Enquanto os pagamentos globais se tornam mais simples para os usuários, os sistemas se tornam mais complexos por dentro, envolvendo mais tecnologia e complicados arranjos para operar com sistemas legados. A promessa de pagamentos seguros, simples, rápidos, baratos e onipresentes, como coloca um relatório da McKinsey, ainda que cumprida em grande parte, bate de frente com um mercado que pode estar atingindo sua maturidade – o que implica um crescimento mais lento, conforme um estudo do BCG.
O setor global de pagamentos movimentou 3,4 trilhões de transações em 2023, gerando US$ 1,8 quadrilhão e uma receita de US$ 2,4 trilhões, de acordo com o "Global Payments Map", da McKinsey. As receitas cresceram 7% ao ano de 2018 a 2023, puxadas pela digitalização das transações e taxas de juros elevadas. No entanto, a análise da consultoria aponta para uma desaceleração no crescimento para 5% ao ano até 2028, resultando em uma receita adicional de US$ 700 bilhões e um total de US$ 3,1 trilhões.
Crescimento dos Pagamentos Instantâneos
Os pagamentos instantâneos (em tempo real) têm uma boa parcela de influência nesse crescimento. Governos, bancos centrais e fintechs estão colaborando para modernizar os pagamentos, utilizando tecnologias como ISO 20022, carteiras digitais e códigos QR para simplificar os pagamentos em várias regiões. Simplificar significa tornar a tecnologia mais acessível e, portanto, puxar o crescimento.
- Aumento global de volume: Os pagamentos instantâneos alcançaram 266,2 bilhões de transações globalmente, com um crescimento de 42,2% ano a ano. Esse volume deve mais que dobrar até 2028, atingindo 575,1 bilhões de transações, de acordo com o “Prime time for real-time global payments report”, da ACI Worldwide, empresa de software de pagamentos em tempo real.
- O que puxa o crescimento: Segundo o estudo, a expansão é puxada por carteiras digitais, códigos QR e maior demanda dos consumidores por pagamentos mais rápidos.
- Adoção de Carteiras Digitais: Há uma forte correlação entre o crescimento dos pagamentos instantâneos e o uso de carteiras digitais. Em 2023, 91% dos consumidores globais usaram carteiras digitais, de acordo com a ACI.
- Players de destaque: Brasil e Índia aparecem com destaque em vários relatórios, por conta do PIX e do UPI indiano. Segundo a McKinsey, 37,4 bilhões de transações via PIX foram feitas no Brasil e 129,3 bilhões de transações via UPI na Índia. Segundo dados da GlobalData e ACI Worldwide, o Brasil já é o segundo maior mercado de pagamentos instantâneos no mundo, com 14% de todas as transações globais, atrás somente da Índia, que representa 49% das operações. No ranking, ainda aparecem a Tailândia (8%), a China (7%) e a Coreia do Sul (3%).
- Inclusão financeira: Índia e Brasil estão usando pagamentos em tempo real para aumentar a inclusão financeira. O sistema UPI da Índia, combinado com esforços governamentais, representa 53,4% de todas as transações do país. De acordo com a ACI, o Brasil é o país que mais cresce na adoção do pagamento instantâneo: são mais de 150 milhões de cadastrados. Cada brasileiro fez, em média, 19 transferências via PIX por mês no ano passado. A estimativa é que esse número salte para 56,8 em 2028.
Fatores comuns de sucesso
- Colaboração: Iniciativas lideradas por governos, juntamente com bancos centrais, fintechs e provedores de pagamentos, são essenciais para o sucesso dos pagamentos instantâneos. O UPI na Índia e o PIX no Brasil mostram como a colaboração entre as partes interessadas pode levar a uma rápida adoção.
- Incentivos para Comerciantes: Para ampliar a adoção, a Índia removeu taxações para comerciantes nos pagamentos instantâneos, aumentando significativamente a adoção por comerciantes. No Brasil, o desenho do PIX foi pensado para atrair pequenos comerciantes e microempreendedores desde o início.
- Inovações fáceis de usar: Pagamentos com códigos QR e aplicativos móveis facilitam os pagamentos instantâneos para compras diárias, transporte, contas e serviços.
Pagamentos instantâneos: Oportunidades de crescimento
- Pagamentos em lojas: O Brasil e a Índia estão expandindo os pagamentos em tempo real para transações em lojas físicas, onde as taxas de crescimento são elevadas. No Brasil, espera-se que os pagamentos em lojas cresçam a um CAGR de 36,3% de 2023 a 2028.
- Expansão transfronteiriça: Com mais países implementando pagamentos instantâneos entre fronteiras, regiões como América Latina, África e Sudeste Asiático devem se beneficiar do aumento do comércio e das remessas. O UPI na Índia e o DuitNow na Malásia estão criando novos corredores de pagamentos entre países como Malásia, Indonésia, Singapura e Tailândia. A expectativa é que o mercado de pagamentos transfronteiriços alcance US$ 65 trilhões até 2030, a partir da transformação digital e pela demanda por remessas internacionais mais rápidas e baratas.
- Redução no uso de dinheiro: A utilização global de dinheiro diminuiu para 80% dos níveis de 2019 e continua a cair 4% ao ano, de acordo com a McKinsey. A consultoria projeta um declínio contínuo no uso de dinheiro em mercados como Japão e Estados Unidos, enquanto outros relatórios mencionam a aceleração dessa transição em mercados emergentes.
Pagamentos digitais: O que é importante para ficar de olho
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