O que falta para a persistente indústria brasileira de reciclagem deslanchar? Uma política pública integrada, certamente. O mapeamento global dos agentes atuantes neste mercado. Mais confiabilidade dos dados. Rastreabilidade. E instrumentos legais que tanto incentivem o empreendedorismo no setor quanto coíbam ações que fujam do interesse público. A boa notícia é que uma série de iniciativas convergentes podem mudar o atual cenário de movimentos pulverizados.
Um projeto de lei que implanta o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais (PFPSA), que endossa as atividades das cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, a proposta para a criação de uma Secretaria Nacional de Reciclagem dentro do Ministério do Meio Ambiente e até a criação de um app interativo que mapeia nacionalmente todos os agentes da cadeia produtiva e a tokenização dos produtos reciclados estão em pauta.
No ano de 2022, o Brasil coletou um total de 76,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), mas produziu 81,8 milhões de toneladas – o que significa que o país não é totalmente coberto pela coleta, transporte, a destinação final e os serviços gerais de limpeza urbana. Os dados são do “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022”, o mais atual raios-X sobre a gestão nacional de resíduos produzido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE).
Em tal cenário, a economia circular também não exibe resultados estimulantes: no Brasil, a maioria dos RSU coletados (61%) continua sendo encaminhada para aterros sanitários. Em 2022, das 81,8 milhões de toneladas de resíduos produzidas, somente 46,4 milhões de toneladas foram enviadas para destinação ambientalmente adequada. As informações foram obtidas junto a fontes primárias, pesquisas diretas com os diversos setores e bases oficiais como o IBGE e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
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