Os sinais de mudança para uma economia desmaterializada já eram visíveis quando um estudo do McKinsey Global Institute apontou que, em 2019, os intangíveis representaram 40% de todo o investimento nos Estados Unidos e dez economias europeias, um aumento de 29% em relação a 1995. Empresas consideradas “top growers” – no quartil superior para crescimento em valor agregado bruto, uma medida de crescimento econômico – investiam “2,6 vezes mais em intangíveis do que as de baixo crescimento, empresas nos dois quartis inferiores”. O estudo mostrou ainda que nos últimos 25 anos, a participação dos investimentos em intangíveis aumentou 29%.
A pandemia acelerou o investimento em ativos intangíveis que sustentam a economia do conhecimento ou do aprendizado, como propriedade intelectual (PI), pesquisa, tecnologia e software e capital humano. “Estamos vendo o início de uma nova etapa na história do capitalismo baseada na aprendizagem, conhecimento e capital intelectual?”, questionava o discussion paper “Getting tangible about intangibles: The future of growth and productivity?” em junho de 2021. Ao tomar a definição de Jonathan Haskel e Stian Westlake, autores de “Capitalism Without Capital: The Rise of the Intangible Economy”, publicado em 2017, o estudo feito com mais de 860 executivos indica que os top growers não apenas investem mais em intangíveis, mas também os implementam de maneira a desenvolver novas capacidades para a empresa – abrindo novas frentes de negócios.
Jonathan Haskel, professor de Economia no Imperial College London e membro externo do Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra, acredita que a economia – e os negócios, por consequência – passou por um shift nos últimos 20 anos, mas do qual não se fala tanto. “Hoje em dia, as empresas estão muito mais cheias de ativos intangíveis. Eles são construídos em sua reputação. Eles são construídos em linhas de código de software. Eles são construídos em um design maravilhoso. Eles são construídos em roteiros e filmes inovadores e coisas assim. É essa mudança da economia tangível para a economia intangível, que é sobre o que escrevemos e que acho mais interessante do que algumas dessas questões contábeis bastante misteriosas”, diz ele neste podcast.
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