The Shift

Sua empresa precisa de um diretor de Inteligência Artificial?

A transformação digital está acontecendo a uma velocidade vertiginosa e o crescimento dos negócios depende da eliminação final e completa de silos dentro das organizações, especialmente no C-suite, de modo a realizar o alinhamento total de metas e prioridades, com a finalidade de gerar resultados tangíveis.

Ainda assim, novas posições seguem sendo incorporadas ao alto escalão executivo. Muitas delas relacionadas ao uso estratégico de dados e Inteligência Artificial, como o Chief Data Officer (CDO), o Chief Analytics Officer CAO), Chief Data & Analytics Officers (CDAO) e, mais recentemente, o Chief Artificial Intelligence Officer (CAIO).

Mas essas funções são realmente necessárias? Para responder, vamos começar por quem chegou primeiro: a galera de dados e análises.

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O Gartner prevê que, em 2023, metade das lideranças digitais sem um par de dados precisará se tornar uma liderança de dados para ter sucesso. E a consultoria é uma das poucas que não faz distinção entre as funções de CDO, CAO e CDAO.

A maioria das empresas de TH e análise de mercado distingue o CDO do CAO. Atribui ao CDO a responsabilidade de gerenciar dados – o vendo, portanto, como uma função de tecnologia – e ao CAO a responsabilidade de liderar o data analytics – uma função de negócios.

Há também quem acredite que, embora o gerenciamento de dados e a condução da análise de dados sejam funções diferentes, ambas possam ser exercidas pela mesma pessoa. E aí entra em cena a função de CDAO.

A lógica por trás desses papéis é a de que, para gerenciar dados como um ativo comercial vital, as empresas precisam desenvolver habilidades de liderança, experiência e estrutura organizacional para gerenciar e comunicar com eficácia o valor comercial dos dados.

Está claro que a transformação de negócios baseada em dados é um processo de longo prazo que requer paciência e firmeza. Investimentos em governança de dados, alfabetização de dados, programas de conscientização do valor e do impacto dos dados dentro de uma organização são passos indispensáveis na direção certa.

Então, o que muitas empresas buscam, no fundo, é a nomeação de uma liderança encarregada de ajudá-las a superar obstáculos culturais e de negócios em sua jornada para se tornar uma empresa data-driven.

CDOs

A ascensão dos CDOs aconteceu junto com o surgimento do big data, no início da década de 2010. O percentual de grandes empresas com CDO subiu de 12% em 2012 para 65% em 2021, de acordo com uma pesquisa executiva anual da NewVantage Partners.

Essa mesma pesquisa revela que uma porcentagem crescente de diretores de dados- um recorde de 70,1% – estão se concentrando em atividades de geração de receita, contra 54,6% em 2020 e 44,0% há meia década.  E só uma minoria (29,9%) permanece focada em fatores de risco.

Já a visão de que o papel do CDO deve ser provisório, ou desnecessário a longo prazo, caiu para 4,2% este ano. E apenas um terço das empresas (33,3%) tenha dito  que a função de CDO é bem-sucedida e estabelecida. Pouco, mas ainda assim uma leve melhoria em relação ao ano passado, quando apenas 27,9% disseram o mesmo.

CAOs

Olhando para o histórico das funções, a posição de CDO já existia antes do ssurgimento da função de CAO. Conforme as empresas começaram a passar das estratégias baseadas em dados para as estratégias baseadas em análises e IA, o foco aumentou em análise e não apenas em gerenciamento de dados.

CAOs coletam dados, criam modelos de inteligência de negócios e decisões orientadas aos negócios enquanto desenvolvem data warehouses, governança de dados e estruturas de gerenciamento e usam ferramentas de relatório e visualização. Têm habilidades de ciência de dados e se concentram na qualidade dos dados em processos de dados por meio de processamento e mineração de dados.

CAOs têm a missão de ajudar a empresa a transformar dados em valor, a partir dos insights extraídos desses dados. É uma liderança que atua como estrategista de negócios, conhece o fluxo de informações, entende seu contexto e está ciente de como as informações geradas a partir dos dados estão vinculadas à empresa. Por isso, pode representar um ponto de inflexão na jornada digital de uma organização.

CDAOs

Há, de fato, muitas combinações e cruzamentos entre as responsabilidades de CDOs e CAOs. Razão pela qual algumas empresas prefiram contratar Chief Data & Analytics Officers.

Ao conjugar uma visão abrangente dos dados com uma estratégia de usa bem articulada, CDAOs estão em uma posição única para equilibrar as necessidades específicas de dados e os objetivos corporativos, e conduzir iniciativas estratégicas que garantam a continuidade dos negócios e o crescimento da receita.

