estivessem disponíveis, indicando uma oportunidade para as empresas.

gráfico mostra como os consumidores gastam em produtos e serviços de bem-estar

 

Uma saúde melhor aparece de forma consistente como a dimensão de bem-estar mais importante – e aquela com o maior nível de gastos – em todos os mercados pesquisados.

Quando se fala em gastos com produtos e serviços de bem-estar, há uma tendência de maior procura em relação aos serviços, especialmente personal trainer, nutricionistas e aconselhamento, que enfatizam a saúde física e mental.

Talvez mais do que em outros segmentos, o mercado de bem-estar está muito ligado a mudanças de mindset, atitude e comportamento. Os consumidores tendem a se enquadrar em grupos distintos, segundo a pesquisa.

  • Os entusiastas do bem-estar são consumidores de alta renda que seguem ativamente as marcas nas redes sociais, acompanham o lançamento de novos produtos e ficam entusiasmados com as inovações.
  • Os socialmente responsáveis ​​preferem marcas que são ambientalmente sustentáveis ​​e com ingredientes limpos/naturais. Eles pagam mais por isso.
  • Os consumidores preocupados com o preço acreditam que os produtos de bem-estar são importantes, mas comparam com cuidado os recursos e benefícios antes de comprar para garantir que fizeram o melhor negócio.
  • Os consumidores leais preferem seguir suas rotinas atuais e as marcas que conhecem.
  • Os participantes passivos estão pouco envolvidos com a categoria de bem-estar e não seguem ativamente marcas ou novos produtos.

 

Os entusiastas do bem-estar e consumidores socialmente responsáveis ​​são os que mais gastam com produtos e serviços. Os participantes leais e passivos gastam muito menos do que as pessoas dos outros grupos. Em todos os grupos, a motivação está ligada à compatibilidade de preço e estilo de vida. S.Y.

gráfico mostra consumo de produtos de bem-estar

 


 

Blocos de madeira formando as palavras health e wealth, com moedas em cima

Nos últimos anos, os consumidores passaram a dar muito mais valor para a maneira como se sentem física, mental e até espiritualmente

O que vai aquecer o mercado de wellness

A atenção com aspectos fundamentais da vida como alimentação, movimento, pensamento, respiração, autoconhecimento, movimentou um dos mercados mais resilientes em 2020, alimentado por muita criatividade e inovação: o do bem-estar (ou wellness).

Só no Brasil, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar teve desempenho positivo, registrando um salto no faturamento de 5,4% no 4º tri, encerrado em dezembro, e de 3,1% no ano de 2020, totalizando R$ 35,276 bilhões.

A pandemia trouxe muitos debates e novas formas de se abordar e desenvolver o mercado tradicional. Houve uma explosão no lançamento de aplicativos móveis: crescimento de mais de 400%. “Saturamos o mercado, agregando quase nada ao consumidor final”, diz Jeremias Atanazio, diretor comercial da Atnzo – Holding de franquias.

Também nos trouxe um olhar mais realista sobre finitude, saúde mental e necessidades humanas. Nos sentimos mais ansiosos, deprimidos e conscientes de que podemos ser surpreendidos, apesar de qualquer planejamento. É nesse cenário, global, que as tendências ligadas ao bem-estar vêm ganhando força, e começando a ser incorporadas por diferentes marcas.

Wellness e experiência do consumidor andam lado a lado

Como as visões de bem-estar estão em constante evolução, as empresas devem entender o mercado da perspectiva do consumidor.

Para muitos de nós, 2021 significará recuperar o que perdemos em 2020 e encontrar novas maneiras de cuidar de nós mesmos e de nossas comunidades. Em meio a essa necessidade coletiva de catarse e renovação, está surgindo uma coleção de experiências de bem-estar mais profundas e acessíveis.

“Acredito que uma grande tendência de bem-estar para 2021 é uma mudança do autocuidado para o cuidado comunitário. A pandemia expôs muitas das desigualdades e falhas sistêmicas em nossa sociedade, e começaremos a reconhecer que temos a responsabilidade de fazer algo ao nosso alcance para resolvê-las. Uma consciência crescente de que ajudar outras pessoas é na verdade o maior caminho para a felicidade”, opina Stephanie Harrison, fundadora e CEO da The New Happy.

Nesse sentido, todas as marcas deverão estar preparadas para responder ao olhar mais criterioso dos consumidores. Se eles estão se tornando ativistas, as marcas terão que acompanhar o movimento. Não por acaso, em 2020 muitos consumidores passaram a comprar de negócios e produtores locais, ao se conscientizarem da importância dos pequenos negócios na economia, na geração de empregos e na sustentabilidade. E nada indicada que esse comportamento vá mudar.

