Muito discurso, pouca ação

O discurso está na ponta da língua. Cada vez mais executivos percebem casos de negócio claros para a sustentabilidade. Dizem que os benefícios da sustentabilidade superam os custos e encaram a sustentabilidade de forma mais positiva do que simplesmente como uma obrigação financeira. No entanto, a consciencialização não se traduziu em aumento do investimento na sustentabilidade em 2023, e as organizações continuam aquém em termos de relatórios sobre iniciativas, revela a mais recente edição do relatório "A World in Balance", do Capgemini Research Institute.

Na semana da COP 28, o alerta é o de que é preciso fazer mais. Organizações terão de agir decisivamente, e com ritmo, para acelerar o redesenho dos seus processos e modelos de negócio de modo a toná-los mais sustentáveis. A boa notícia? Mais da metade (57%) das 2151 lideranças executivas ouvidas afirmam que a sua organização está em pleno redesenho, contra 37% em 2022. Mas ainda precisam traçar objetivos alcançáveis a curto prazo e implementar as suas ambições de forma combinada e colaborativa, banindo o greenwashing.

Dois fatores impulsionam a adoção de estratégias ESG: o custo de ficar parado e as regulações que passam a se transformar em leis.

• Os prejuízos relacionados a desastres climáticos, cada vez mais frequentes, podem atingir entre US$ 1,7 trilhão e US$ 3,1 trilhões por ano até 2050.
• Na União Europeia, entrou em vigor, em 2023, a The Corporate Sustainability Due Diligence Directive (CSDDD), que exige que as empresas de todos os portes, listadas em Bolsa, apresentem relatórios padronizados de impacto ambiental e social.
• O Brasil é o primeiro país a oficializar a adesão ao padrão global de reporte do ISSB (International Sustainability Standards Board), por meio da Resolução CVM 193. O uso das normas IFRS S1 e IFRS S2, do ISSB, será obrigatório a partir de 1º de janeiro de 2026, para padronizar a divulgação de informações climáticas e de sustentabilidade nos relatórios financeiros das empresas de capital aberto.