Faz tempo que a “velha economia” entendeu que fechar acordos com startups pode injetar um pensamento diferente para gerar novos negócios e soluções para antigos problemas. Agora pense no setor de energia: faz todo sentido criar uma plataforma digital para atender empresas de médio porte na compra e uso de energia dentro do mercado livre. E em vez de perder anos desenvolvendo tecnologia in-house, fechar acordos com startups da área financeira e de energia. Foi essa a decisão da AES Brasil, que acaba de lançar a plataforma Energia+, que se propõe a ser a primeira opção de migração para pequenos e médios consumidores dentro do mercado livre.
“Nossa plataforma é toda colaborativa. Nós não sabemos tudo, então chamamos várias startups para compor esse trabalho”, diz Ítalo Freitas, CEO da AES Brasil, antiga AES Tietê. Juntamente com o lançamento da plataforma Energia +, a companhia decidiu emplacar a mudança de nome e logo. Segundo ele, a análise de crédito dos futuros clientes fica a cargo de uma fintech, outra cuida do serviço de monitoramento de gasto de energia, uma gerencia a emissão de certificados I-Rec. O movimento não é grauito e nem recente. “Nós fomos a primeira empresa a acelerar startups no mercado de energia brasileiro e contamos com um time de inovação para construir esse desenho”, afirma.
A escolha das techs ficou a cargo da equipe de inovação da companhia, que vem trabalhando há alguns anos para ajudar na digitalização que se torna agora mais evidente. Tanto que, como acontece nas startups, a experiência do consumidor estará no centro das ações. “A plataforma é um modelo vivo e vai desenvolver com o tempo. Nós já temos um roadmap de desenvolvimento, mas vamos aprender mais agora que a plataforma está no ar”, diz o CEO da AES Brasil.
Uma das startups que está atuando com a AES Brasil é a IOUU, que cuidará do crédito a juros negociados para financiar a adequação da migração para o mercado livre. A ferramenta de análise do crédito faz uso de Inteligência Artificial (IA). Há mais tecnologia espalhada na construção da plataforma, na operacionalização e nos serviços.
A plataforma funciona praticamente como uma marketplace. A empresa faz seu cadastro e após a aprovação, escolhe quanto quer pagar pelo pacote e se vai comprar também medidores inteligentes para instalação e outros serviços, como monitoramento de gastos, que emprega machine learning. Por exemplo: se a empresa deixa luzes acesas em áreas em que não há necessidade, o sistema poderá apontar onde está o desperdício para que seja corrigido. “O nosso objetivo que o consumo de energia seja feito de uma forma mais eficiente e inteligente”, afirma Ítalo Freitas.
Boa parte do que o consumidor não vai ver é o trabalho com dados. Além de contratar uma empresa para fazer esse desenvolvimento juntamente com a AES Brasil, a empresa também conta com seus cientistas de dados – talentos desenvolvidos ali dentro e que foram capacitados para fazer essa transformação. A energia que as empresas poderão comprar é 100% renovável e vem das usinas próprias da companhia.
A abertura total do mercado livre de energia está prevista para 2024 e deve sacudir o setor de energia. Até agora, a AES Brasil operava somente com grandes empresas. Há aproximadamente 7,5 mil empresas de altíssimo consumo no país: companhias do setor de produção de aço, de alumínio de mineração. “Os grandes consumidores têm uma equipe que sabe manusear o mercado de energia, com engenheiros especializados, pois a energia é relevantíssima para essas empresas. Elas seriam o ‘atacado’”, explica. “Com a abertura, nós vamos chegar aí a uns 40 mil ou mais clientes, que nós chamamos de ‘atacarejo’, em que algumas empresas têm um profissional que conhece o mercado, mas há uma fatia que quer sair da distribuidora e ter muito mais valor agregado para entender como está consumindo energia. E que quer ter o preço menor no final do mês.”
Para essa categoria de cliente, a plataforma pode fazer muita diferença. Ele terá acesso a uma série de ferramentas e tecnologias que a própria AES Brasil usa internamente para seus projetos. “A nuvem que ele vai usar é a mesma que nós usamos”, sintetiza Freitas. Até por fazer esse aproveitamento, o custo de desenvolvimento da plataforma ficou abaixo de R$ 1,5 milhão, de acordo com o CEO. “Todas as ferramentas que nós utilizamos já estão na nossa cloud, já está tudo contratado e são sistemas nativos. Nós simplesmente viramos o canhão para fora”, diz. “Da mesma forma que a gente faz para os nossos ativos, nós vamos fazer para o ativo do cliente”.
Quer dizer que tudo são nuvens na digitalização de um setor tão tradicional quanto o de energia? Não e o presidente da AES Brasil é o primeiro a admitir. “É uma evolução, mas não vai ser fácil. Por trás dessa plataforma continua o velho sectorzão tradicional de energia, com grandes projetos. Vamos ter de construir as usinas eólicas, as hidrelétricas e as usinas de energia solar. E tem a questão dos financiamentos, das garantias. É uma mudança não apenas do setor elétrico, mas de todos que estão ao redor dele. Esse é o grande desafio”, afirma.
E vai levar quanto tempo? Uma década para mudar? “Não, isso muda em dois, três anos. Tudo está mais rápido e é inevitável”. O setor de energia tem um encontro marcado com 2024 e o relógio já está contando.
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