2021 promete ser um ano em que os consumidores não vão mais aceitar marcas alheias às discussões importantes. É claro que elas não vão deixar de vender e lucrar, mas elas também vão precisar passar por uma tomada de consciência e se posicionar.

Hábitos mais simples, saudáveis e naturais

Na hierarquia das necessidades humanas, nos voltamos para a base da pirâmide de Maslow. Não por acaso, setores como alimentação saudável, mercado fitness, cosméticos naturais, DIY, atendimento psicológico e roupas e mobiliário confortáveis, com propriedades antimicrobianas e antibacterianas se destacaram em 2020. E permanecerão em alta em 2021, de acordo com os pesquisadores da Well+Good.

O relatório Pinterest Predicts 2021, elaborado com base nas buscas realizadas na plataforma em todo o mundo, entre outubro de 2019 e setembro de 2020, aponta para o resgaste de hábitos mais simples e naturais.

Por exemplo, homens e mulheres estão adotando a tendência “skip-care“, lançada na Coreia do Sul, que consiste em reduzir a rotina de beleza ao uso de um pequeno número de produtos. O objetivo dessa filosofia é definir rituais diferentes e melhores, com uma quantidade menor de recursos, deixando a pele respirar e resgatando um conceito de beleza mais natural.

“Ficaremos felizes e confiantes em estabelecer uma rotina de cuidados com a pele simples e consistente que nos salvará dos danos que podemos ter causado em 2020 e salvará nossas carteiras também”, afirma Maureen McClure, cofundadora da Scratch Goods.

Isso, possivelmente, levará ao lançamento de linhas de produtos naturais e orgânicos de higiene pessoal. E, consequentemente, a uma legião de consumiodores leitores de rótulo. Aqui no Brasil a plataforma Limpp promete reforçar o movimento oferecendo tradução e análise e tradução científica de ingredientes em português. E gratuitamente.

O cuidado com a aparência seguirá também essa lógica do saudável e natural. Uma série de ofertas orientadas a serviços nesta área surgiram recentemente para procedimentos estéticos não cirúrgicos, como microagulhamento, lasers e jatos de oxigênio.

Da mesma forma, dormir melhor entra no rol de hábitos saudáveis. Os medicamentos tradicionais para o sono, como a melatonina, agora têm companhia: rastreadores de sono habilitados para aplicativos e outros produtos que aumentam o sono (por exemplo, cortinas blackout e cobertores de gravidade).

Consumidores de todo mundo têm manifestado o desejo de mais produtos e serviços para atender à necessidade de um sono de maior qualidade. Para esse fim, há uma tonelada de novos gadgets, como o robô sonífero Somnox, dicas de iluminação ambiente para reduzir a luz azul, bebidas calmantes, fragrâncias e aplicativos como o Calm.

Uma nutrição melhor sempre fez parte do bem-estar

Na opinião de Kimberly Snyder, nutricionista, fundadora da marca de bem-estar Solluna e autora de cinco livros de bem-estar, incluindo “Radical Beauty: How to Transform Yourself from the Inside Out”, haverá um aumento contínuo da alimentação consciente e intuitiva. “As pessoas continuarão a abandonar as dietas restritivas, especialmente aquelas que demonizam completamente um certo macronutriente, como os carboidratos. Também acredito que haverá um aumento no número de pessoas que abraçam os alimentos em todas as suas formas por meio da tendência de valorização da comida”, diz ela.

Significa que, agora os consumidores querem que os alimentos não apenas sejam saborosos, mas também que os ajudem a atingir seus objetivos de bem-estar. Mais de um terço dos consumidores em todo o mundo ouvidos pela McKinsey em 2020 relatam que “provavelmente” ou “definitivamente” planejam aumentar os gastos com aplicativos de nutrição, programas de dieta, limpadores de suco e serviços de alimentação por assinatura no próximo ano.

Uma forma de fazer isso é investir na nutrição ativa e a chamada Nutricional Tech, baseadas em componentes naturais e orgânicos (negócios da Biomarket, da Menuela e da Mandala).  O nicho da Nutrition Tech está focado em plataformas de personalização habilitadas por tecnologia, como a Nutrisoft Brazil e a Nutrebem. E o de nutrição ativa, em alimentação funcional, esportiva, foco da startup britânica Foodspring e das muitas empresas focadas na produção e venda de vitaminas e suplementos alimentares.

