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Renata Marques, CIO Latin America na Natura &Co Foto-montagem: arquivo pessoal e Canva
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Renata Marques: “Liderar tecnologia, hoje, é pensar em pessoas”

Renata Marques, CIO para a América Latina na Natura &Co, fala sobre os desafios de inovar, em um modelo ambidestro que cuida do presente, mantendo o foco no futuro. Ela foi um dos keynotes do APIX 2023, da Sensedia

Por The Shift Marketing Services*  |  08/09/2023

Em fevereiro de 2020, em plena pandemia, Renata Marques, uma CIO com experiência de mais de duas décadas na gestão de TI, com passagens em grandes empresas de diferentes setores, assumiu a posição de CIO para a América Latina na Natura &Co. Pegou logo de cara o desafio de integração e evolução tecnológica e digital da Natura, Avon, The Body Shop e AESOP, e está construindo um universo digital para integrar não só linhas de produto, mas, especialmente, um ecossistema digital que engloba mais de 4,5 milhões de consultoras de beleza e seus milhões de clientes.

Renata é especialista em criar pontes entre pessoas e negócios. “Ser CIO tem um aspecto profundo de pensar em pessoas. Com essa avalanche de Inteligência Artificial, o que mais me preocupa é como será o “shape” do profissional de TI. E isso não é para o futuro, é para hoje”, diz ela na entrevista que concedeu à The Shift alguns dias antes de sua participação como palestrante no APIX 2023, maior evento global de APIs, criado pela Sensedia.

Do ponto de vista tecnológico, ela explica que o modelo é o do “composable business“. “Tudo o que é “core” do negócio, que envolve a inteligência do negócio, nós construímos dentro de casa, usando microsserviços, integração via API. A plataforma de integração da Sensedia tem um papel fundamental aqui. São bilhões de conexões processadas com a Sensedia”, explica.

Mais que omnicanalidade, a ponte tecnológica da Natura &Co envolve o conceito de “unified commerce”, que passa por elementos como lojas digitais para as consultoras e o “social selling” que prevê a criação de produtos digitais que usam plataformas, como WhatsApp, para facilitar a digitalização dos negócios delas e manter o foco na conveniência dos clientes. Todo esse ecossistema é desenvolvido sob o modelo de sustentabilidade e impacto social da Natura desde seu início. Aqui você confere a entrevista. E, neste link, pode assistir à apresentação completa de Renata Marques no APIX 2023. Boa leitura.

CIOs, pessoas ambidestras

“Ser CIO hoje tem toda essa questão da “ambidestria”. Você tem que cuidar da operação, tem que pensar no futuro, tem que estar conectado com o negócio. Isso é o básico, que já escutamos há anos. Mas tem um aspecto profundo de pensar em pessoas. Com essa avalanche de Inteligência Artificial, o que mais me preocupa é como será o “shape” do profissional de TI. E isso não é para o futuro, é para hoje.

Mudanças em tecnologia nós sempre tivemos, a vida toda, mas agora a mudança está muito exponencial, está muito acelerada, e o ser humano nem sempre acompanha essa velocidade. É por isso que hoje a minha preocupação como CIO é pensar ‘que chip temos que instalar nas pessoas para acompanhar essa velocidade de mudança que estamos vendo na tecnologia’.

Cada pessoa tem um ritmo particular de aprendizado, abstração e mudança de pensamento e comportamento. O nosso desafio é encontrar a forma de engajar as pessoas com essa nova realidade. Essa é a minha maior preocupação, hoje, como CIO – entender de gente. Quando eu vejo artigos sobre neurociências, psicologia e até filosofia, eu penso: ‘é essa a nossa próxima agenda’.

A tecnologia está disponível, e sabemos que as coisas virão ‘meio prontas’, ‘meio pré-fabricadas’. Ser CIO é entender o funcionamento do negócio, não é trazer novas tecnologias, é focar na solução de problemas de negócio. Entender que problema você está resolvendo, que oportunidade você está alavancando, e entender profundamente de gente, para que as pessoas possam extrair o maior valor que a tecnologia pode oferecer nos níveis do negócio.”

Digital como agenda coletiva

“Nós, como tecnologia, temos sim esse papel de evangelista, porque muitas vezes trazemos casos de uso, coisas que estão sendo aplicadas em um lugar e em outro, para abstrair para o nosso negócio. Coisas que, nem sempre, todas as pessoas C-Level têm o mesmo acesso.

Somos privilegiados porque temos muitos pontos de troca de informação, de ideias de uso. A tecnologia tem inúmeros grupos, como o das MCIO (mulheres CIOs), que favorecem essas trocas, e outros grupos que agregam centenas de líderes de tecnologia. A troca de informações e ideias é uma constante.

