Realizar entregas com qualidade não é uma tarefa minimalista. Apesar disso, o discurso de “fazer mais com menos” (a conhecida pressão por resultados no curto prazo) ressoa em muitos espaços de alto comando. E tem um peso especialmente grande sobre a TI.
Faz sentido pensar em entregas maiores com recursos menores?
A resposta é sim, desde que tenhamos um entendimento claro do cenário. E, para isso, é preciso definir mais precisamente esse “mais com menos”. No caso da TI, esse conceito deve se traduzir em duas frentes: eficiência dos processos de negócios e estabelecimento de prioridades.
Eficiência dos processos implica em quase atingir a capacidade máxima instalada, seja de equipamentos, sistemas e pessoas, de modo que eles entreguem um resultado na maior escala possível, com qualidade e redução de custos. Quanto às prioridades, toda empresa se depara com uma série de temas que tendem a disputar tempo, recursos e atenção: vendas, compras, expansão, aquisições, contratação de pessoal e de serviços… Diante disso, é preciso mapear estrategicamente onde focar.
Em termos mais diretos: uma coisa é trabalhar bem, outra é saber onde esse bom trabalho deve estar concentrado.
De modo geral, executivos de grandes empresas entendem essa questão. A dificuldade se apresenta realmente na execução do conceito conforme a realidade de cada organização. A TI não é a única responsável por essa execução, evidentemente, mas é essencial ao processo, pois contribui com as soluções de tecnologia que permitirão implantar as mudanças. Em termos práticos, podemos dizer que a TI está fazendo mais com menos se:
Para tanto, é necessário investir na arquitetura de sistemas. Uma automação eficaz demanda software, variedade de dispositivos móveis, redes poderosas em capacidade de processamento, contingências muito bem-feitas para que o usuário nem perceba que houve um incidente. Também é preciso ter uma boa equipe de TI, dimensionada sem lacunas nem exageros, e com perfis adequados à sofisticação e à demanda do negócio.
Investir na arquitetura de sistemas implica em pensar, de forma mais abrangente, o conjunto de soluções necessárias para atingir o grau de automação e controle desejado. Isso se opõe a tratar os temas e desafios pontual e individualmente, buscando soluções “rápidas” para o que parece ser o “mais importante” ou “politicamente adequado” no momento.
Ou seja, a TI desenha um modelo futuro de arquitetura de sistemas e, a partir daí, novas demandas, problemas e mudanças no negócio são analisados pensando em como (e quando) encaixá-los no desenvolvimento dessa futura arquitetura. Essa atitude de planejamento de longo prazo — embora pareça mais “difícil” de explicar – talvez seja a maior contribuição que a TI pode dar ao negócio para fazer mais com menos.
A construção de um business case (ou ROI) das novas demandas e melhorias é algo que pode ajudar a privilegiar a visão mais ampla. Em muitos casos, ficará claro que “seguir o script” da construção da futura arquitetura ainda será mais vantajoso.
Vale a pena ressaltar que esses investimentos não são, necessariamente, sinônimos de inovação. Afinal, quando a empresa está em um grau de automação abaixo do desejável ou do possível, não é o caso de necessariamente falarmos em inovar, e sim de equiparar-se às exigências do mercado.
Por sua vez, o estabelecimento de prioridades demanda inteligência de negócios. Ou seja: além de uma arquitetura de sistemas, é preciso investir também em uma arquitetura de dados. Para tanto, a TI deve identificar, junto às áreas de negócio e lideranças da empresa, as informações que vão permitir aos gestores priorizar corretamente aquilo que pode trazer melhores resultados. Idealmente, isso deve vir acompanhado de insights, projeções e cenários do tipo “what If” (“o que aconteceria se…”).
A partir do entendimento dessas informações de inteligência, cabe à TI oferecer — a partir dos sistemas disponíveis, e ampliando e melhorando essas informações à medida que novos componentes vão sendo incorporados à arquitetura — os dados e suas correlações que permitirão ao negócio tomar decisões, estabelecer prioridades bem fundamentadas e repensar suas demandas com uma visão “mais ampla e mais longa”. Ou seja, Business Intelligence (BI ou Analytics) é um aspecto fundamental de uma TI que proporciona “mais com menos”.
O que está desenhado até aqui não é utopia, porém é preciso lembrar que o dia a dia das operações do negócio tende a sacrificar a execução do “novo”, em função do fato (verdadeiro) de que a empresa não pode parar. Portanto, enquanto a TI precisar gerir uma arquitetura “problemática”, mais tempo será necessário para “mudar as coisas”. O desenho da futura arquitetura de sistemas não é somente algo ideal, mas também o como chegar até lá considerando as limitações e problemas de hoje.
A TI tem um papel fundamental de implementar soluções que vão reduzir significativamente esse gap. Zerar esse déficit pode ser uma ilusão, mas certamente é possível trabalhar com maior prevenção e melhor planejamento. E isso também é fazer mais com menos.
Outro aspecto delicado da execução é o financeiro, por isso é necessária uma governança que direcione os investimentos dentro de um ecossistema (TI + terceiros) com capacidade de execução em parâmetros aceitáveis. Porque o ROI só vai se cumprir se o projeto for executado como foi planejado — e um ROI não cumprido depõe contra o processo de automação e contra a visão mais ampla aqui defendida sobre a arquitetura.
O que costuma pôr isso a perder é a tendência de se olhar o pontual para satisfazer pedidos imediatos do negócio. “Apagar incêndios” é inevitável, mas isso não é sinônimo de eficiência. Ao contrário, nesses casos o que costuma acontecer é que as equipes fazem “menos com mais”.
Embora tenhamos concentrado o foco na importância da TI para o “mais com menos”, não posso deixar de ressaltar que essa capacidade de execução diz respeito à empresa como um todo. Afinal, todo o esforço tem como objetivo final o aprimoramento do negócio.
A TI pode — e, em alguns casos, deve — estar à frente dessa execução, já que ela fornece as ferramentas para que o processo seja replicado em toda a organização. Mas ela não deve ser percebida como “a salvação da lavoura”, muito menos como um “herói solitário”. Planejamento, governança e execução são responsabilidades de todas as áreas, e são itens que precisam estar em constante evolução, bem como a arquitetura de sistemas e a de dados. Afinal, tanto o mercado como a empresa são dinâmicos: concorrentes entram e saem de cena o tempo todo, colaboradores também — além disso, outros imprevistos acontecem.
Se o objetivo é o crescimento do negócio, não é possível acreditar em soluções permanentes ou definitivas. Por isso, o “mais com menos” é um processo contínuo, talvez até uma cultura empresarial, mas que precisa ser entendida corretamente.
Terem se tornado discurso vazio, em meio às muitas burocracias corporativas que produzem resultados mínimos. Mas sua essência é estratégica e precisa ser recuperada.
Há algumas razões para tal dificuldade que se perpetua em todo o mercado, e superá-las passa, necessariamente, pela responsabilidade das lideranças em desenvolver talentos
Riscos aumentam à medida que a TI se torna mais crítica para as operações. Mas muitas empresas ainda tratam a continuidade dos negócios como um problema de TI, apenas. Mentalidade perigosa.
O máximo que uma lista de tendências bem elaborada pode fazer é dar informações e insights para formular boas perguntas, e estas, sim, favorecerem uma melhor tomada de decisão.
Quanto mais a tecnologia se espalha pela empresa, mais importante é essa relação — assim como maiores são os riscos, à medida que a TI se torna mais crítica para as operações.
Se os conselheiros não estão sujeitos a indicadores, como saber se as decisões que estão apoiando são mesmo as melhores para a empresa?
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