The Shift

IA e Blockchain contra a corrupção

A China anunciou na última semana de agosto um plano de utilizar inteligência artificial e blockchain para supervisionar as próprias autoridades do país. O projeto faz parte de uma campanha nacional que visa eliminar a corrupção de instituições públicas.

Membros da polícia e do judiciário estarão sob escrutínio de algoritmos de machine learning treinados para identificar desvios do padrão em processos penais, desde o inquérito até a sentença. O sistema será complementado com uso de blockchain para tornar os dados dos processos invioláveis e transparentes.

O plano chinês segue uma tendência global de aplicações tecnológicas no combate à corrupção. O Fórum Econômico Mundial realizou um projeto na Colômbia que comprovou a eficácia de registrar licitações públicas em redes blockchain nesse sentido. No entanto, os resultados mostram também que ainda há limitações para este uso da tecnologia, por conta do pequeno volume de dados digitalizados no setor público.

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Há também alguns cases que demonstram o potencial da inteligência artificial para diminuir os gastos com a corrupção. No Brasil, onde se perdem US$ 160 bilhões ao ano por conta de desvios, a Controladoria Geral da União utiliza algoritmos inteligentes para analisar prestações de contas e procurar irregularidades em editais públicos, desde 2017 e 2018, respectivamente. O limite da tecnologia, porém, está na regulação: evidências de fraudes obtidas com IA não são válidas em tribunal. Assim, o uso de algoritmos fica restrito a uma primeira varredura antes do processo analógico de auditoria da CGU.

A mesma lógica do combate à corrupção no setor público pode ser replicada ao mundo corporativo. Segundo análise da Forbes, a confiabilidade promovida pela blockchain pode se tornar um diferencial para empresas, principalmente aquelas buscando relação com investidores. Ter uma prestação de contas transparente e segura em uma rede descentralizada é um sinal de que o estado financeiro de uma organização é sólido. E, em análise final, pode surgir no mercado uma “competição saudável pela transparência”.