Não bastasse a quantidade de serviços de streaming de filmes e séries concorrendo pela carteira e atenção do consumidor, mercados alternativos de streaming compõem uma tendência em ascensão. Os modelos de negócio são diversos, desde assinaturas para consumo ilimitado “a la Netflix” até baseado em anúncios. Mas, em análise final, estão disputando uma mesma carteira limitada e, principalmente, um tempo escasso dos clientes.
O segmento das transmissões esportivas via streaming é um dos mais relevantes hoje no ecossistema. Esta indústria era avaliada globalmente em US$ 11 bilhões há dois anos, com projeções de crescimento de 15% ao ano, ultrapassando os US$ 15 bilhões em 2021. De acordo com Esteban Raffo, Head de Digital Media da Turner – dona da plataforma de streaming esportivo EI Plus – o grande diferencial deste setor é entregar valor em transmissões ao vivo.
“O Ei Plus, e qualquer outra plataforma digital, concorre mais do que pela carteira, mas sim pelo tempo do cliente, que é algo ainda mais valioso”, afirma o executivo em entrevista exclusiva. “Quanto melhor a plataforma apresentar o valor de seus conteúdos, maior será a probabilidade do usuário optar por passar uma tarde acompanhando uma partida do Neymar, do Messi, ou do Cristiano Ronaldo ao vivo, ao invés de assistir a um filme, série, ou qualquer outra opção de entretenimento a que possa assistir em outro momento”.
Por outro lado, Raffo vê a pulverização deste mercado como algo natural. “Concentração de conteúdos em uma única plataforma é algo muito improvável. Os custos dos direitos esportivos, e a complexidade dos contratos, com muitas novas opções comerciais sendo descobertas por clubes e federações, tornam essa fragmentação um caminho inevitável”, explica. “Em primeira análise, isso faz o acesso ao conteúdo ser mais difícil para o fã, que se acostumou a acompanhar os esportes na mesma plataforma, a TV. Mas, no médio-prazo, teremos mais opções de customização para o usuário e uma democratização do acesso”.
Nos EUA, 57% da audiência de esportes em serviços de streaming buscam transmissões que não estão na televisão. Já 38% veem o preço como fator essencial, pois uma assinatura digital única ainda é mais barata que a televisão à cabo ou à satélite no país.
Hoje, o EI Plus disputa diretamente com a Globo, que aposta no potencial do Premiere FC no ambiente digital, e a DAZN, startup que surgiu em 2015 e chegou ao Brasil no ano passado. No entanto, os gigantes globais de tecnologia estão entrando aos poucos no universo do streaming esportivo. Amazon, YouTube, Facebook e Twitter já adquiriram direitos exclusivos de transmissão de esportes ao vivo.
Outro setor que cresce no streaming, especialmente durante a pandemia, é o de educação. Assistir a aulas em vídeo sem precisar fazer downloads já é uma tendência que vem dos primórdios do YouTube, mas plataformas focadas neste serviço estão crescendo no Brasil. “Ao longo do tempo, nos deparamos com o que chamamos de ‘efeito Netflix’”, diz Adriano Mussa, diretor de Inteligência Artificial na Saint Paul Escola de Negócios.
Ele é um dos criadores da LIT, uma plataforma digital de streaming educativo. “A tecnologia nos ajuda a tal ponto que hoje conseguimos oferecer na LIT o conteúdo equivalente a 15 MBAs, cobrando até 30 reais por mês”. No Brasil, a iped.tv é outro player que aposta em uma assinatura única para acesso ilimitado a conteúdos educacionais.
Um modelo de negócio interessante é a associação do streaming ao e-commerce. Esta é uma tendência que vem ganhando força na China há alguns anos. “É a intersecção entre vendas e entretenimento. Vejo isso como a digitalização da maneira como realmente fazíamos compras. Conteúdo e comércio em um mesmo lugar”, explica Jeffrey Towson, professor da Universidade de Pequim e especialista no ecossistema de tecnologia chinês.
Este formato chegou ao Brasil e os primeiros casos de uso estão aparecendo no mercado. Nesta Black Friday, os varejistas Magazine Luiza e Lojas Americanas organizaram lives na rede para promover o festival de descontos. Para se ter uma ideia do potencial, este tipo de streaming deve movimentar US$ 157 bilhões só na China em 2020.
5G e Inteligência Artificial são duas tecnologias que, combinadas, podem elevar o streaming para outro nível. Por exemplo, com IA associada à câmera do smartphone, é possível acompanhar o movimento dos olhos do usuário. Isso significa ter dados tão específicos quanto qual ponto da tela chama mais atenção do consumidor, e assim melhorar a experiência do e-commerce no streaming.
O 5G, aliás, é apontado por especialistas como a chave para abrir mais uma fronteira do streaming: o cloud gaming. A indústria dos games já é altamente integrada ao streaming em vídeo, inclusive com uma comunidade 7,5 milhões de jogadores que assistem e transmitem partidas pelo Twitch. Agora, a tendência é que o streaming esteja presente no próprio ato de jogar, com plataformas em nuvem a que o jogador acessa direto pela rede, sem downloads.
Esta é uma tendência certa: nos próximos três anos, a expectativa dos analistas é de que o mercado global de cloud gaming cresça de US$ 500 milhões para quase US$ 5 bilhões em 2023. Não à toa, Amazon, Microsoft, Nvidia, Facebook, Sony, Apple e Google são algumas das empresas lançando plataformas de streaming para jogar na nuvem. Conectividade é o grande desafio a ser superado, e por isso o 5G surge como uma tecnologia revolucionária para o setor.
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