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SXSW 2025: Cinco conceitos que vão definir o impacto da IA na sociedade

Living Intelligence, Skill Flux e Agent Experience: os conceitos que emergem do SXSW para guiar o futuro da tecnologia

16/03/2025

O SXSW vive sua própria disrupção enquanto questiona o impacto da IA na sociedade: como preservar a humanidade em um mundo acelerado? (Crédito: Freepik)

O SXSW 2025 chegou ao fim. Mais do que nunca, a conferência de 2025 serviu como um espelho de nossa desorientação e incerteza coletivas ao lidar com a IA e o ritmo acelerado do progresso tecnológico. O que explica, em parte, os parcos lançamentos típicos do evento (Twitter, Foursquare e Clubhouse que o digam) e a intensidade dos debates nos corredores.

Duas grandes questões:

  1. Como preservar nossa humanidade ao mesmo tempo que abraçamos toda a mudança provocada pela IA?
  2. Como não cair na solidão, uma das buzzwords do evento, e garantir a tão fundamental saúde social?

Cinco conceitos deverão ecoar em 2025, desde Austin: Living Intelligence, Skill Flux, Physical AI, Promptable Brands e Agent Experience. E uma grande preocupação começa a se impor: em um mundo aonde a IA e outras forças sociotécnicas estão avançando rapidamente, os princípios de abertura e livre acesso a informações e recursos estão cada vez mais ameaçados, alertam vozes importantes da Internet aberta, dos dados abertos, e do código aberto.

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O problema? A governança corajosa de que precisamos ainda é escassa. Lawrence Lessig, da Harvard Law School, foi claro: “Sem governança, a IA não é apenas um risco — é uma certeza de que perderemos o controle sobre seu impacto na sociedade.” Sobram conflitos de interesse em organizações que misturam lucro e privacidade, pontua Meredith Whittaker, da Signal. Como retomar o controle de nossas vidas digitais ao passarmos da economia de atenção para a economia de intenção?

Talvez a metáfora mais adequada para o momento seja o próprio SXSW, que agora enfrenta sua própria disrupção transformadora. O Austin Convention Center, com seu charme dos anos 90, será demolido em breve e substituído em 2029 por algo mais alinhado com os padrões contemporâneos. Uma transformação física que reflete as mudanças culturais que apareceram em Austin. Nos próximos quatro anos, porque o evento será obrigado a se descentralizar ainda mais pela cidade, devido às obras, uma boa parte do lado humano pode também se diluir: emoção, conexão, empatia, confiança, construção de ideias. O futuro da South by Southwest é nebuloso, como ainda é nebuloso o mundo pós-IA.

Até aqui, o SXSW continuou a incorporar o que significa reinventar e, ao mesmo tempo, preservar o caráter essencial — transformar sem perder sua alma. Como continuar? Talvez a chave seja “reconhecer os pequenos passos que podemos dar para transformar não apenas nossas vidas, mas o mundo ao nosso redor e criar uma cultura de esperança”, conclamou Michelle Obama, no último dia de conferência. Mudanças pedem atitude e ação!

Os conceitos norteadores

O desenvolvimento da IA dominou muitas sessões, que se concentraram menos em suas especificações tecnológicas e mais em como nós, a sociedade, lidamos com ela. O guia prático, daqui por diante, deve considerar:

