Dias atrás, ocorreu em Glasgow a COP 26, que revisitou discussões profundas e globais sobre meio ambiente, discussões estas que alcançam o mundo cripto e na maioria das vezes de forma negativa. Mas vamos abordar aqui duas linhas de cruzamento entre blockchain e a pauta ambiental.
Inicialmente cabe explicar como se faz “mineração” de criptomoedas, que é como se processa a veracidade das informações enviadas à rede, algo que é disputado por computadores/processadores no mundo todo e que, quando concluído, se paga em cripto equivalente (Bitcoin remunera mineração de Bitcoin, Ether remunera mineração na rede Ethereum e assim por diante).
No fundo desse movimento estão equações matemáticas bastante complexas em busca de solução, o que é resolvido apenas com grande poder computacional e que, naturalmente, demanda energia para sua atividade. Então aqui está o primeiro cruzamento entre blockchain e a pauta ambiental.
Essa demanda por energia para se realizar a mineração é real e equivale, globalmente, ao que um país pequeno, como a Malásia, consome. Olhando assim, pode parecer muito, mas comparando com outras atividades tradicionais logo se vê que pode haver outra forma de abordar esse impacto. Por exemplo, a mineração de criptos consome em torno de 10% do que a mineração de ouro consome anualmente, além dessa taxa ser quase irrisória quando se compara com o total gasto pelo sistema bancário tradicional.
Apesar disso, não se pode dizer que não haja impacto real e de que na agenda ambiental não se deve incluir um ponto de atenção com o setor de blockchain, em geral. Uma das possibilidades de redução de impacto é se buscar meios mais eficientes de se fazer mineração no setor, algo que pode impactar quanto a uma das questões mais clássicas da tecnologia, a descentralização, mas que, mesmo assim, considero como possibilidade.
Outro cruzamento possível seria o desenvolvimento de projetos em blockchain voltados à agenda ambiental, algo que já existe e tem um potencial enorme. Aqui no Brasil, por exemplo, a Ambipar, empresa especializada em gestão ambiental, adquiriu uma das grandes produtoras nacionais de soluções em blockchain, a Bleu, que passou a se chamar Bleu Ambipar. O motivo do negócio: criar soluções personalizadas e focadas em créditos de carbono com blockchain. Muito deve se esperar dessa união.
Além disso, diversas ações de compensação, como as realizadas pela Moss, globalmente, e pela ZCO2, nacionalmente, estão conectadas com a utilização da tecnologia para a conservação ou recuperação ambiental. Apesar de serem projetos em fase inicial, já apresentam resultados e comprovam o potencial da utilização do blockchain em prol da agenda ambiental.
Por fim, quis mostrar haver algumas possibilidades de abordagens quando tratamos do assunto, mas devemos escolher todas elas para uma reflexão mais adequada sobre os trade-offs entre blockchain e meio ambiente.
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