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Foto: Canva.com
POR TRÁS DOS NÚMEROS

Será que agora a Apple sentirá o golpe?

A crise de fornecimento da Foxconn para a Apple atingiu onde dói mais - o iPhone 14 Pro - que teve a produção interrompida e, mesmo com a retomada, o estoque pode não ser suficiente para o Natal

Até agora, o impacto da COVID-19 na fabricação dos produtos da Apple estava sendo relativamente pequeno. Mesmo com as várias interrupções da FoxConne de outros dos seus fornecedores, a Appleestava sendo capaz de sofrer menos que outras empresas que também contam com grande exposição à China.

O segredo para esse relativo controle da situação está em um tal de manufacturing purchase obligations. Calma que a gente explica. Na vida normal de uma fábrica, os seus gestores conseguem ter algum nível de antecipação da demanda que eles terão que atender. Empresas fazem as suas encomendas e são atendidas dentro do prazo em que a fábrica consegue atendê-la. Mas empresas que possuem a capacidade financeira muito acima da média, conseguem trabalhar de uma outra forma, com uma antecedência muito acima do normal.

Empresas como a Apple fazem um compromisso formal de comprar um certo volume de produtos. Dessa forma, elas “travam” a capacidade de produção da indústria para elas. Nem sempre, esses contratos preveem exclusividade. Mas eles deixam o fabricante em uma situação ter que atender aquele comprador com uma prioridade absoluta sobre qualquer outro que venha a aparecer. Se houver capacidade para atender novos clientes, bem. Se não tiver, paciência.

No caso da Apple, esse valores têm sido astronômicos. A empresa fechou o ano fiscal de 2022 com US$71,1 bilhões com as de manufacturing purchase obligations. No entanto, agora nem mesmo o poder financeiro está sendo capaz de isolar a Apple dos recentes acontecimentos na China.

Zhengzhou é a maior hub de fabricação de iPhones de todo o mundo.Sua escala é tão grande que ela foi conhecida como iPhone City. A situação na fábrica vem tensa desde o meio de outubro, quando houve um surto de COVID seguido de protestos que foram duramente reprimidos pela polícia.

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  • Depois de uma interrupção de cerca de dez dias, a operação voltou a funcionar, mas muitos dos funcionários preferiram não voltar às dependências da fábrica e novos funcionários tiveram que ser contratados.
  • Na ânsia de repor com velocidade os funcionários perdidos, a FoxConn resolveu pagar um salário mais alto para os novos funcionários. Chegando lá, adivinha? A FoxConn disse que eles teriam que trabalhar por dois meses para só depois receberem o salário mais elevado.
  • Era o que faltava para que o caos se instaurasse e as manifestações ficassem totalmente fora de controle. De acordo com a FoxConn isso tudo não passou de um erro de sistema. Fica difícil acreditar nessa versão. Afinal, a fabricante só viu o suposto erro no sistema depois dos protestos terem gerado bastante repercussão.
  • Provavelmente, essa é a maior interrupção que jamais aconteceu em uma linha de montagem da Apple. Simplesmente não é possível fabricar os produtos em outro lugar, contar com estoque ou algum outro artifício para que o resultado da empresa não seja impactado.
  • O produto mais impactado por essa confusão deverá ser o iPhone 14 Pro. Seu tempo de entrega nos EUA tem variado entre três e quatro semanas. Ou seja, talvez já não seja mais possível comprá-lo a tempo do Natal.

Está acontecendo uma tempestade perfeita para a Apple.O seu modelo Pro está com um nível de demanda muito superior ao do iPhone 12 e 13. Provavelmente, o iPhone 14 Pro seria responsável por mais de 50% das vendas de celular da Apple. Ao mesmo tempo, esse é o modelo em que haveria mais dificuldade em tirar a produção que atualmente é feita em Zhengzhou.

No final das contas, estamos falando em três semanas de produção parada e mais algumas semanas de produção reduzida. Para qualquer indústria, uma interrupção desse tipo seria terrível, mas para a Apple os valores em jogo estão em um ordem de grande completamente diferente.

Conclusão.Em uma análise rápida, nós estamos falando em uma perda de receita que ficaria entre $10 bilhões e $15 bilhões de dólares e uma queda relevante no número de unidades vendidas de um produto que o mercado está fazendo fila para comprar.

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