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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Modelos demais, valor de menos

Em 2026, o maior risco de IA pode ser o excesso de modelos e a ausência de integração. O contexto se perde. E o ROI também.

No início de 2025, alguns dos debates mais relevantes sobre a adoção de IA pelas empresas centravam-se na fragmentação de dadosSilos entre departamentos, sistemas que não se conversam, pipelines desestruturados. É consenso que, sem dados integrados, modelos de IA perdem eficácia e escalabilidade. Mas um novo tipo de fragmentação está se tornando evidente, silenciosa e mais difícil de resolver: a fragmentação de modelos.

Com a explosão dos chamados foundation models, como os LLMs, o mercado caminha para uma hiperabundância de soluções. Estudo recente da Epoch AI estima que algo entre 103 a 306 foundation modelsdeverão ultrapassar o limiar de computação (training‑compute) definido pelo AI Act, da União Europeia, até o final de 2028.

Esse crescimento não ocorre apenas em volume, mas também em diversidade, com  lançamento de modelos especializados por setor, idioma, formato de dado, grau de privacidade. Startups oferecem LLMs ajustados para jurídico, saúde, manufatura. Big techs propõem arquiteturas multimodais, integrando texto, imagem e código. Em teoria, mais opções significam mais poder de escolha. Na prática, cria-se um ecossistema fragmentado, em que diferentes departamentos usam diferentes modelos, desconectados entre si e das estratégias organizacionais.

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Esse cenário está gerando o que especialistas começam a chamar de “context fragmentation“. Ou seja: a perda de continuidade semântica entre agentes de IA, sistemas e processos. O sonho da automação rapidamente se transforma em uma colcha de retalhos de assinaturas, transferências manuais e resultados inconsistentes. Pior: quando cada ferramenta opera sobre um subconjunto de dados, com um modelo diferente e sem padronização de linguagem, o risco não é apenas de redundância, mas de colapso de contexto. A IA responde bem localmente, mas se perde sistemicamente, comprometendo decisões integradas, aumentando o custo de governança.

Os fluxos de trabalho são interrompidos quando o contexto se perde entre os sistemas. O resultado? Alta manutenção, baixa confiabilidade e retornos decrescentes.

Arvind Krishna, CEO da IBM, adiciona um elemento temporal a essa equação: quando os dados chegam com atraso, desalinhados ou de fontes isoladas, o contexto se quebra — não só em conteúdo, mas em timing. Isso faz com que modelos (mesmo potentes) operem com insumos defasados, reduzindo precisão e utilidade em aplicações críticas. Em comunicado recente, ao anunciar a aquisição da Confluent, o executivo destacou que outro importante gargalo para escalar IA está na incapacidade de mover dados em tempo real de forma coerente. Sem fluxo contínuo de dados, a IA fragmenta — por excesso de modelos ou por ausência de contexto compartilhado.

Não se trata de evitar a diversificação. Modelos especializados têm papel crítico em setores com alto grau de regulação ou necessidade de precisão. O ponto é que esse crescimento precisa ser acompanhado por uma estratégia clara de integração, interoperabilidade e governança. Sem isso, a fragmentação de modelos poderá repetir ou agravar os erros já conhecidos da fragmentação de dados.

Para desbloquear todo o potencial da IA, as empresas precisam de mais do que soluções pontuais. Precisam de integração de ponta a ponta, onde os agentes de IA compartilham contexto, se adaptam em tempo real e executam fluxos de trabalho em todos os sistemas. A orquestração perfeita — e não a automação isolada — é a chave para resultados escaláveis.

O maior risco de IA em 2026 pode não estar nos modelos ruins, mas em modelos demais. O desafio é garantir que a inteligência não se pulverize. Porque se a IA for adotada como solução pontual, sem arquitetura de contexto, não vai conectar o que importa. Vai apenas automatizar o caos.

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