Acredito que como lideranças de tecnologia precisamos convidar outras áreas para fazer parte, para ampliar o entendimento da linguagem de TI. E tem o contrário também: tem a ideia, a inovação, que surge no próprio negócio, trazida por outras áreas. A demanda pela digitalização vem de dentro do negócio. A oportunidade está em criar processos estruturados de cocriação e colaboração multidisciplinares para o desenvolvimento de iniciativas. Sair do mundo de ‘um pede e o outro faz’, para um mundo de criação conjunta, essa dinâmica também está se acelerando aqui.”

Desafios tecnológicos da corporação

Estamos com uma agenda bem acelerada de combinação dos negócios. Em 2020 a Avon chegou ao grupo e a integração começou pelo back office da operação: as áreas de RH,  logística, finanças e suprimentos, mantendo as marcas separadas. Hoje estamos na implementação da segunda etapa de integração que combina as plataformas comerciais dos negócios da Natura e da Avon, para ampliar as oportunidades de desenvolvimento dos empreendimentos das nossas consultoras.

Ao ampliar o portfólio para as consultoras há maior possibilidade de geração de renda para elas. Esse movimento envolve muita evolução da tecnologia. É uma missão de longa temporada. Eu brinco que é ‘uma minissérie com várias temporadas’.

Temos um road map de combinação de negócios. Começou com a combinação no Peru, em julho combinamos a Colômbia, e mais recentemente combinamos o Brasil. Como a Natura sempre esteve um pouco à frente da Avon na digitalização, o que estamos fazendo é trazer a Avon para esse chassi da Natura. Para acelerar a digitalização da Avon e trazê-la para um patamar diferenciado, como a Natura já tem.

Dentro da Natura, a agenda é de omnicanalidade. Mas em um patamar que eu gosto de chamar de “unified commerce”. Porque o “unified commerce” é feito pensando do ponto de vista do cliente. Para ele, o universo é unificado. Temos várias iniciativas nesse sentido, pensando na conveniência do consumidor final e também da consultora, sem tirar de pauta a questão da produtividade da consultora, porque, afinal de contas, o centro do nosso negócio tem esse modelo de impacto social.

Foco no negócio de impacto

Um dos pilares é aumentar a renda da consultora. A nossa diretriz é o “bem-estar-bem”, gerar relações que promovam o bem-estar das pessoas consigo mesmas e sua relação harmônica com o entorno é a nossa missão fundamental.

Na empreitada de gerar novas conexões que visem aumentar a prosperidade da nossa rede, desenvolvemos nossa plataforma de serviços e educação financeira &Co Pay, uma unidade de pagamentos e transações da Natura, que contempla produtos financeiros desenvolvidos pensando no bem-estar da consultora e gerando inclusão financeira para muitas delas hoje não estão bancarizadas.

Educação financeira é um dos quesitos da conversa de bem-estar. Oferecemos educação financeira e ferramentas para que as consultoras consigam desenvolver seus negócios de forma mais fluida, atingindo melhor conveniência para o consumidor final que consegue fazer o pagamento online via pix, ou cartão de débito, ou crédito, ao tempo que permite fazer uma melhor gestão das finanças pessoais a as do negócio, bem como mitigar o risco de inadimplência que é maior quando se utiliza dinheiro físico. A digitalização tem a ver com essa bancarização, com serviços financeiros, com educação. Todos os ganhos provenientes da linha de produtos “Crer para Ver”, da Natura, são revertidos para a educação, por exemplo.

Na América Latina, somando Natura e Avon, nós temos 4,5 milhões de consultoras e representantes. É uma rede enorme que ainda está em processo de digitalização. Criamos soluções que vão desde a revista digital para compartilhar no WhatsApp, até um teclado digital, o Teclado Natura, que você pode instalar e já tem peças e textos prontos para divulgação, tanto de promoções ou campanhas como o dia das mães, tanto das causas que mobilizamos. Tudo isso para facilitar esse trabalho de digitalização da consultora, aumentando a produtividade e a renda, no final das contas

Universo digital para as consultoras

A consultora hoje pode mandar para o seu cliente a revista digital, o cliente escolhe, coloca tudo no carrinho de compras e pode concluir o pedido no mesmo link e fazer o pagamento, ou também pode encaminhar o pedido via WhatsApp também.

Estamos diversificando o papel da consultora além da venda. Contamos com consultoras treinadoras, que desenvolvem conteúdos para ensinar sobre uso de ferramentas digitais e recebem pagamento por isso. Também temos consultoras influenciadoras, que ensinam como vender nas mídias sociais, como fazer um “reels”, um story para o Instagram e também são remuneradas por isso.

