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INOVAÇÃO

Cartões biométricos prometem revolucionar pagamentos e muito mais

E os brasileiros estão entre os primeiros usuários no mundo. Pilotos já estão em andamento no país

Os cartões biométricos estão a poucos meses de estrear no Brasil. Tudo leva a crer que pelas mãos de uma Fintechs, embora dois grandes bancos estejam preparando pilotos, afirma Marcelo Annarumma, presidente da Idemia para a América Latina, uma das maiores concorrentes da Thales Gemalto, que também oferece a tecnologia.

Com um sensor de impressão digital no corpo do cartão, transações financeiras ficam mais seguras e mais fáceis, explica Annarumma nesta entrevista para a The Shift. Entre as vantagens para o banco estão a redução da fraude e a conveniência oferecida aos clientes do fim do limite para transações de pagamento sem contato. E o código PIN pode continuar a ser usado como solução de fallback, sempre que a impressão digital do titular do cartão não puder ser usada – como saques em dinheiro em caixas eletrônicos, por exemplo.

Além disso, como a biometria é um dos métodos de identificação mais utilizados homem dia, o emissor do cartão também pode utilizá-lo em uma série de situações onde há a necessidade de certificação de que o verdadeiro titular do cartão é o autor da transação. “Para que exigir prova de vida, se a transação do saque de um benefício social só poderá ser feita pela beneficiário?”, comenta o executivo. Ou exigir comprovação para cada transação realizada com um cartão corporativo, se só a pessoa autorizada, com a biometria registrada, for capaz de utilizá-lo?

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Na Índia, após os caartões biométricos estão sendo usados pelo sistema Aadhar, permitindo que os titulares façam pagamentos sem contato com segurança por meio de autenticação de impressão digital. E o O Reserve Bank of India (RBI) – o banco central do país – aumentou o limite de pagamentos sem contato sem PIN para INR 5.000 (US $ 68) em relação aos INR 2.000 (US $ 27). Recentemente, o Banco Mundial, as Nações Unidas e a Autoridade de Identificação Única da Índia chegaram a um acordo para trabalhar na exportação da infraestrutura de identificação digital  que sustenta o sistema Aadhaar para outras nações.

Acha difícil o brasileiro se acostumar com a ideia?  Pesquisa encomendada pela empresa revelou que mais de 90% dos brasileiros aprovam o uso de tecnologias biométricas; 70% da população acredita que a grande vantagem da identificação digital é o fato de ser individual, além disso,  64% concorda que há um aumento na segurança do processo de compra, na prevenção de fraudes, além de ser fácil de usar. Outro ponto importante é que mais de 1 entre 3 brasileiros aprecia as tecnologias biométricas, e 56% prefere o cartão biométrico ante 23% que opta pelo cartão regular.

A autenticação por impressão digital vem se tornando mais presente na vida dos consumidores em todo o mundo e não será diferente no Brasil, garante Annarumma.

Outros dados destacados pela pesquisa são que 82% dos brasileiros preferem utilizar uma forma de pagamento totalmente sem contato. Além disso,  é a população que mais expressou seu desejo de não ter que lembrar de suas senhas — cerca de um em cada dois brasileiros já esqueceu as senhas nos últimos 18 meses, sendo que pessoas da faixa etária de 31 a 50 anos são as mais propensas a esquecer sua senha (63%), enquanto as pessoas com mais de 51 anos se lembram mais (35%). Por fim, 88% dos respondentes afirmaram estar prontos para usar suas digitais em vez da senha. A aceitação é maior entre as mulheres (91%) e menor entre os homens (85%).

Um número crescente de pilotos e, agora, lançamentos comerciais de cartões de pagamento biométricos, além do desenvolvimento de padrões, apontam para o método de pagamento seguro e sem contato se tornar popular em 2022, de acordo com estudo da Smart Payment Association (SPA). E a adoção em massa aconteça em até dois anos.

Desde a definição das possibilidades da tecnologia biométrica match-on-card em 2013, o SPA viu uma espécie de revolução entre seus membros. Em cinco anos, a EMVCo, que desenvolve especificações e certificação de produtos para emissores e redes de pagamento, emitiu especificações biométricas funcionais e de segurança que abriram caminho para mais de 20 pilotos de cartões de pagamento biométricos atualmente em andamento e a primeira implantação comercial, pelo BNP Paribas, da França, país de origem da Idemia e da Thaels.

