Acordados neste mês, os planos para criar um tratado global juridicamente vinculativo para reduzir a poluição plástica não poderiam ter sido estabelecidos rápido o suficiente. Cerca de 11 milhões de toneladas de resíduo plástico vão para os oceanos a cada ano, de acordo com dados citados pela ONU. Em caso de inação, essa quantidade pode ser triplicada até 2040.
Os líderes mundiais têm até 2024 para acordarem um tratado sobre poluição por plástico, que deve cobrir todo o ciclo de vida do material, da manufatura até o design e o descarte. Enquanto os governos estão trabalhando para desenhar um tratado, algumas companhias já atuam no problema ao converter o resíduo plástico em outros produtos úteis.
Uma startup sediada no Quênia transforma resíduos plásticos em materiais de construção sustentáveis, incluindo blocos de pavimentação, ladrilhos e tampas de bueiros. Os resíduos de plástico são recolhidos e tratados, combinados com areia e depois remodelados em tijolos. Até agora, a organização afirma ter conseguido reciclar mais de 100 toneladas de resíduos plásticos. A iniciativa também criou oportunidades de trabalho para mulheres e grupos de jovens locais que se tornaram coletores de lixo.
Engenheiros do MIT estão fabricando tecidos de polietileno, um plástico fino frequentemente usado para sacos ou embalagens de alimentos. Os pesquisadores descobriram uma nova maneira de tecer as fibras que permite que a água escape. O resultado é um tecido leve, ideal para uso em roupas esportivas, como tênis, coletes e leggings.
A esperança é que a descoberta incentive a reciclagem. “Uma vez que alguém joga uma sacola plástica no oceano, temos um problema. Mas essas sacolas podem ser facilmente recicladas e, se for possível transformar polietileno em um tênis ou um moletom, faria sentido econômico pegar essas sacolas e reciclá-las”, diz Svetlana Boriskina, cientista pesquisadora que trabalhou no projeto.
Um projeto piloto na Zâmbia está criando combustível com a queima de pneus e outros resíduos plásticos em um reator. A Central African Renewable Energy Corp já está produzindo 600 a 700 litros de diesel e gasolina por dia a partir de 1,5 toneladas de resíduos.
E a empresa busca investimento para crescer ainda mais. “No auge, esperamos poder contribuir com até 20% a 30% do combustível usado atualmente no país“, explicou o executivo-chefe Mulenga Mulenga à Reuters.
Quebrar o plástico ou a borracha requer uma quantidade significativa de energia. Além disso, dióxido de carbono, que é prejudicial ao planeta, é produzido como parte desse processo. No entanto, o projeto ajuda a Zâmbia a reduzir o desperdício ao mesmo tempo que fornece uma fonte de combustível.
A startup PiperWai reaproveita plásticos descartados oceânicos em embalagens para sua linha de desodorantes naturais. A fundadora da PiperWai chegou a utilizar vidro e plástico para embalar sua linha de cuidados com a pele, mas começou a procurar alternativas mais sustentáveis.
Agora, a PiperWai usa embalagens produzidas a partir da reciclagem de resíduos plásticos encontrado nos oceanos e coletados por pescadores. Os materiais são então limpos e processados em embalagens de alta qualidade.
O Fórum Econômico Mundial criou a Global Plastic Action Partnership (GPAP) para enfrentar a crescente questão da poluição plástica. A parceria reúne governos, empresas e sociedade civil para transformar compromissos em ações.
O GPAP também formou parcerias com tomadores de decisão na Indonésia, Gana, Nigéria, Paquistão e Vietnã para acelerar a transição para uma economia circular de plásticos.
Kayleigh Bateman é autora sênior de Conteúdo Formativo do Fórum Econômico Mundial
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