Os espaços digitais das consultoras funcionam como uma loja virtual individualizada. Eu tenho o meu, chama-se “Julu”, que é a junção do nome das minhas filhas. Funciona como um e-commerce normal e a consultora consegue compartilhar seu próprio link para seus clientes. A diferença é que como o link é da consultora, ela vai ser comissionada por essa venda. O valor do produto para o consumidor é o mesmo do site ou da loja da Natura. A Natura deixa de ganhar uma margem para pagar uma comissão para a consultora, que está gerando esse lead, e a Natura faz toda a entrega, como se fosse um e-commerce normal. 

Pela natureza do negócio, muitas ainda gostam de ter a revista e ir no porta-a-porta. Mas com a ferramenta digital elas podem atingir um espectro muito maior de clientes, fora da sua região geográfica, e sem limitação de tempo.

A pegada ESG

A busca pela geração de impacto socioambiental positivo está na essência da Natura. A marca sempre teve no seu DNA os preceitos de sustentabilidade e, evidentemente, os compromissos relacionados ao tema se estendem a todas as empresas de Natura &Co.

Natura &Co é hoje a maior Empresa B do mundo. As Empresas B, ou B Corps, são aquelas empresas que, por meio de seus produtos, práticas e governança, estão comprometidas com a geração de desenvolvimento socioambiental, além do econômico. A Natura foi a primeira empresa de capital aberto a obter a certificação, a The Body Shop também conta com o selo. 

Vale destacar as ações relacionadas à conservação e à regeneração da Amazônia. A região faz parte da estratégia da Natura nos últimos 20 anos, dedicados a desenvolver um modelo de negócio único baseado na bioeconomia da sociobiodiversidade, no qual as populações locais são as grandes protagonistas em conjunto com a Natura.  Atualmente, a companhia se relaciona com 10.636 famílias, distribuídas em 48 comunidades em todo Brasil e na América Hispânica – sendo 41 delas concentradas na Pan-Amazônia – e dispõe de 42 ingredientes da sociobiodiversidade amazônica, também conhecidos como bioativos.

Um dos elementos-chave para o avanço da sustentabilidade e de práticas mais responsáveis por parte das empresas é ter métricas que permitam comparar os impactos de cada uma, como hoje fazemos com receita, lucro e outros indicadores financeiros. É por isso que a Natura continua aperfeiçoando seu escopo de mensuração de externalidades por meio do Integrated Profit & Loss (IP&L), metodologia que monetiza os impactos da empresa na economia, no meio ambiente e na sociedade. A partir de novos filtros de análise, apuramos que, em 2022, para cada R$ 1 de receita, a Natura gerou R$ 2,7 de impacto socioambiental positivo. A avaliação inclui toda a cadeia de valor: fornecedores, comunidades agroextrativistas, fábricas, Consultoras de Beleza, o uso e o fim de vida de nossos produtos.

A tecnologia conectando tudo

Temos usado muito esse conceito do Gartner de “composable business”. Tudo o que é “core” do negócio, que envolve a inteligência do negócio, nós construímos dentro de casa, usando microsserviços, integração via API. A plataforma de integração da Sensedia tem um papel fundamental aqui. São bilhões de conexões processadas com a Sensedia.

Nós acreditamos muito nessa conexão de sistemas especialistas, porque nem tudo eu vou construir dentro de casa, muita coisa eu vou comprar É o tal do “build and buy” ou até o “build and lease“, porque fazemos coisas dentro de casa e também assinamos serviços, para poder complementar o ecossistema, para ganharmos velocidade. Cloud é fundamental, porque hoje não temos tempo para ficar discutindo estrutura. Somamos os 53 anos da Natura com os mais de 100 anos da Avon, portanto não somos uma startup, temos legados, mas estamos em uma jornada acelerada para a nuvem.

Ser CIO também, hoje, é ajudar a balancear, abrir espaço para que o time possa, sim, experimentar. As provas de conceito (POC) existem, mas tem que tomar cuidado com o controle de crescimento das POCs, porque se não vira laboratório. A regra é fazer provas de conceito, inovar, mas fazer com que essas inovações virem produtos finais e impactem, de fato, os negócios, gerando valor.

SOBRE ESTE CONTEÚDO

(*) Conteúdo produzido em parceria com a Sensedia, pelo programa de Marketing Services da The Shift. A Sensedia é líder no mercado de APIs, oferecendo soluções de integração e consultoria a grandes empresas no Brasil e no mundo, em uma variedade de setores. Seu portfólio, além de uma plataforma API Management, inclui Adaptive Governance, Events Hub, Service Mesh, Cloud Connectors e equipes estratégicas de Professional Services.