  • Living Intelligence. Síntese de Amy Webb para a convergência da IA, sensores e bioengenharia, desaguando em sistemas biotecnológicos capazes de sentir, aprender, se adaptar e evoluir, sem necessariamente precisar da inteligência humana para funcionar. Esses sistemas provocarão saltos de inovação importantes com o uso da IA ​​como fundação e dos metamateriais e da biotecnologia como matéria-prima.
  • Skill Flux. O desafio organizacional mais profundo discutido não foi tecnológico, mas profundamente humano: como desenvolver habilidades que permaneçam relevantes à medida que a meia-vida das habilidades técnicas continua a diminuir? O conceito de Ian Beacraft da “Fluxo de Habilidades” capta nossa realidade atual: conhecimento técnico tem uma vida útil de 2,5 anos. A solução? Trocar a especialização pelo pensamento interdisciplinar.Não é só um ajuste tático. É uma reformulação fundamental de como abordar o próprio conhecimento. Preparar todas as gerações, atuais e futuras, para a adaptabilidade como a competência mais importante, diante da rápida reformulação dos fluxos de trabalho gerada pela IA agêntica ao automatizar tarefas complexas, melhorar a tomada de decisões e aumentar a eficiência.
  • Physical AI. “Esse é o momento no qual a IA rompe as grades e vai para o mundo real.” O momento no qual começamos a ver a IA indo além do software, materializando-se em robôs e máquinas que interagem com o mundo físico, explica Anirudh Devgan, da Cadence – uma declaração que inspira admiração e preocupação.
  • Promptable Brands e Agent Experience. Criar conexões significativas em um mundo no qual a atenção é escassa continua sendo um grande desafio. Principalmente agora que a mudança de UX para AX (Agent Experience) está redefinindo as interações digitais à medida que a IA assume um papel maior. Lembrando sempre que AX não é fazer UX para IAs, mas saber como projetar serviços que podem ser utilizados por IA, para, em última análise, estender e aprimorar a experiência do usuário final.Uma ótima experiência de agente começa com uma ótima colaboração. A quantidade de chatbots interativos, que criam relações com os usuários, está crescendo. Ferramentas de IA generativas estão se tornando cada vez mais populares entre os consumidores quando se trata de comprar produtos e serviços. As marcas precisam estar preparadas para essa tendência e entender como alavancar essas ferramentas para aprimorar a experiência de compra de seus clientes, recomendou John Maeda.

Outros ecos de Austin

  • As redes sociais deveriam se transformar em ambientes abertos e descentralizados, em que os usuários poderiam “carregar” seus dados da mesma forma que mudamos de operadora de celular. Quem defende a ideia é Jay Graber, CEO da rede Bluesky, que vai na maré contrária ao que X e Meta estão fazendo.
  • Aliás, os movimentos de acesso aberto inspiraram inúmeras pessoas a contribuir com seu trabalho para o bem comum. Até aqui, “cada ser humano pôde compartilhar livremente a soma de todo o conhecimento” (Wikimedia) e onde “educação, cultura e ciência forma compartilhadas equitativamente como um meio para beneficiar a humanidade” (Creative Commons). Mas agora, empresas de trilhões de dólares estão explorando essa abertura sem dar nada em troca, permitindo usos prejudiciais ou exploratórios do que foi livremente compartilhado. Não por acaso, a resposta natural dos criadores tem sido tentar retomar o controle, colocando a onda “openness” sob pressão.
  • Treinar a IA com informações sobre células para criar células virtuais pode ser um avanço enorme para a Medicina, segundo Priscilla Chan, da Chan Zuckerberg Initiative (CZI). “Se pudéssemos ensinar um modelo de IA a ler imagens ao nível atômico e compreender o código molecular das células, teríamos um poderoso simulador de como a vida funciona”, afirmou. A ideia é mapear um bilhão de células para treinar IA. “O microscópio mudou tudo. A IA será o nosso novo microscópio”.
  • A Computação Quântica dominou vários debates, que enfatizaram sua aplicação práticaO Google está trabalhando no desenvolvimento de novos algoritmos para simulação de materiais, que podem acelerar a criação de baterias mais eficientes. “Imagine um mundo onde conseguimos projetar materiais perfeitos para cada aplicação, sem precisar testar milhares de combinações em laboratório”, disse Charina Choo, COO for Google Quantum AI.
  • Três gigantes do entretenimento — Paramount, ILM e Disney — estão usando IA, Realidade Virtual, Realidade Aumentada e outras tecnologias para moldar o futuro da indústria audiovisual. Veja como cada uma delas enxerga o que definem como “reescrever o storytelling”.
  • Genética ou estilo de vida? O que realmente determina quanto tempo vivemos? Nesta edição da SXSW, a discussão sobre a convergência entre tecnologia e medicina avançada incluiu os bom e velho poder do hábito. Porque não basta viver mais, é preciso garantir qualidade de vida, reforçaram os especialistas.

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