Outra forma é investir na nutrição holística, também chamada de nutrição integrativa. Os dois termos levam ao mesmo caminho: uma escolha alimentar que considera o ritmo individual de cada pessoa e, quando possível, a sincronização com o ritmo da natureza. A nutrição holística é uma abordagem muito nova e nem mesmo é considerada uma especialidade formalmente. Mas a prática acaba conversando com terapias como aromaterapia, ayurveda e fitoterapia. Em uma linha mais flexível, já temos mais movimentos que devem reforçar esta tendência por irem na contramão das dietas. É o caso do movimento “undieting”, que propõe o fim do terrorismo nutricional. Comida é prazer, é remédio, é bem-estar!

Nesse sentido tem crescido a tendência de plantar a próprio alimento. “Não há atitude mais regenerativa, autônoma e ousada do que esta”, explica Marcela Rodrigues, em reportagem para o site A Naturalissima. A boa notícia é que as inovações tecnológicas tem provado que ninguém precisa abandonar tudo e ir morar num sítio para isso (embora seja o mais necessário e desejado). Pequenos espaços podem abrigar hortas de temperos e ervas medicinais. Canteiros públicos podem engajar hortas comunitárias, fenômeno cada vez mais comuns em cidades como Curitiba e São Paulo.

Empresas que miram no futuro da alimentação, como a paulistana City Farm Brasil, por exemplo, apostam na tecnologia para trazer alimentos sem agrotóxicos para dentro da cidade. E até mesmo para dentro de cômodos fechados com luzes especiais. A tecnologia é usada para cultivar os chamados microgreens – uma febre global apontada como tendência entre os súper alimentos. Já a hidroponia possibilita plantar hortaliças diversas de forma vertical, seja num quintal, seja numa pequena sacada de um apartamento, enquanto o sonhado pedaço de terra próprio não chega para todos.

Estão em alta também os consumos de bebidas saudáveis (naturais, sem a adição de qualquer conservante, corante, aromatizante e de açúcar, livres de glúten e lactose, por exemplo) e de bebidas sem álcool. O termo “drink sem álcool” esteve entre os dez mais buscados nas plataformas de pesquisa já no final de 2020. Não à toa, pela primeira vez podemos ver a campanha “Dry January” (janeiro seco, em tradução livre”) ser mais comentada aqui pelo Brasil.

O segmento de alimentação e bebidas saudáveis também é destaque nos índices de consumo no Brasil. O setor movimenta bilhões – com notável aumento no nicho de orgânicos. Só o mercado de alimentação saudável vem experimentando um crescimento médio de 12,3% ao ano, segundo dados da Brasil Food Trends 2020.

Sem toque, sem problema

Outra tendência em alta é a do touchless. As tecnologias sem toque estão aparecendo nos ambientes, como banheiros, no mobiliário e em eletrodomésticos e eletrônicos, para ajudar a inibir a disseminação de germes, e tornar a vida mais fácil.

“A política criada para ter bem-estar disponível para todos deve levar as indústrias a inovar para soluções mais acessíveis”, comenta Susan Chung, vice-presidente de pesquisa da Sociedade Americana de Designers de Interiores, outra área bastante impactada pela tendência wellness.

Mas a tendência “sem toque” está cada vez mais presentes em outros segmentos, como os SPAs. O Índice de Bem-Estar 2021 da Mindybody descobriu que 31% dos americanos estão interessados ​​em experimentar um novo serviço sem toque.

Serviços sem toque como crioterapia, terapia de compressão, cavernas de sal, saunas infravermelhas, soro intravenoso, câmaras hiperbáricas e tanques de flutuação oferecem uma maneira de os consumidores relaxarem e se recuperarem – sem nenhum contato adicional.

As pessoas precisam de uma forma de descomprimir agora mais do que nunca, e os serviços de spa sem toque proporcionam bem-estar sem preocupações à medida que rumamos para 2021”, comenta Beth Leibovich, diretora de pesquisa da Mindbody.

Fitness em casa

As aulas de ginástica virtual vieram para ficar. A escolha da academia ou do personal trainer mais apropriado é inevitavelmente infinita. Estão aí serviços como o do Gympass, o BTFIT e apps como o Apple Fitness+ para não nos deixar mentir.

Uma escolha particular parece estar no topo da agenda: exercícios rápidos de 20 minutos. Intensos e acessíveis.  Você escolhe o tipo de treino que pode encaixar na sua vida a qualquer momento e se sentir bem depois.