Mas quais são limites para o uso da biometria? O quão segura sua digital está, armazenada no cartão? Como a implantação vai acontecer no Brasil e se a biometria pesará no seu bolso?

“Aqui os primeiros pilotos devem estar operacionais em até seis meses. Uma fintech e um banco grande já estão bem adiantados. O que leva mais tempo é o processo interno de configuração do produto por parte das instituições financeiras”, explica Annarumma. Alguns bancos podem definir que o cartão estará disponível para um determinado perfil de cliente e não para outro, por exemplo. A expectativa do fabricante é a de que, pelo custo atual (cerca de 10 a 15 vezes maior que o do cartão de plástico com chip), o perfil seja o de clientes premium, com alto volume de transações diárias, que aceitem pagar pelo produto.

Uma pesquisa da Visa e um estudo  da Fingerprint Cards em colaboração com a Kantar mostram que os consumidores têm uma clara preferência pelo uso de cartões sem contato em vez de carteiras digitais, com pouco crescimento previsto para este último. A FPC descobriu que 62% dos consumidores mudariam de banco para obter um cartão biométrico (aumentando para 70% entre os usuários frequentes de cartões sem contato), e 42% estão dispostos a pagar uma média de US$ 10,70 extras por ano por um cartão biométrico (aumentando para 74 por cento entre os usuários pagantes móveis frequentes).

Quanto à segurança, os dados de referência de impressão digital são capturados pelo sensor biométrico, criptografados e armazenados no próprio cartão. Segundo Annarumma, não há nenhuma possibilidade dessa informação ser copiada por quem quer que seja. O cartão incorpora usa um algoritmo biométrico certificado para autenticação que, ao mesmo tempo, reforça a segurança e a privacidade do titular do cartão.

Além disso, os fabricantes trabalham com a certificação segurança ICCN, da EMVCo, para o qual a fintech biométrica norueguesa Zwipe detém os direitos de distribuição global. E a Samsung introduziu um novo circuito integrado (IC) tudo-em-um para segurança de impressão digital como seu próximo passo no mercado de cartões de pagamento biométrico.

A gigante da eletrônica estava relativamente quieta no campo, mas foram necessários movimentos recentes para ingressar, como um memorando de entendimento em 2021 com a Mastercard para desenvolver cartões de interface dupla habilitados para impressão digital. A Samsung chama o IC para cartões  de ‘S3B512C.’ Ele é certificado para EMVCo e Common Criteria Evaluation Assurance Level (CC EAL) 6+ e tem um desempenho de acordo com as mais recentes especificações do Biometric Evaluation Plan Summary  (BEPS) da Mastercard para cartões de pagamento biométricos.

A captura dos dados biométricos pode ser feita em casa, com um dispositivo enviado com o cartão, ou usando um tablet biométrico na agência bancária.  Para leitura, o sensor biométrico de impressão digital é grande o suficiente e bem posicionado no corpo do cartão de modo a permitir uma experiência de usuário rápida e perfeita.

Além disso, para os emissores, o uso do cartão biométrico não implica em nenhuma modificação de infraestrutura. Os POS e terminais NFC estão prontos para usá-los. Não é necessário fazer nenhuma modificação no sistema autorizador de pagamentos, o que deve facilitar a adoção.

A Mordor Intelligence divulgou um relatório de mercado que prevê um crescimento anual composto de 155,45% entre 2021 a 2026, passando de US$ 8,75 milhões a US$ 1,69 bilhão.

A Fingerprint Cards prevê que cerca de 6 bilhões de dispositivos de pagamento serão enviados todos os anos até 2026 , e quase todos serão sem contato. A empresa também prevê um mercado total endereçável de cerca de 3 bilhões de unidades de módulos de sensores biométricos por ano.

A Ásia-Pacífico deverá ter a maior demanda por cartões de pagamento biométricos, apesar do aumento do uso de smartphones para pagamentos, enquanto a Europa, os EUA e o Canadá devem ter um crescimento de nível médio e a América Latina, África e Oriente Médio, baixo.

Outros setores de crescimento incluem a colaboração do China Construction Bank com a Idex Biometrics  para fornecer cartões biométricos para seus pilotos digitais.

Será que, em um futuro não muito distante, veremos aplicações que combinem pagamento, identificação e controle de acesso em um único cartão? “Impossível não é”, diz Annarumma. Inclusive por que boa parte dos fornecedores já trabalha com ass três aplicações.

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