The Shift

9 Tendências globais revelam quem é o cidadão do século 21

Embora a globalização continue a promover interconexões, a forma como as pessoas a enxergam está mudando (Crédito: Freepik)

O cidadão global está preocupado com as novas tecnologias, mas acredita que podem salvar o mundo. Sente-se um tanto perdido em relação a tantas mudanças, que gostaria que “tudo voltasse a ser como antigamente”. Está consciente de que cuidar de si mesmo é cuidar do corpo e da saúde mental. Esse retrato emerge do relatório Ipsos Global Trends, que traz a perspectiva humana sobre como encaramos o mundo em que vivemos.

O estudo capta 23 valores centrais que unem, dividem e influenciam a visão das pessoas sobre mudanças sociais, econômicas e políticas. As chamadas macroforças incluem avanços da IA, tecnologia pervasiva, evolução da família, ascensão e queda da classe média, comunidade e migração, diversidade étnica e religiosa, mudança climática, perda de biodiversidade, etc. Os pesquisadores chegaram a nove tendências, cada uma destacando uma tensão que marca o comportamento humano. Os insights são baseados em mais de 50 mil entrevistas realizadas em 50 mercados, incluindo o Brasil. 

A seguir, veja quais são as principais tendências apontadas pelo relatório da Ipsos, o que a consultoria acredita que pode ser feito e também highlights do Brasil na pesquisa.

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1. Fraturas na Globalização

Embora o mundo continue altamente interconectado, a globalização é vista como tendo vencedores e perdedores, tanto em nível de mercado quanto em nível pessoal, cita o relatório. A saída? Colocar o foco na valorização de pontos fortes locais, bem como a cooperação e a escala globais.

Nos países em desenvolvimento, a globalização é vista como mais positiva do que em países ricos (Crédito: Ipsos)

2. Sociedades Fragmentadas

O aumento da desigualdade leva a uma fragmentação das estruturas tradicionais, com o surgimento de novas ideologias e lealdades políticas. As pessoas sentem que as empresas e os governos precisam fazer mais, segundo a pesquisa. O desafio, portanto, é se concentrar no no compromisso dos valores compartilhados, daquilo que é comum à grande maioria das pessoas. Em outras palavras, construir pontes e não muros.

No Brasil e mais 18 mercados pesquisados pela Ipsos, a imigração é uma questão: os brasileiros enxergam como algo positivo, mas acham que há imigrantes demais no país (Crédito: Ipsos)

3. Convergência Climática

O investimento mundial em resiliência e mitigação climática está aumentando para acompanhar os impactos da mudança climática. As organizações precisam demonstrar seu comprometimento, incluindo aí o mercado, mas também ajudar as pessoas a sentirem que também estão contribuindo. 

As atitudes em relação à mudança climática mudaram muito, mas nem todos enxergam a adoção de veículos elétricos como uma contribuição importante para a descarbonização (Crédito: Ipsos)

4. Tecnologia: Fascínio e Preocupação

A difusão da tecnologia carrega uma tensão entre a empolgação com todas as ferramentas e a possibilidade de resolver problemas, a conexão e o entretenimento que a tecnologia pode nos proporcionar e as preocupações com a privacidade, a perda de emprego e o potencial de uso indevido. A resposta: identificar os benefícios e reduzir as preocupações. 

A sensação de que o progresso técnico está destruindo nossas vidas é defendida pela maioria em 41 dos 50 mercados pesquisados, mas por mais de quatro em cada dez em todos os mercados (Crédito: Ipsos)

5. Saúde Consciente

A compreensão da saúde é mais holística, ligada ao nosso bem-estar físico e mental, puxada pelo aumento nos níveis de estresse, ansiedade, depressão e outras questões de saúde mental. As tensões persistem em termos de quem tem acesso aos cuidados. Concentre-se em ajudar as pessoas a navegar nesse cenário cada vez mais complicado com informações claras e confiáveis e soluções acessíveis, cita o relatório.

Em todo o mundo, cerca de sete em cada dez pessoas tomam as questões de saúde em suas próprias mãos, realizando pesquisas pessoais de saúde em vez de depender completamente dos médicos (Crédito: Ipsos)

6. Retorno aos Velhos Sistemas

Como a fuga para a nostalgia é muito atraente, algumas pessoas também desejam voltar às estruturas históricas de poder relacionadas à religião, política, gênero e muito mais. Aqui vale colocar o foco nos aspectos positivos do passado, mas as organizações precisam entender que nem todos querem voltar ao passado. 

Há vários tipos de nostálgicos: aqueles que acham que seu país era melhor no passado, os que gostariam de reviver os dias de glória, os que querem uma nação moderna com os costumes de seus pais e os que veem o presente como melhor do que o passado (Crédito: Ipsos)

7. Novo Nihilismo

“Como as tensões econômicas estão impedindo muitas pessoas de realizar seus sonhos de longo prazo, uma atitude às vezes, mas nem sempre fatalista, de ‘viver o momento está aumentando”, segundo a pesquisa. O importante aqui é direcionar esforços para ajudar as pessoas a preencher a lacuna entre suas aspirações e suas realidades.

Dois terços dos 50 mercados pesquisados pela Ipsos adotam a mentalidade “você só vive uma vez”, mais imediatista, pois o futuro é incerto (Crédito: Ipsos)

8. O poder da confiança

“Como somos bombardeados com informações, ansiamos por mensagens autênticas de fontes confiáveis, mas temos mais dificuldade para descobrir em quem e no que acreditar”, cita o relatório da Ipsos. A resposta está em alinhar valores compartilhados da empresa com os do seu público para criar relacionamentos confiáveis.

O mundo está dividido quando se trata de gastar mais em uma marca com uma imagem atraente – 55% globalmente concordam e 41% globalmente discordam (Crédito: Ipsos)

9. Fuga para o Individualismo

Há muitos momentos em que o mundo parece um lugar assustador e capaz de nos esmagar. Para combater esse sentimento, as pessoas olham para coisas que podem controlar elas mesmas, por exemplo. Mas há uma tensão entre aqueles que se esforçam para se destacar e subir de alguma forma e aqueles que se concentram mais no interior. A melhor maneira é alavancar relacionamentos confiáveis para ajudar as pessoas a expressarem suas identidades como quiserem, mesmo que escolham normas históricas.

Pouco mais da metade (55%) dos pesquisados acha que a realização na vida é alcançar uma posição de destaque em sua carreira, enquanto 41% discordam (Crédito: Ipsos)