Os exercícios são divididos entre aeróbicos e anaeróbicos. Os aeróbicos são atividades como caminhada, corrida, aula de dança e outras modalidades. Já os anaeróbicos são atividades como musculação e ginástica, pois exigem força, frequência e resistência para queimar gordura.

De acordo com o relatório Mintel Trend, a casa está se tornando o centro do bem-estar. El virou refúgio de pequenos cuidados, prazeres, encontros e descanso. As marcas têm a oportunidade de posicionar os rituais e as rotinas domésticas como componentes centrais do autocuidado – usando a base da casa como um lugar para desordenar e desestressar.

E, por fim, ferramentas de saúde personalizadas

O bem-estar cada vez mais associado à prevenção da saúde. O objetivo de viver uma vida longa e saudável fundamenta os regimes de saúde do dia a dia tem levado as pessoas a buscar apoio externo para atingir esses objetivos. Os serviços / plataformas de saúde podem ajudá-las a se sentirem no controle de suas aspirações de bem-estar, fornecendo percepções de saúde individualizadas, além de representar nuances no bem-estar do consumidor, como os estágios da saúde da mulher.

Por exemplo, o Fitbit Sense coleta e analisa a temperatura da pele, oxigênio no sangue, frequência cardíaca, atividade eletrodérmica e ciclos REMs para otimizar a saúde do consumidor e gerenciar melhor o estresse, o sono, a saúde cardíaca e os exercícios.

O dispositivo vestível e o app conectado Whoop coleta dados fisiológicos para fornecer aos usuários uma compreensão granular de seu corpo. Análises diárias são fornecidas para informar os padrões ideais de sono, tempos de recuperação e nível de esforço físico mental e físico.

Metade dos adultos ouvidos pela Minitel para a sua pesquisa anual de tendência diz ter obtido maior controle sobre sua saúde. Esse desejo recém-descoberto de auto-priorização não vai desaparecer à medida que as rotinas se normalizam lentamente. Os adultos buscarão maneiras simples de priorizar suas necessidades de saúde no dia a dia, como implementar uma estratégia de prevenção de doenças ou encontrar pausas ao longo do dia.

Em resumo

Quando se trata de saúde e bem-estar, muitos consumidores agora valorizam a personalização mais do que há alguns anos. A demanda por produtos naturais e “limpos” está crescendo continuamente. Canais digitais e sociais estão se tornando mais influentes. E os consumidores estão cada vez mais procurando por serviços relacionados ao bem-estar, não apenas produtos.

São oito as dimensões fundamentais em que conceitos de bem-estar podem ser aplicados.

Bem-estar físico: há vários benefícios de praticar atividade física, e estes são contemplados pelo wellness. Se exercitar é vital para manter uma boa saúde física, e quando se identifica que algo pode estar errado com o corpo, é determinante procurar por auxílio médico, de modo a eliminar essa dúvida e proceder com eventuais tratamentos.

Bem-estar intelectual: relacionado à manutenção de uma mente aberta ao encontrar ideias e conhecimentos novos. Destaca também a importância de participar de atividades culturais, escolares e junto com sua comunidade, o que contribui para o desenvolvimento do intelecto.

Bem-estar espiritual: instituição de um conjunto de valores que te auxiliam na procura de um sentido e um propósito para a vida. Sua representação pode vir de várias maneiras, como religião ou relaxamento, e estar bem espiritualmente é sinônimo de entender quais recursos podem ser usados para lidar com as situações cotidianas.

Bem-estar emocional: está diretamente ligado à compreensão dos seus sentimentos e ao fato de ter que lidar com o stress. Para seu melhor desenvolvimento, deve-se prestar atenção aos cuidados próprios, ao relaxamento e à redução de stress do dia a dia, além de buscar aprender e crescer com cada experiência.

Bem-estar financeiro: relacionado com o processo de aprendizagem de como gerenciar as despesas. O dinheiro é importante no dia a dia, e saber lidar bem com ele é ainda mais importante do que ter uma grande quantia. Deve-se tomar cuidado para que os bens materiais não sejam um motivo de cansaço, ansiedade e nervosismo.

Bem-estar ambiental: diz respeito à instituição de um estilo de vida que respeite o que está ao nosso redor, em especial a natureza, bem como a ações que visam protegê-la. Passar a se preocupar mais com o meio ambiente e sua preservação já é uma forma de desenvolver essa dimensão.

Bem-estar social: referente à qualidade que deve existir nos relacionamentos interpessoais. Essa dimensão não diz respeito apenas aos amigos, família e colegas, mas também a relacionamentos amorosos.

