Se havia alguma dúvid de que muitas empresas precisam repensar urgentemente suas estratégias de dados, ela caiu por terra essa semana, depois da divulgação da pesquisa Digital Transformation Index (DT Index), da Dell, em parceria com a Forrester, com mais de 4 mil profissionais em 40 países, incluindo o Brasil. Os resultados comprovam que a maioria das empresas coleta mais dados do que consegue usar. Esse excesso de dados, muita vezes desnecessários mesmo, e a incapacidade para extrair insights deles estão entre as maiores barreiras para a transformação digital. Essa inconsistência foi batizada de Data Paradox, ou Paradoxo dos Dados.
Alguns paradoxos de dados identificados no estudo da Forrester, que ouviu tomadores de decisão seniores com responsabilidade pela estratégia de dados de suas empresas, mostram que a distância entre o “talk” e o “walk” corporativo ainda é grande:
O recorte sobre as empresas brasileiras é ainda pior.
Ainda assim, 23% das empresas brasileiras são consideradas Campeãs de Dados. Quase o dobro da média mundial, de 12%.
A maioria das empresas ainda não progrediu em tecnologia, processos, cultura e habilidades de dados. Segundo o estudo, 88% dos estrategistas de dados no mundo estão negligenciando esses requisitos. Aproximadamente um terço dos 4 mil participantes do estudo diz que seus negócios estão adotando uma abordagem desequilibrada para melhorar a prontidão de seus dados ou focando muito em sua cultura e esquecendo a tecnologia, ou vice-versa.
As implicações desse paradoxo são profundas e de longo alcance. Com muita frequência, quando as empresas planejam seu estado futuro, elas ficam atoladas em seu estado atual. Com o gerenciamento de dados não é diferente.
Por que é tão difícil se tornar uma empresa data-driven?
Um artigo publicado na HBR pelo consultor Randy Bean, autor do livro “Fail Fast, Learn Faster: Lessons in Data-Driven Leadership in an Age of Disruption, Big Data, and AI“, aponta que para as empresas tradicionais é mais fácil falar do que fazer porque muitas ainda estão lutando não apenas contra a tecnologia legada, mas também contra culturas incorporadas que são resistentes a novas formas de fazer as coisas e mudanças de mindset.
Bean cita uma pesquisa recente realizada com 85 empresas integrantes da lista Fortune 1000, e sobre a qual já falamos aqui na The Shift, que identificou que mais de 90% das empresas ouvidas apontaram a cultura corporativa como a maior barreira para se tornar data-driven, junto com pessoas e processos.
Sugestão do consultor:
Uma visão mais otimista
O surpreendente volume, variedade e velocidade dos dados podem parecer avassaladores, mas com a tecnologia, os processos e a cultura certos, as empresas podem evitar o Paradoxo dos Dados.
Além disso, grande parte das corporações participantes do estudo estão procurando revisar suas estratégias de dados com um ambiente de várias nuvens, mudando para um modelo de dados como serviço e automatizando os processos de dados com aprendizado de máquina. O que é um bom caaminho, uma vez que mais da metade dos tomadores de decisão do estudo tiveram pontuação baixa em cultura de dados e prontidão tecnológica.
Há um caminho a seguir, primeiro modernizando sua infraestrutura de TI para que eles possam atender aos dados onde eles residem, no limite. Isso implica trazer a infraestrutura e os aplicativos das empresas para mais perto de onde os dados precisam ser capturados, analisados e usados – enquanto se evita a proliferação de dados, mantendo um modelo operacional consistente em várias nuvens.
Implica também otimizar os pipelines de dados, para que possam fluir livremente e com segurança enquanto são aumentados por AI / ML; e em terceiro lugar, desenvolver software para fornecer as experiências personalizadas e integradas que os clientes desejam.
Cenário atual
O que as empresas já estão fazendo par superar o Paradoxo dos Dados.
A governança de dados deve estar no topo da agenda de qualquer C-level, mas na maioria das vezes não está. Como mudar essa realidade?
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