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Durante a última edição do AI for Good Global Summit, em 2024, mais de 80 demonstrações mostraram o potencial da IA no avanço da exploração espacial e da sustentabilidade ambiental, destacando aplicações inovadoras como previsão do tempo orientada por IA, gestão de água e tecnologias de monitoramento de resíduos. De acordo com uma pesquisa do Google e do Boston Consulting Group, o uso da IA pode reduzir as emissões globais entre 5% e 10% até 2030.

Mas, da mesma forma que a IA pode ser uma facilitadora dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, pode ser uma inibidora. Um estudo publicado em 2020 na Nature revelou que a IA beneficia 134 metas (79%) em todos os ODS, geralmente por meio de uma melhoria tecnológica.

Só para o grupo de Meio Ambiente, o estudo identificou 25 metas (93%) para as quais a IA poderia atuar como uma facilitadora. Há evidências de que os avanços da IA apoiarão a compreensão das mudanças climáticas e a modelagem de seus possíveis impactos. Além disso, a IA apoiará sistemas de energia de baixo carbono com alta integração de energia renovável e eficiência energética, todos necessários para lidar com as mudanças climáticas.

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No entanto, 59 metas (35%, também em todos os ODS) podem sofrer o impacto negativo do desenvolvimento da IA. Os esforços para atingir o ODS 13 sobre ação climática, por exemplo, podem ser prejudicados pelas altas necessidades de energia para aplicações de IA, especialmente se fontes de energia não neutras em carbono forem usadas.

O impacto da IA no meio ambiente e na rede elétrica não será resolvido da noite para o dia, mas existem soluções de mercado para ajudar a resolver esses problemas e fazer a transição dos data centers para um futuro mais sustentável. E boa parte delas passa pelos data centers.

À medida que a IA continua a evoluir, a contratação de data centers e o uso de sistemas de IA com a sustentabilidade em mente vêm se tornando mandatórios para todas as organizações.

“Ao contratar um data center hoje, a prioridade deve ser avaliar a postura ESG da empresa, além de fatores como infraestrutura, escalabilidade e segurança. Verificar a eficiência energética, a utilização de fontes renováveis e a gestão de resíduos também são importantes para garantir um impacto ambiental menor, como já vimos aqui”, explica Rodrigo Radaieski, COO da Ascenty.

Ou seja, ao contratar um data center, é importante garantir que tenham certificações ambientais (ISO 14001, ISO 50001) e que adotem economia circular e gestão adequada de resíduos eletrônicos.

Além disso, a própria IA pode ser uma ferramenta importante para a sustentabilidade dos data centers. Data centers sustentáveis podem aumentar significativamente a eficiência energética por meio da otimização de IA, análise preditiva e uso inteligente de energia.

Modelos de IA podem ser usados em diversas áreas — desde a alocação de recursos até a identificação de processos com alto consumo de energia, permitindo ajustes dinâmicos e fornecendo resfriamento adequado. Outra abordagem é recorrer a modelos de IA que necessitem de menos poder computacional em seu treinamento e execução.

Portanto, para minimizar o problema ambiental causado pela inteligência artificial (IA), algumas estratégias principais a serem adotadas são:

  • Aumento da eficiência energética dos sistemas de IA: Desenvolver algoritmos e modelos que demandem menos poder computacional, reduzindo o consumo de energia durante o treinamento e a execução das aplicações de IA.
  • Uso prioritário de fontes de energia renováveis: Data centers que hospedam servidores de IA devem migrar para energias limpas, como solar e eólica, para diminuir a pegada de carbono associada ao consumo elétrico.
  • Desenvolvimento de políticas públicas e incentivos: Governos podem criar regulamentações e incentivos fiscais para estimular o desenvolvimento e uso de IA “frugal”, ou seja, ambientalmente responsável, incentivando a pesquisa em tecnologias mais verdes.
  • Redução da poluição digital e do lixo eletrônico: Promover o design sustentável de hardware, aumentar a reciclagem e a reutilização de equipamentos, e combater a obsolescência programada para minimizar resíduos tóxicos gerados pela infraestrutura da IA.
  • Conscientização e colaboração entre setores: Empresas, governos e sociedade civil devem trabalhar juntos para implementar práticas responsáveis, transparência no consumo energético e metas claras de redução do impacto ambiental da IA.