Bem-estar ocupacional: ligado a aproveitar seus esforços ocupacionais e também a apreciar as contribuições oferecidas no trabalho. Tal dimensão do bem-estar tem o objetivo de incentivar a satisfação pessoal e o enriquecimento que o trabalho traz à vida.

Na busca constante pelo bem-estar, é comum que o consumidor vá atrás de itens de cuidado com o corpo, exercícios físicos, produtos de skincare e de cuidados com o sono, sessões de terapia, ioga e até meditação. Mas há ainda uma nona dimensão, que só agora começa a ser explorada: o bem-estar sexual.

O tema atraiu mais olhares – e dinheiro – durante o isolamento social, quando foram criadas diversas sextechs. Agora, grandes empresas de outros nichos se juntam a essas startups para impulsionar o mercado e marcar presença no assunto.

Em todas essas dimensões, há muito negócios a serem explorados. Lá fora, grandes players do segmento incluem EXOS, Wellness Corporate Solutions, ComPsych, Provant Health Solutions, Virgin Pulse, Marino Wellness, Vitality Group, Wellsource e a Central Corporate Wellness.

De fato, esse é um mercado em franca expansão, de acordo com o mais recente relatório de tendências do Global Wellness Institute.

Eles também apontam dados curiosos. Por exemplo:

  1. Hollywood e as indústrias de entretenimento estão abraçando as narrativas do bem-estar.
  2. O aumento da imunidade tronou-se uma obsessão do consumidor. Razão pela qual o consumo de superalimentos e suplementos seguirá sendo uma tendência em alta.
  3. A respiração vai do bem-estar woo-woo a uma saúde poderosa também. A oferta de lugares, técnicas e tecnologia que auxiliem no trabalho de respiração é um negócio promissor.
  4. E o bem-estar financeiro está encontrando sua voz. A terapia financeira é o novo must. C.D.L.

 


 

Luciana Coen, executiva da SAP Brasil, posa para foto com uma camisa roxa em um escritório

Luciana Coen é diretora de comunicação e responsabilidade social da SAP Brasil

Na SAP Brasil, bem-estar é essencial no sucesso do colaborador

O que define o sucesso dos colaboradores sob a perspectiva do empregador? Por décadas, progressão na carreira dentro da empresa e alto salário foram os padrões que indicavam qual funcionário seria considerado bem-sucedido. Com a transformação cultural do mercado de trabalho, cada vez mais o bem-estar se torna prioridade em uma jornada de sucesso.

A empresa de software SAP Brasil adota estratégias para promover o bem-estar da em três pilares: físico, mental e espiritual. Desde 2018, a companhia tem um programa global de apoio ao bem-estar chamado “Mental Health Matters”.

Segundo Luciana Coen, diretora de comunicação e responsabilidade social da SAP Brasil, a organização buscava se livrar dos estigmas relacionados à saúde mental no ambiente corporativo. “Não queríamos ser uma empresa que começa a falar de saúde mental depois que os colaboradores estão tendo burnout. A ideia era exatamente se antecipar a isso. A gente já falava de saúde mental antes da Covid-19. Então, quando começou a pandemia, as pessoas já sentiam que poderiam se abrir em relação às dificuldades daquele momento”, revela a executiva em entrevista exclusiva.

O projeto visa criar uma cultura corporativa em que as pessoas possam chorar no trabalho, dizer que não estão bem emocionalmente, sem precisar mentir sobre este tema. “Aqui tem gente muito forte, competente e vulnerável”, diz Luciana Coen. “Mas se o líder não abrir para sua vulnerabilidade, o restante não vai também. É uma cultura que vem de cima”.

“Um VP de vendas deu um depoimento afirmando que é a primeira empresa em que ele trabalha onde não tem vergonha de dizer que uma reunião precisa acabar em determinado horário porque ele tem terapia. Não há espaço para piadinhas sobre saúde mental”, afirma a executiva. “A partir desse relato, a área de vendas começou a mudar nesse sentido”.

A SAP global apoia-se em um estudo que reúne dados das consultorias Gallup, Soma e Mercer, ao qual a The Shift teve acesso. Segundo o material, 95% da força de trabalho que precisou faltar por conta de um problema de saúde mental mentiu sobre a razão da abstenção. Isso comprova o estigma vigente no mercado de trabalho em relação ao tema da saúde mental.

