As empresas brasileiras entram em 2026 enfrentando um cenário paradoxal. De um lado, uma grande pressão sobre a TI para entregar eficiência, segurança e velocidade. De outro, uma estrutura organizacional ainda bastante desalinhada das ambições digitais. Potencialmente, não vai faltar verba: 60% das companhias projetam crescimento no orçamento de TI, sendo que 37% esperam aumento de até 10% e 23% acima de 10%.
Essa é a principal leitura do estudo IT Trends Snapshot 2025, realizado pela Logicalis em parceria com a consultoria Stratica, que ouviu 129 executivos de tecnologia de empresas brasileiras e capturou o paradoxo da transformação digital, vivido por CIOs e líderes de negócio. O estudo revela um Brasil corporativo em transição, desejando um modelo mais eficiente, seguro e orientado por dados, mas ainda preso a barreiras estruturais (dados desorganizados, por exemplo) e culturais que limitam a captura de valor real com IA e automação.

Do ponto de vista de prioridades do negócio, a busca por eficiência operacional é citada por 67% dos entrevistados e encabeça a lista de prioridades pelo segundo ano consecutivo. Outro destaque é a ascensão da experiência do cliente: como segunda prioridade da lista, citada por 59% das empresas, ela passa a definir estratégias de retenção, fidelização e aumento de receita. No estudo do ano passado, estava em quarto lugar. Em terceiro lugar, por conta de um ambiente macroeconômico instável, estão ações para automatizar processos, reduzir custos e transformar/otimizar processos críticos de negócio preexistentes. Acelerar a jornada de transformação digital ficou em quarto lugar, com 41% das citações.
A segurança da informação, por sua vez, continua dominando a agenda. O avanço de ameaças baseadas em IA, como deepfakes, phishings hiperpersonalizados e agentes maliciosos automatizados, ampliou o senso de vulnerabilidade. O levantamento mostra que 80% das empresas colocam segurança no topo das prioridades tecnológicas, o maior índice desde o início da série histórica. Mesmo assim, a estrutura interna ainda é insuficiente: apenas 29% contam com um CISO dedicado e somente metade possui um SOC para monitoramento contínuo. O resultado é um modelo de proteção fragmentado, caro e difícil de operar, dividido entre organizações que apostam em múltiplas soluções de nicho e aquelas que preferem plataformas integradas.

Se a segurança sobe, a Inteligência Artificial avança, mas ainda sem a maturidade necessária. O estudo mostra que 70% das empresas investem em IA mais por pressão competitiva do que por estratégia clara. Para 87% dos CIOs, o impacto da tecnologia depende mais da cultura interna do que da própria ferramenta. E isso se traduz em números: só 29% conseguiram medir ganhos concretos de produtividade decorrentes de IA. A maior parte das iniciativas está concentrada em usos individuais e pouco estruturados, como copilotos, chatbots e automação limitada de processos. Governança de IA, um tema sensível diante das novas regulações e do risco crescente de shadow IT, simplesmente não existe para 74% das empresas.
Outro ponto crítico está na infraestrutura para IA. A nuvem domina amplamente — 63% das empresas executam seus modelos fora de casa. O investimento em ambientes próprios ainda é visto como caro, complexo e, sobretudo, desnecessário, considerando que a maioria dos projetos não é considerada crítica para o negócio. Enquanto isso, áreas como low-code, automação e integração de dados ganham prioridade, substituindo big data e analytics como motores da modernização organizacional.
O retrato final é o de um Brasil corporativo em transição. As empresas sabem onde precisam chegar — eficiência, segurança, experiência e impacto real de IA —, mas ainda enfrentam dificuldades estruturais, culturais e técnicas para conectar estratégia e execução. A fragmentação de ferramentas, a falta de governança e a pressão crescente por resultados mensuráveis criam um cenário de alto risco, mas também de oportunidade.
O estudo aponta um caminho claro: simplificar arquiteturas, fortalecer políticas de IA responsável, integrar segurança à estratégia de negócio e promover uma cultura que veja tecnologia como alavanca. CIOs que conseguirem equilibrar governança, inovação e impacto serão os protagonistas da próxima fase da transformação digital brasileira, marcada não pela promessa da tecnologia, mas pela sua capacidade real de gerar valor.
Estudo revela empresas desejando um modelo mais eficiente, seguro e orientado por dados, mas ainda presas a barreiras estruturais e culturais que limitam a captura de valor real com IA
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