A mais recente pesquisa com Conselhos de Administração do Gartner revelou que 69% deles aceleraram suas iniciativas de negócios digitais em resposta à crise provocada pela Covid-19 e estão se movendo mais rápido agora do que antes do início da pandemia. Setenta e oito por cento dos entrevistados disseram que a análise emergirá como a principal tecnologia de mudança de jogo da crise.

“É hora de dispensar as crenças convencionais sobre a D&A de que ela apenas responde às necessidades do negócio, em vez de agir como um catalisador”, afirma Mike Rollings, vice-presidente de pesquisa do Gartner.

Não apenas a demanda por dados e análises (D&A) aumentou desde o início da pandemia, como a urgência de conduzir a transformação digital também mudou. “Um negócio digital não pode existir sem dados e análises”, explica Rollings. Cada estratégia digital está ligada a como os momentos de negócios digitais são orquestrados e como os ativos de D&A são usados ​​para maximizar o valor econômico.

Liderar a transformação digital tornou-se a principal habilidade e expectativa de capacidade para CDAOs, expandindo ainda mais a função de D&A. “A liderança de dados será bem-sucedida, entregando a transformação dos negócios, ou fracassará, concentrando-se excessivamente em questões táticas e responsivas”, diz Rollings.

E Chief AI Officers pedem passagem

O rápido aumento da IA ​​em valor agregado deixou as empresas lutando para adotar essa tecnologia altamente complexa. Os casos de uso não são claros. E os especialistas estão principalmente na academia, em empresas de tecnologia de ponta, como as FANG (Facebook, Netflix, Amazon, Google) e nas startups. Algumas delas já ostentam em seus quadros funcionais o papel de CAIOs.

Mas e quanto às demais? Assistiremos à ascensão da funções de CAIO como vimos a ascensão de CDAOs? Tim Gordon, da Best Practice AI, acredita que sim. Ele está entre os que defendem que as empresas contratem Chief AI Officers. Na sua opinião, ter um diretor de IA, ainda que terceirizado ou virtual, pode ajudar as equipes a “definir a estratégia de IA, oferecer suporte às escolhas de tecnologia e impulsionar sua implantação”.

O principal argumento nessa direção é o de que muitas empresas deixam de aproveitar totalmente a IA porque a C-suite geralmente não entende os recursos da tecnologia ou o impacto que ela pode ter nos negócios. De acordo com o relatório 2021 Tech Trends, da Deloitte, muitas organizações que experimentam IA se sentem prejudicadas por processos desajeitados e frágeis de desenvolvimento e implantação que podem sufocar a experimentação e impedir a colaboração entre equipes de produto, equipe operacional e cientistas de dados.

A ideia é ter alguém que chefie ou lidere as iniciativas de IA em toda a organização. A designação pode ser Chief AI Officer , Vice-president (VP) – AI Research , Chief Analytics Officer , Chief Data Officer, AI COE Head ou talvez, Chief Data Scientist.  Não importa. Se há o desejo de transformar os dados de despesa em um ativo, a presença de um desses executicos pode ajudar. Mas o título mais usual hoje é mesmo CAIO.

E quais seriam as atribuições desses profissionais? Segundo a Chief AI Officer Professional Association, gerenciar o valor da IA, sua goverança, estratégia de dados baseada em IA e a supervisão de passivos. A entidadae também compara os CAIOs com os CIOs.

CAIOs devem se reportar ao CEO e/ou ao conselho e, entre outras tarefas, compreender e aprovar todos os fornecedores terceirizados que vendem soluções de IA – especialmente aqueles que oferecem soluções de tecnologia para recrutamento e contratação, opina Bradford Newman, da Baker McKenzie. “Quando apropriado, CAIOs também devem supervisionar, ajudar a preparar e aprovar contratos comerciais para IA”, segue ele.

Estabelecer uma função analítica digitalmente madura e bem-sucedida exige investimento em talento, dados, liderança, ferramentas, plataforma e cultura. A IA é muito mais especializada. Isso significa que os profissionais precisam saber onde aplicá-la e no que ela é boa ou não para maximizar os resultados.

A vantagem de um oficial chefe de IA é ter alguém que pode garantir que a IA seja aplicada em toda a empresa. A maioria das empresas desenvolveu funções em silos naturalmente para se especializar e se tornar mais eficientes. Visto que cada aspecto de um negócio envolve a coleta e o uso de dados para obter vantagem competitiva, CAIOs podem avaliar como diferentes unidades de negócios podem trabalhar juntas para criar novas vantagens competitivas.

Mas o número de empresas que têm um CAIO atualmente ainda é surpreendentemente pequeno – apenas 5% das empresas pesquisadas recentemente pela IBM e Forbes Insights.