Por outro lado, empresas que têm no bem-estar de modo geral uma prioridade na cultura corporativa apresentam lucro três vezes maior, equipes oito vezes mais engajadas e 300% mais produtivas do que as demais. Além disso, há uma redução de 25% em custos relacionados ao absenteísmo e 41% em custos de saúde dos funcionários. “O bem-estar dos funcionários tem tudo a ver com produtividade, com redução de absenteísmo e melhoria de clima organizacional”, resume Luciana Coen.

Sucesso do colaborador

De acordo com a executiva da SAP Brasil, o sucesso do colaborador, hoje, está associado a: ter um ambiente inclusivo com o mais absoluto respeito; comunicar a estratégia de forma clara para que todo mundo saiba para onde a organização está indo; ter uma liderança em que os colaboradores confiam.

Nesse sentido, diversidade e inclusão são fatores essenciais para um ambiente de respeito e, portanto, do bem-estar e sucesso de toda a equipe. “Ter diversidade e inclusão significa que cada um pode ser mais autêntico. Em uma cultura heteronormativa, uma pessoa LGBTQIA+ dificilmente vai entrar em uma roda de conversa no trabalho e falar sobre um namorado que seja do mesmo gênero, por exemplo. Se alguém não estiver à vontade para ser autêntico, e se sentir excluído, isso vai influenciar no trabalho, na saúde mental e no bem-estar dessa pessoa ali dentro”, exemplifica Luciana Coen.

Se o bem-estar está relacionado a aspectos de saúde mental, física e espiritual, mensurar este conceito torna-se um desafio. E, por consequência, também é difícil encontrar indicadores que ajudem na tomada de ação para buscar o sucesso das equipes. Por isso, a SAP Brasil conta com um ecossistema de soluções, tanto para o RH quanto direto ao colaborador, que ajudam a medir e tomar ações relacionadas ao bem-estar. Conheça algumas das ferramentas:

  • Pesquisas trimestrais com os funcionários sobre saúde mental;
  • “Micropesquisas” durante reuniões e eventos virtuais, “de onde surgem as informações mais valiosas”, segundo Luciana Coen;
  • Qualtrics: plataforma de gestão de experiência de onde tiram diversos indicadores de bem-estar;
  • Employee Assistance Program (EAP): telefone que o funcionário pode ligar para resolver qualquer coisa, desde uma questão jurídica, uma questão de relacionamento dentro ou fora da empresa, até uma sessão de terapia. Não é um acompanhamento contínuo, mas algo pontual. E a partir dos temas que surgem com maior frequência no EAP, a empresa consegue tomar ações;
  • Thrive: aplicativo que gamifica ações para uma rotina mais voltada a hábitos de bem-estar (meditação, respiração. exercício físico, sono, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, etc);
  • Vittude: serviço que oferece sessão de terapia para funcionários e familiares dos funcionários, e também palestras para os colaboradores sobre saúde mental
  • Gympass: plataforma que permite fazer atividade física em milhares de academias e estúdios com uma assinatura;

Retorno ao escritório?

É claro que o mundo todo se anima com a possibilidade de que, em meses ou anos, os esforços da ciência e da saúde pública levarão a sociedade a superar a pandemia de vez. No entanto, os problemas de saúde mental que foram desencadeados nesse período ainda vão perdurar mesmo se o vírus tornar-se obsoleto.

No período de retorno às atividades em escritório, ainda que de forma híbrida e gradual, será necessário ficar ainda mais atento ao bem-estar dos colaboradores. Para Luciana Coen, as lições que foram aprendidas no início da pandemia valerão para este período que virá. “

A SAP não volta como era antes. Nunca mais”, explica a executiva. “Flexibilidade é a palavra de ordem para o momento pós-pandemia, quando ele chegar. Somos formalmente flexíveis. Os funcionários passaram a performar melhor quando conseguimos integrar o trabalho na vida dele, da forma que funciona melhor para cada um, e isso vai continuar”.

“O segredo do sucesso na saída da pandemia será o mesmo da entrada: ser transparente. Tomar as decisões ouvindo as pessoas. Lá no começo, abrimos para os colaboradores que a liderança também se sentia insegura, vulnerável e que não sabíamos o que iria acontecer. Até hoje, mantemos um comitê de pandemia que pensa todos os dias em estratégias para melhorar o bem-estar dos funcionários”, completa Luciana Coen. J.O.

