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Sem métricas corretas, impossível saber se está acertando ou mesmo estabelecer uma estratégia clara de redução da pegada de carbono Crédito: Jplenio/Pixabay
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A métrica perdida do Net Zero

Um estudo do BCG indica que 91% das empresas não consegue medir suas emissões de CO2, e quase metade delas admite errar em até 40% as métricas

Por Silvia Bassi 14/10/2021

O estado atual das iniciativas das empresas para medir suas emissões de gases de efeito estufa e definir a estratégia para zerar as emissões de CO2 até 2030 (Net Zero) pode ser definido por duas palavras: uma decepção. Um relatório do Boston Consulting Group (BCG), resultado de entrevistas com 1.290 empresas globais, de 9 diferentes verticais econômicas, mostra que 91% delas não conseguem medir nem corretamente, nem completamente, suas emissões. E 50% delas declaram saber que estão errando em até 40% os valores.

Sem métricas corretas, impossível saber se está acertando ou mesmo estabelecer uma estratégia clara de redução da pegada de carbono. “Se você errasse seu relatório financeiro em 40%, seria mandado para a cadeia”, diz Mike Lyons, diretor e partner do BCG. Durante a conferência de imprensa na quarta-feira (13/10) para apresentar o relatório, Sylvain Duranton, líder global do BCG GAMMA e coautor do documento, relatou casos reais que poderiam ser classificados como histórias de horror:

  • Uma empresa global de bebidas alcoólicas que deixou de medir a pegada das garrafas de vidro, para descobrir que sua pegada era 45% maior que a inicialmente medida.
  • Um varejo de produtos domésticos que descobriu que as emissões eram o dobro do estimado porque deixou de incluir o uso de microondas e fornos na equação.

A pesquisa identificou vários pontos nevrálgicos nas métricas, todos decorrentes da incapacidade de coletar e analisar dados granulares e extensos das emissões internas e externas das companhias.

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  • 86% delas utilizam planilhas para atualizar manualmente os dados e só 22% têm processos automatizados para isso. “Se usam planilhas, isso quer dizer que os dados são estáticos e não há coleta e refresh automático capazes de acompanhar as mudanças dinâmicas da empresa e sua cadeia de parceiros”, diz Duranton
  • 81% omitem parte de suas emissões internas (aquelas ligadas às atividades da empresa)
  • 66% não medem ou reportam quaisquer emissões externas (aquelas ligadas à sua cadeia de valor)
  • 53% têm dificuldade de tomar decisões e rastrear sua execução por conta de métricas que não são frequentes

O caminho para resolver, segundo Charlote Degot, diretora e partner do BCG GAMMA e coautora do relatório, é abandonar os modelos tradicionais e as planilhas para usar automação e plataformas de IA. A experiência de Charlotte com empresas que usam modelos de CO2 IA indica que a habilidade de rastrear completamente as emissões aumenta em até 40%.

Ao colocar cientistas de dados e modelos de IA para medir todas as variáveis, a granularidade das emissões é levada em conta e mantida sob medição constante e extensa. No exemplo de uma empresa de bebidas que utiliza garrafas de vidro, Charlotte explica em vídeo como o modelo de IA leva em conta outras variáveis que não apenas o número de garrafas: cor do vidro, percentual de reciclagem, país de origem, modelo de transporte etc.

“Com esse tipo de metodologia, as empresas conseguem de fato agir, já que podem definir metas que fazem sentido, identificar iniciativas bem concretas e recalcular as emissões ao longo do tempo e medir o progresso”, explica.

Para saber mais:

 

Brasil na COP-26

O empreendedorismo brasileiro vai ter espaço na Conferência Climática da ONU (COP26), que acontece em Glasgow, Escócia, entre 31 de outubro e 12 de novembro. Das 18 startups globais selecionadas para o COP26 Global Scale-Up Programme, cinco são brasileiras. O programa é gerido pela CivTech Alliance, uma rede de organizações focadas em gestão publica, que inclui a InvestSP, o IdeiaGov, e o BrazilLAB.

Vinte e seis scale-ups concorreram às 18 vagas e 40% das inscrições foram brasileiras. O resultado foi a seleção de cinco para a turma que, aAo longo de 7 semanas, vão participar de imersões internacionais, conectando com os ecossistemas de inovação dos países que participam da iniciativa: Escócia, Espanha, EUA, Dinamarca, Alemanha, Estônia, Austrália, Lituânia, Polônia e Brasil. Conheça as cinco:

  • Eco Panplas – Tecnologia limpa e sustentável para reciclar embalagens plásticas de óleo lubrificante pós-consumo, para reduzir chances de contaminação da água e do solo.
  • Um Grau e Meio – Solução de hardware e software para combate a incêndios em florestas e plantações. Detecta o início de queimadas em um raio de 15 km, possibilitando o imediato combate ao fogo.
  • Tesouro Verde – Certificação ESG via SaaS, utilizando blockchain. Integra proprietários de terras, entidades públicas, empresas e sociedade global à economia verde.
  • Lemobs – Solução para gerenciamento da alimentação em escolas, com foco em redução de desperdício e custos. O sistema engloba todas as etapas envolvidas no fornecimento de alimentos, desde sua compra, armazenamento até preparo.
  • Scipopulis – Processamento em tempo real de dados de mobilidade urbana. A plataforma de monitoramento do transporte público inclui a estimativa de emissões de gases do efeito estufa, que auxiliam as cidades a implementar medidas para a descarbonização.

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