s
POR TRÁS DOS NÚMEROS

Na transmissão de esportes ao vivo pela Apple, é tudo ou nada

O acordo de dez anos assinado entre a empresa e a liga norte-americana de futebol (MLS) custou US$ 2,5 bilhões. De "porteira fechada", dá direito a formatos e mídias que ainda nem existem

Em meados de 2022, a Apple fechou um contrato pelos direitos de transmissão das temporadas de jogos da MLS (Major League Soccer) – a liga norte-americana de soccer (o nosso futebol) – por dez anos, no valor de US$ 2,5 bilhões, que dão direito a transmitir todos os jogos em streaming via serviços da Apple TV+. As assinaturas do MLS Season Pass começam a ser vendidas em fevereiro para mais de 100 países e vão custar entre US$ 14,99 e US$ 12,99 (por mês, durante a temporada), ou US$ 99 por ano (US$ 79 para assinantes da Apple TV+)

Apesar de ter um porte considerável, a MLS é uma liga pequena, quando comparada às ligas de futebol americano (NFL), beisebol (MBL) e basquete (NBA). E aí, no final do ano, a Apple desistiu de brigar pelo NFL Sunday Ticket, que contempla os jogos de domingo da liga norte-americana de futebol americano.

Em ambos os casos, houve um leilão dos direitos de transmissão. Candidatos não faltaram. Empresas como Google, Amazon e Disney fizeram proposta com valores elevados, e quem acabou fechando um contrato de sete anos foi o YouTube, pela bagatela de US$ 2 bilhões por temporada.

CADASTRE-SE GRÁTIS PARA ACESSAR 5 CONTEÚDOS MENSAIS

Já recebe a newsletter? Ative seu acesso

Ao cadastrar-se você declara que está de acordo
com nossos Termos de Uso e Privacidade.

Cadastrar

Qual é a lógica dessa escolha que a Apple acabou de fazer? Bom, primeiro, se tem uma coisa que a Apple não costuma fazer é entrar em guerra de preços. Não há como negar que a empresa tem a sua estratégia, sua faixa de valores que topa colocar na mesa, e não costuma entrar no oba-oba do mercado para fechar negócios a qualquer custo.

No entanto, há outra questão que recebeu menos atenção da mídia, mas que deve ter sido um fator ainda mais relevante para que um negócio tenha sido fechado com a MLS, mas não com a NFL.

Falando em bom português, a Apple queria negociar os direitos de transmissão “de porteira fechada”. Ou seja, a empresa queria ter direitos de transmissão dos jogos em formatos e modelos que ainda nem existem. Se você pensou realidade virtual, pensou certo.

Como a MLS é uma liga de menor porte, não viu problema nessas condições. No entanto, a NFL pulou fora do modelo de contrato apresentado pela Apple.

De fato, a questão é intrigante. Esse mercado ainda não existe, mas uma liga esportiva viu sentido em prescindir dessa receita que poderá aparecer — ou não — nos próximos anos, mas outra liga não viu sentido em entregar os seus direitos de forma tão ampla.

O conflito de forças é interessante. A Apple quer, de fato, reinventar a forma que consumimos eventos esportivos. De outro lado, a maior liga esportiva americana não vê sentido em apostar todas as suas fichas na Apple.

A estratégia da Apple é clara e ela sai vitoriosa ao sinalizar para o mercado que tem suas prioridades, e que não vai crescer a qualquer custo. Mas a empresa comandada por Tim Cook não pode negar que a entrada no mercado de esportes ao vivo está sendo mais difícil do que eles esperavam.

O braço da lei da IA da União Europeia atravessa oceanos

Por trás dos números

O braço da lei da IA da União Europeia atravessa oceanos

A lei da IA que está sendo escrita pela UE há mais de dois anos ganhou um push na semana passada, elevando radicalmente os entraves burocráticos. Pode travar as startups

O julgamento Gonzalez v. Google e o futuro da Internet

Por trás dos números

O julgamento Gonzalez v. Google e o futuro da Internet

Muita bobagem tem sido dita por falta de uma compreensão sobre a história da Internet e de suas leis nos EUA. Vamos por partes.

Será que vale a aposta?

Por trás dos números

Será que vale a aposta?

Após cair 65% em 2022, as ações da Meta já subiram mais de 45% desde o início do ano. Havia motivo para tanto pessimismo? E agora, dá para apostar na empresa de Mr. Zuckerberg?

Do micro ao macro: por que as techs estão demitindo tanto

Por trás dos números

Do micro ao macro: por que as techs estão demitindo tanto

A prática dos investidores de risco, de "pagar para ver" um negócio decolar em tempos de abundância de dinheiro, foi atropelada pela crise financeira.

Na transmissão de esportes ao vivo pela Apple, é tudo ou nada

Por trás dos números

Na transmissão de esportes ao vivo pela Apple, é tudo ou nada

O acordo de dez anos assinado entre a empresa e a liga norte-americana de futebol (MLS) custou US$ 2,5 bilhões. De "porteira fechada", dá direito a formatos e mídias que ainda nem existem

A fila anda, e a Tesla perde a pose

Por trás dos números

A fila anda, e a Tesla perde a pose

No fim das contas, o Twitter não tem nada a ver com a queda das ações da Tesla. O problema, mais prosaico, é que o mercado de EVs cresceu, e a empresa de Elon Musk agora tem muita concorrência