Em pouco mais de uma década, o Brasil deixou de ser um território dominado por poucos grandes bancos para se transformar em um ecossistema dinâmico e competitivo, onde startups financeiras, plataformas digitais e novos modelos de negócio disputam espaço com instituições tradicionais. Essa virada, destacada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em sua última Consulta do Artigo IV, não é apenas uma curiosidade estatística: representa uma mudança estrutural com efeitos diretos na vida do consumidor e no funcionamento do sistema bancário.
O relatório do FMI aponta que a expansão das fintechs ajudou a reduzir spreads e taxas de juros, rompendo um histórico ciclo de concentração. O impulso veio, sobretudo, do modelo 100% digital, que elimina custos operacionais, automatiza processos e permite ofertas mais baratas e personalizadas. Mas essa transformação não aconteceu por acaso: foi impulsionada por um ambiente regulatório favorável e por inovações estratégicas como o Open Finance e o Pix.
O Open Finance, ao permitir que os clientes compartilhem seus dados financeiros com diferentes instituições, retirou dos grandes bancos o monopólio da informação. Essa abertura conferiu ao usuário liberdade para migrar contas, comparar produtos e negociar melhores condições. Já o Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, não apenas substituiu transferências e boletos, mas também redefiniu a forma de transacionar no país, tornando as operações mais rápidas, acessíveis e amplamente adotadas.
Apesar dos avanços, surgem desafios que vão além da celebração. Como preservar a competitividade quando fintechs de maior sucesso são incorporadas por conglomerados tradicionais? Até que ponto a pressão por margens menores pode comprometer a sustentabilidade desses novos modelos? E, principalmente, como garantir que a evolução tecnológica se converta em ganhos reais de inclusão financeira, e não apenas em comodidade para quem já está no sistema bancário?
O ponto positivo é que, até aqui, a regulação brasileira tem favorecido a concorrência e estimulado a inovação. O desafio para os próximos anos será evitar retrocessos e ampliar as oportunidades para novos entrantes, equilibrando incentivo à competição com segurança e estabilidade. Afinal, inovação financeira não se resume à tecnologia: trata-se de criar condições para que mais pessoas e empresas tenham acesso a crédito e serviços em igualdade de condições.
Se o país conseguir manter esse ambiente fértil, o impacto combinado de fintechs, Open Finance e Pix poderá ir além da redução de juros: representará a consolidação de um sistema mais inclusivo, transparente e competitivo — capaz de tornar o Brasil uma referência internacional de como tecnologia e regulação podem, juntas, reescrever as regras do jogo.
*Andre Purri é CEO e cofundador da Alymente, uma HRTech especializada em soluções flexíveis e personalizadas para gestão de benefícios corporativos
Andre Purri, CEO e cofundador da HRTech Alymente, analisa relatório recente do FMI que destaca a inovação brasileira em tecnologia financeira, como geradora de inclusão econômica, com Pix, Open Finance e fintechs
O futurista Bernard Marr lista as principais tendências de fintechs que vnao crescer nos próximos dez anos. Confira a lista completa
Ele é CEO e cofundador do Majority, neobanco que ajuda os imigrantes a acessar serviços financeiros
Usabilidade dos apps de bancos, conta digital e Open Finance entram na berlinda com o novo estudo Finfacts da Google Cloud
Os dados são centrais no Open Finance, mas nem sempre os bancos conseguem gerar valor a partir das informações. Startups ajudam a criar melhores produtos de finanças abertas com a conversão de dados dos usuários em insights.
A pergunta foi o ponto de partida para uma conversa entre pioneiros do setor financeiro no país durante o OBE Campfire, evento organizado pela Open Banking Excellence, Accenture e Consulado Britânico
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