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ECONOMIA DIGITAL

As duas faces da gig economy

De um lado, trabalhadores informais recorrem a plataformas de delivery por necessidade. Do outro, profissionais qualificados buscam maior flexibilidade. Como garantir direitos a todos?

Por João Ortega 29/09/2020

O mês de julho deste ano foi marcado em grandes cidades brasileiras pelo movimento “Breque dos Apps”, formado por entregadores de aplicativos. Foram uma série de paralisações nacionais reivindicando segurança, transparência, fim do ranqueamento de motoristas e maior remuneração. As manifestações marcam o ponto de fervura do complexo caldeirão da gig economy, mercado de trabalho informal da economia digital, que cresce e esquenta por conta da Covid-19 e suas implicações. 

Por um lado, houve aumento, em São Paulo, de 700% nos downloads de apps de delivery. Os gastos com iFood, Rappi e Uber Eats cresceram 95%, segundo análise dos usuários da plataforma de gestão financeira Mobills. Por outro, a crise econômica, acentuada pela pandemia levou a alta no desemprego e menor taxa de trabalhadores com carteira assinada desde 2012. Isso faz com que a informalidade se torne alternativa viável para 40 milhões de brasileiros.

A maior disponibilidade de entregadores nas plataformas leva a uma remuneração média menor. Segundo pesquisa, antes da Covid-19, metade dos gig workers recebiam ao menos R$ 520 por semana. Hoje, apenas 25% está acima desse patamar e a maior parte recebe menos de R$ 260 semanais. 

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