A corrida por capacidade para IA trouxe um fantasma para o setor: o excessivo consumo de água. O imaginário popular cristalizou a ideia de que “data centers vão secar os reservatórios”. Os números chamam atenção e alimentam manchetes: grandes data centers podem consumir até 5 milhões de galões/dia, o equivalente ao consumo de água de uma cidade com 10 mil a 50 mil pessoas.
Estudos — como o realizado em 2023 pela Universidade da Califórnia Riverside — estimam que cada prompt de IA de 100 palavras consome cerca de 500 ml a 519 ml de água, considerando o ciclo completo do processamento, mas este valor depende do backend, da fonte de energia, do clima e do sistema de resfriamento envolvido — sendo mais alto para aplicações intensivas de IA Generativa. A escala global desses milhões de prompts compõe impacto crescente.
Portanto, a água virou o novo gargalo estratégico da infraestrutura digital. E tornou a eficiência hídrica tão estratégica quanto eficiência energética, além de uma responsabilidade ambiental e social. Ela deixou de ser pauta “nice-to-have” dos compromissos ESG e passou a determinar ROI, licença para operar e o ritmo de expansão dos data centers em várias partes do mundo. Inclusive no Brasil.
Em 18 de setembro deste ano, o governo federal editou a MP 1.318/2025 — o REDATA — criando incentivos fiscais vinculados a contrapartidas ambientais e P&D, como critérios de eficiência hídrica e uso de energia limpa. No Congresso, o PL 2080/2025 detalha diretrizes para eficiência de água e energia, com metas regulamentadas pelo Executivo e monitoramento via WUE (Water Usage Effectiveness), alinhando o Brasil a práticas internacionais de transparência operacional.
A moldura regulatória ganha nitidez, enquanto grandes players, como a Ascenty, demonstram total alinhamento. Seus data centers operam com sistemas de água gelada em circuito fechado, WUE igual a zero e monitoramento mensal por telemetria. “Nosso consumo de água provém essencialmente das áreas de escritório, banheiros, cozinhas e situações auxiliares”, detalha Rodrigo Radaieski, COO da Ascenty. Nas instalações de missão crítica, a operação se dá via circuito fechado abastecido com água uma única vez, recirculando continuamente para o resfriamento, sem perdas operacionais significativas.
“Nas instalações do data center utilizamos modernos sistemas de refrigeração de água em circuito fechado, resfriado em chillers alimentados por energia limpa. O circuito fechado é abastecido com água uma única vez. Essa água circula, gera o resfriamento do ar e retorna ao chiller para ser novamente resfriada, sem perda”, explica o executivo.
Além disso, a Ascenty utiliza BMS (monitoramento automático), prepara a infraestrutura para direct-to-chip liquid cooling e rear-door heat exchangers, além de operar com energia 100% renovável (via iREC).
Por que isso importa? Em 2022, os data centers brasileiros consumiram cerca de 2 bilhões de litros de água, o equivalente a 0,003% do uso consultivo total de água do país naquele ano (64,5 trilhões de litros), segundo estudo da Brasscom e dados verificados pela Mordor Intelligence. Entre 2022 e 2029, o consumo consultivo de água dos data centers no período vai somar 30,4 bilhões de litros (0,006% de um total estimado em 483,9 trilhões de litros). A agricultura irrigada consome cerca de 53% da água consultiva nacional no período.
Precisamos garantir que a transformação do Brasil em um hub de data centers de IA mantenha esse consumo baixo.
O estudo da Brasscom ressalta que cerca de 90% do parque brasileiro utilizará sistemas de refrigeração em circuito fechado até o fim da década, modelo que requer apenas o abastecimento inicial do reservatório (23 mil litros por megawatt instalado) e reposições anuais de 10%. Isso, claro, já prevendo o aumento no número de data centers enquadrados no REDATA, que impõe exigências ambientais rigorosas sobre o uso de água, focando em limitar o consumo hídrico e incentivar tecnologias sustentáveis de resfriamento.