Apesar do potencial para um desenvolvimento sustentável, a adoção de práticas verdes na indústria de IA tem sido lenta. Um dos principais obstáculos é o custo elevado da transição para tecnologias mais eficientes e menos impactantes ambientalmente. Um estudo da IBM revelou que, embora 76% dos executivos considerem a sustentabilidade essencial para estratégia de negócios, 47% ainda encontram dificuldades para financiar os investimentos necessários.

Além disso, a rápida evolução da tecnologia coloca pressão sobre as empresas de IA, que frequentemente priorizam a inovação e o desenvolvimento de novos produtos em vez de focar em práticas sustentáveis. Startups de IA, especialmente, enfrentam o desafio de equilibrar crescimento e sustentabilidade, dada a alta demanda por capital e a forte competição.

Para reduzir o impacto ambiental da IA, a indústria precisa adotar uma abordagem mais eficiente. Uma solução é o desenvolvimento de modelos de IA especializados, que consomem menos energia do que os modelos de propósito geral. Esse tipo de otimização pode melhorar o desempenho energético e, ao mesmo tempo, manter o nível de inovação.

Parcerias com data centers que utilizam energia renovável também são essenciais. Empresas que utilizam IA devem buscar provedores que operam com transparência em relação à sua eficiência energética e ao uso de fontes limpas. O uso de ferramentas para medir a pegada de carbono de operações em nuvem pode ser um passo importante para garantir uma IA mais verde.

“Na Ascenty, construir uma infraestrutura digital que alinhe os objetivos de negócios com a sustentabilidade é mais que um compromisso. É parte da nossa identidade”, diz Radaieski. “Seguimos firmes na missão de impulsionar a infraestrutura digital com impacto positivo e práticas que fazem a diferença.”

Várias empresas de tecnologia também estão adotando diversas estratégias para mitigar os impactos ambientais da inteligência artificial (IA), focando principalmente na eficiência energética, uso de energias renováveis e inovação sustentável na infraestrutura. Entre elas:

  • Otimização da eficiência energética dos algoritmos e hardware: Empresas como Nvidia desenvolvem chips mais eficientes, que aumentam o desempenho da IA generativa consumindo significativamente menos energia. Além disso, há um movimento para criar modelos de IA especializados que demandam menos recursos do que modelos genéricos, reduzindo o consumo energético.
  • Uso crescente de energias renováveis e fontes limpas: Gigantes como Google têm investido em parcerias para alimentar seus data centers com energia renovável, incluindo projetos com energia nuclear modular considerada mais limpa por algumas empresas, embora controversa para ambientalistas. A meta é migrar para 100% de energia renovável em data centers até 2030, como previsto em iniciativas europeias.
  • Gestão sustentável dos data centers: Adoção de práticas como resfriamento eficiente, reciclagem de água e reutilização de componentes para reduzir o consumo de recursos naturais e a geração de lixo eletrônico. A computação consciente de carbono, que otimiza operações para horários e locais com maior disponibilidade de energia limpa, também é aplicada.
  • Investimento em inovação e políticas públicas: Grandes players apoiam pesquisas para desenvolver tecnologias verdes e colaboram com governos para criar regulamentações que incentivem práticas sustentáveis na indústria de IA, incluindo métricas para medir e controlar a pegada ambiental.
  • Aplicação da IA para promover sustentabilidade: Além de reduzir seu próprio impacto, empresas como IBM, Microsoft e Unilever utilizam IA para otimizar cadeias produtivas, reduzir desperdícios e monitorar impactos ambientais, alinhando tecnologia e sustentabilidade corporativa.

Essas ações mostram uma consciência crescente da necessidade de equilibrar o avanço da IA com a preservação ambiental, adotando soluções técnicas, parcerias estratégicas e políticas integradas para enfrentar os desafios ambientais da era digital.

A IA promete reduzir as emissões globais em 10%, mas ao mesmo tempo ameaça a sustentabilidade com seu enorme consumo de energia.

Os data centers estão no centro de um paradoxo: são parte do desafio ambiental, mas também essenciais para a solução.

A revolução da IA verde será decidida pela forma como alimentamos nossas máquinas, não apenas pelo que elas podem fazer.