As vacinas contra a Covid-19 são um exemplo do potencial de impacto das deep techs. Tanto a Moderna quanto a BioNTech surgiram como startups de biotecnologia conectadas com a pesquisa acadêmica. No ecossistema de deep techs, a Ciência cruza com a tecnologia. O segmento é uma tendência crescente em todo o mundo. Com mais incentivo, o Brasil pode se tornar um polo de soluções de tecnologia profunda em áreas como biodiversidade e saúde. É o que acredita a Emerge, uma empresa especializada na integração de tecnologias e soluções deep techs. Para transformar esse potencial em realidade, é essencial aproximar a ciência do mercado e sistematizar uma estratégia para fomentar a formação de um ecossistema nacional de soluções.
Apesar de ser o 14º país em produção científica em 2021, segundo dados da plataforma Scimago, o Brasil ocupa a 54ª posição no Global Innovation Index, que ranqueia as nações de acordo com a capacidade e o sucesso em inovação. A nação vive um descompasso. Os pesquisadores brasileiros poderiam fomentar a inovação, mas boa parte da produção acadêmica não extrapola os muros da universidade. O cofundador e diretor de novos negócios e projetos da Emerge, Lucas Delgado, resume a questão: o país tem uma ciência competente e uma veia empreendedora, mas ainda precisa aprimorar a integração entre as duas pontas para aproveitar melhor as oportunidades de criação de deep techs.
Em entrevista ao relatório “Deep Tech Report 2021”, da plataforma Distrito, o fundador da gestora de venture capital especializada em deep techs GRIDS Capital, Guy Perelmuter, também expressa a preocupação com a baixa conexão entre academia e mercado. “Nós possuímos profissionais e pesquisadores altamente qualificados, seja nos quadros privados ou nos quadros de governo. Mas a estrutura, a institucionalidade desta mentalidade - algo que chamo de ‘cabeamento entre as instituições’ - ainda deixa muito a desejar. O talento individual precisa ser complementado com um plano de Estado consistente e de longo prazo em todos os poderes e esferas governamentais. Isso é crítico para que nós tenhamos a chance de competir em um planeta onde o conhecimento e a ciência serão os diferenciais que vão separar países prósperos de países medíocres ou miseráveis”, comenta.
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