Entre essas exigências estão:
Importante: A Agência Nacional de Águas (ANA) isenta do processo formal de outorga os empreendimentos que consomem menos de 1 litro/segundo de água potável, facilitando o licenciamento.
O uso de sistemas fechados possibilita operar com volumes muito inferiores ao limite máximo, tipicamente abaixo de 0,25 litro por segundo para grandes centros de 200 MW, tornando projetos compatíveis com as exigências de reuso e minimização do uso de água potável.
Onde a regulação precisa ir além? Principalmente em definições e metas numéricas. A MP fala em “critérios de eficiência hídrica”, mas falta parametrização técnica por região/clima (metas WUE por classe/clima, tal como a ASHRAE faz para faixas térmicas). Também não detalha a origem da água (ex: água potável x reuso) ou processos de descarte pós-uso, segundo críticas de especialistas ambientais.
A estratégia da Ascenty é combinar resfriamento líquido direto, capacidade para imersão e sistemas tradicionais aprimorados, oferecendo flexibilidade para diferentes demandas de clientes em ambientes de alto desempenho e eficiência hídrica e energética.
A empresa monitora e reporta rigorosamente o consumo de água em cada site, utilizando métricas reconhecidas internacionalmente e publicando resultados em relatórios ESG, com foco na transparência e na eficiência máxima dos recursos hídricos utilizados.
Indicadores de Eficiência Hídrica
Monitoramento e Gestão Operacional
Relatórios e Transparência
Três verdades incômodas (e úteis) para 2025–2030
A métrica Water Usage Effectiveness (WUE) foi desenvolvida por pesquisadores do The Green Grid, um consórcio industrial sem fins lucrativos, para medir o uso de água por data centers. Semelhante à métrica Power Usage Effectiveness (PUE), que mede a eficiência energética de um data center, a métrica WUE avalia a eficiência do uso de água de um data center.
A WUE é relatada em litros por quilowatt-hora (kWh): o consumo total de água de um data center, medido em litros, é dividido pela energia total consumida por esse data center em quilowatts-hora no mesmo período.
A equação? Water Usage Effectiveness = litros de água para resfriamento / kWh de TI no mesmo período.
Portanto, quanto menor, melhor.
Embora “0” seja a pontuação WUE ideal, isso só pode ser alcançado em data centers refrigerados a ar, e a maioria dos data centers não consegue atingir essa meta devido às condições climáticas de sua localização. A WUE média entre data centers é de 1,9 litros por kWh , o que é uma ótima meta a ser superada.
Como reportar bem
Para reduzir sua pegada ambiental data centers estão migrando para o consumo zero de água, reciclando e-lixo e implementando sistemas de resfriamento otimizados por IA
Para reduzir sua pegada ambiental data centers estão migrando para o consumo zero de água, reciclando e-lixo e implementando sistemas de resfriamento otimizados por IA
PUE, WUE, CUE não são apenas sopa de letrinhas, são a diferença entre greenwashing e sustentabilidade real em operadoras como a Ascenty.
Data centers estão enfrentando uma transformação de US$ 6,7 trilhões até 2030 para lidar com IA. Seu parceiro de infraestrutura não é mais apenas um fornecedor. É sua vantagem competitiva.
Com a IA impulsionando 70% das oportunidades de receita e racks precisando de até 60 kW de energia, o resfriamento a ar deixou de ser uma boa opção.
Data centers neutros em relação à operadora, com redes de fibra privadas e conectividade PIX, criam a base para operações de IA mais rápidas e confiáveis.
Aproveite nossas promoções de renovação
Clique aquiPara continuar navegando como visitante, vá por aqui.
Cadastre-se grátis, leia até 5 conteúdos por mês,
e receba nossa newsletter diária.
Já recebe a newsletter? Ative seu acesso