Primeiro eram os microchips. Agora é plástico. E daqui a pouco madeira. Está faltando matéria-prima para abastecer a cadeia de fornecimento de remédios, carros, dispositivos eletrônicos e até casas, segundo o Business Insider.
A falta de microchips fez com que Honda e Toyota fechassem suas fábricas nos Estados Unidos. Muitas empresas subestimaram o consumo ou simplesmente erraram na conta dos efeitos da pandemia e, com isso, os preços estão subindo. A Sony enfrenta críticas porque seu PS5 está em falta, mas os gamers não querem saber.
Os estoques de aço e alumínio estão baixos e os americanos reclamam que não está dando para atender pedidos de lava-louças e refrigeradores porque um dos maiores fabricantes de compressores fica no Brasil e, bem, há problemas com a Covid-19.
Por aqui falta até material para cartelas de remédio, inclusive papel para bula, o que pressiona os preços em 40%, de acordo com a Sindusfarma.
Para evitar o caos, é preciso diversificar a cadeia de suprimento, aponta relatório da PwC. (E olhe que esse relatório veio antes do navio ficar preso no Canal de Suez, lotado de produtos).
A disrupção provocada pela pandemia revelou vulnerabilidades na cadeia de fornecimento global, o que está levando milhares de companhias a reconsiderar o modelo adotado e como ter ganhos em custo e escala.
Para construir resiliência na cadeia de fornecimento, o report aponta quatro caminhos.
Fonte global única. Durante muitos anos, essa foi a estratégia adotada por diversos fabricantes no mundo inteiro. Um exemplo fácil: a fabricação de iPhones na Foxconn. Salários mais baixos, mão de obra em excesso garantiam as entregas. Mas na última década os salários de operários quase triplicaram, ultrapassando os do México desde 2015. Enquanto isso, a população ativa da China diminuiu, ao mesmo tempo em que países do sudoeste da Ásia ganhavam destaque.
Fonte global +1. Para adicionar resiliência a uma cadeia de suprimentos de fonte única, as empresas podem operar com outro fornecedor em uma localidade geográfica diferente. Segundo análise da PwC, a maioria dos fabricantes norte-americanos de fonte única na China já estão trabalhando essa possibilidade. A análise estima que, dos cerca de US$ 450 bilhões em importações de manufaturados da China em 2019, 20% poderiam alcançar eficiências de custo se fossem transportados para o México (18%) ou realocados de volta para os Estados Unidos (2%), com base em vários fatores, incluindo custos de desembarque, riscos e prazos de execução. E 80% dos produtos agora importados da China para os EUA capturariam eficiências de custo se fossem, em vez disso, produzidos em outros países asiáticos com custos mais baixos (LCCs). Fabricantes na Índia e países no norte da África também estão se destacando como fornecedores.
Região por região. Esse modelo pode favorecer mais grandes fabricantes dos Estados Unidos com mercados globais diversificados. Também apresenta um grande potencial para resiliência: acesso ao mercado, custo de aquisição mais baixo e prazos de entrega mais rápidos. Exemplos desse modelo podem incluir: Polônia para servir a Europa; México para servir a América do Norte; ou Vietnã para servir ao sudeste da Ásia.
Local por local. Esse modelo atende bem aos fabricantes que identificaram bons mercados para seus produtos em algumas localidades – e que lidam com produtos que envolvem pouca mão de obra e densidade de baixo valor, como materiais de construção e produtos químicos. Isso contribuiria para uma entrega melhorada de produtos just-in-time e maior acesso ao mercado, ao mesmo tempo que oferece agilidade na cadeia de fornecimento (ou seja, se ocorrer uma interrupção em um local, outro pode fornecer abastecimento e/ou produção). Este modelo é muito importante para os chamados produtos de “missão crítica”, como medicamentos e insumos para saúde.
O relatório da PwC reforça que é fundamental diversificar a base de fornecedores, antes de mudar a produção. Qualquer mudança exige capital, planejamento e tempo e em geral leva pelo menos dois a três anos para ser concluída.
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