 


 

Mulher realiza yoga dentro de uma sala fecha e em um tapete específico para a prática

Fazer yoga pode trazer felicidade e empresas oferecem aulas online dessa atividade

5 atividades que podem colaborar para o bem-estar

As pessoas vivem em uma busca constante pelo bem-estar. Esse comportamento é evidenciado pelo tamanho do mercado global de wellness, que está avaliado em mais de US$ 1,5 trilhão, segundo a McKinsey. Outro fato é que a pandemia trouxe uma sensação de mal-estar para muitos, que implica na redução da motivação e do foco. O New York Times deu nome a esse sentimento: definhamento. No artigo, o professor de gestão e psicologia na Universidade da Pensilvânia, Adam Grant, explica que se trata de uma percepção de vazio e estagnação. Essa pode ser a emoção dominante em 2021.

O cenário implica dificuldades, mas atividades podem ajudar a melhorar a sensação de bem-estar. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), por exemplo, lista cinco passos para o bem-estar mental. Nesse contexto, a The Shift relacionou cinco atividades que podem colaborar para te fazer se sentir melhor, segundo a ciência.

Música
Estudos mostram que a música melhora o humor, facilita interações sociais, promove movimento (o que pode ajudar a fazer exercícios) e até mesmo auxilia na recuperação de doenças e lesões cerebrais. Todos esses pontos são benéficos para a saúde do cérebro e mostram que escutar canções aumenta a sensação de bem-estar.

Uma pesquisa feita em 2020 pelo grupo AARP com mais de 3 mil adultos nos Estados Unidos apontou que quem se envolve com música é mais propenso a classificar sua saúde geral, cerebral e suas funções cognitivas como “excelentes” ou “muito boas”. Além disso, o estudo indica que escutar música possui um efeito pequeno, mas positivo no bem-estar mental e nos sintomas de ansiedade e depressão.

A música também é uma grande aliada do relaxamento e pesquisadores do instituto britânico Mindlab International relacionaram as 10 músicas mais relaxantes do planeta. A ganhadora foi “Weightless”, da banda Marconi Union, que conseguiu reduzir em 65% o nível de ansiedade dos participantes do teste. Uma playlist completa feita com base nesse estudo está disponível no Spotify.

Aprendizado
Há quem acredite que o dinheiro é a chave para a felicidade, mas um estudo realizado pelos pesquisadores Bastien Blain, da University College London (UCL), e Robb B Rutledge, da Universidade de Yale, indica que o aprendizado pode ter um papel mais duradouro e significativo nesse sentimento de bem-estar.

A ideia se baseia nos erros de previsão de recompensa: quando existe uma diferença entre o retorno esperado e o que realmente ocorre. Ou seja, quando a recompensa ultrapassa as expectativas, as pessoas ficam mais felizes. Os pesquisadores explicam que esse erro tem um papel fundamental no aprendizado. Após testar cenários em que os voluntários da pesquisa recebiam prêmios aleatórios ao acertar qual carro iria ganhar uma corrida, os estudiosos perceberam que a felicidade causada pela vitória não dependia do tamanho do prêmio, mas de quão surpresos os voluntários ficavam em ganhar.

Segundo a pesquisa, os resultados sugerem que como aprendemos sobre o mundo que nos cerca pode ser mais importante para a forma como nos sentimos do que as recompensas que recebemos diretamente. No mundo real, as recompensas não são frequentes, mas o aprendizado tem o potencial de aumentar a felicidade, acrescenta o estudo. De acordo com os pesquisadores, isso fica claro pela preferência das pessoas por jogos desafiadores que podem ser dominados.

Quem está em busca de novos conhecimentos pode encontrar diversos cursos nos sites EdX, Coursera, Udemy e Hotmart. Conhecido como o curso mais popular de Harvard, o “CS50: Introduction to Computer Science” está disponível gratuitamente no EdX e na Fundação Estudar.

Dormir
Passar a noite em claro afeta suas emoções. Um estudo realizado pelo professor de Neurociência e Psicologia da Universidade de Universidade da Califórnia em Berkeley e diretor do Centro para a Ciência do Sono Humano (Center for Human Sleep Science, em inglês), Matt Walker, analisou o grau de reatividade da amígdala em pessoas que dormiram e outras que passaram a noite acordadas. Em um TED Talk sobre o tema, o estudioso explica que essa estrutura cerebral é uma das regiões mais importantes para a geração de fortes reações emocionais.

O estudo apontou que a amígdala estava quase 60% mais responsiva em pessoas que não dormiram do que naquelas que tiveram a noite de sono. Outro ponto é que a comunicação da amígdala com a estrutura que a controla, o córtex pré-frontal, foi praticamente cortada em quem não dormiu. Esse conjunto de fatores parece ser o motivo pelo qual a integridade emocional das pessoas é afetada quando não estão dormindo bem, o que as deixa menos contidas.

A gratidão pode ser uma forma de dormir melhor. Os pesquisadores da University College London, Jennie Brown, Amy Ronaldson, Andrew Steptoe e Marta Jackowska, que também é da University of Roehampton, realizaram um estudo em que mulheres jovens escreviam diariamente sobre o que eram gratas e o que ocorreu no dia. Após duas semanas, a qualidade do sono das participantes que realizaram o diário melhorou, o que também ajudou a aumentar o bem-estar e o otimismo, além de reduzir a pressão arterial.

A revista Self, que integra o conglomerado Condé Nast, publicou uma lista de 13 aplicativos para manter um journal. Na App Store da Apple, o aplicativo “Jour: seu diário pessoal” aparece na posição 59 da lista de saúde e fitness; já o app “Daylio Diário” está na classificação 72 na categoria de estilo de vida. Ambos são os aplicativos para essa funcionalidade mais bem ranqueados nas listas.

Mindfulness
O Mindfulness auxilia o processo de compreensão pessoal e do mundo. Um estudo de 2013 do Massachusetts General Hospital apontou que o programa MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction) pode ter efeitos positivos nos sintomas de ansiedade em pacientes com Transtorno de Ansiedade generalizada, além de melhorar a reatividade ao estresse e ajudar a lidar com essa sensação de angústia. O resultado se baseia em testes realizados com indivíduos com o transtorno que participaram de um programa de oito semanas de MBSR.

A meditação mindfulness também é capaz de reduzir o preconceito racial e de idade implícitos. Pesquisadores da Central Michigan University, Bryan Gibson e Adam Lueke, que agora está na Ball State University, realizaram dois estudos. No primeiro, os participantes escutaram áudios e participaram de um Teste de Associação Implícita. Aqueles que ouviram o áudio de mindfulness apresentaram menos preconceitos do tipo devido ao enfraquecimento de associações ativadas automaticamente.

No estudo seguinte, os voluntários participaram de um jogo no qual interagiam com indivíduos de diferentes raças em uma simulação e teriam que decidir o quanto confiavam na outra pessoa para lidar com o seu dinheiro. Os resultados apontam que quem escutou um áudio de mindfulness antes do teste exibiu, de forma significante, menos discriminação dos que os grupos de controle.

Aplicativos podem ser aliados no processo de praticar mindfulness. Segundo pesquisa de um grupo da Queensland University of Technology, o Headspace recebeu a nota 4 de 5 na Escala de classificação de aplicativo móvel e foi o ganhador entre os 23 apps de Mindfulness analisados pelo estudo. Na App Store da Apple, o aplicativo Calm está no 3º lugar da lista de saúde e fitness, sendo o produto do tipo mais bem posicionado.

Exercício
Se exercitar traz benefícios para a saúde corporal e mental.  Um estudo publicado em 2018 na Mayo Clinic Proceedings aponta que pessoas que fazem exercícios com mais interação social, como os que são jogados em duplas ou times, vivem mais do que aquelas que fazem esportes solitários. O ganhador foi o tênis, que adicionou 9,7 anos na expectativa de vida. Já as atividades de centros de saúde, como academias, só adicionaram 1,5 anos. O estudo foi baseado em dados de cerca de 8,5 mil adultos que integraram o Copenhagen City Heart Study.

Fazer yoga pode trazer felicidade. Uma pesquisa de estudiosos da National Institutes of Health, dos EUA, aponta que os praticantes de yoga tiveram menos declínio de massa cinzenta em regiões do córtex envolvidas em experiências positivas, como alegria e felicidade. A conclusão é que a prática regular de yoga pode ter efeitos neuroprotetores contra a redução de massa cinzenta com o envelhecimento. Empresas, como o studio YogIN App, oferecem aulas online de yoga, inclusive com classes ao vivo.

Entretanto, um estudo brasileiro, das universidades do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), da Federal do Ceará (UFCE) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), descobriu que os sedentários que passaram a se exercitar com a quarentena apresentaram piores níveis de bem-estar emocional (22%) do que os que sempre fizeram atividade. Quem já praticava exercícios regularmente mas aumentou a intensidade dessas atividades também registrou baixos índices de bem-estar emocional (26%). Os pesquisadores ressaltam que mudar drasticamente a rotina e os hábitos da antes da quarentena pode ter sido o gatilho para mais ansiedade. M.H.

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