O conhecimento atual dos CFOs sobre tecnologia e seu potencial para gerar receita é maior do que nunca. A mudança massiva para o trabalho remoto e a mudança nos modelos de experiência do cliente e negócios forçada pela pandemia levou os executivos financeiros a prestarem mais atenção às iniciativas de transformação digital. No Brasil, mais do que em qualquer outro dos 12 países participantes do estudo “2021 CFO Peer Insights: Digital Transformation and IT Spending Priorities“, patrocinada pela Rimini Street.
“Houve uma mudança importante no comportamento dos executivos financeiros”, diz Edenize Maron, gerente geral da Rimini Street para a América Latina. “Não era comum ver o CFO envolvido em discussões de digital. Agora, ele está se tornando um agente provocador dos esforços de transformação digital. Geralmente, são CFOs mais jovens, com formação fora do país e conhecimento maior de tecnologia digital”, explica.
Esse novo perfil de CFO está disposto a fazer o que tiver ao seu alcance para promover a disrupção que ele sabe ser necessária. Isso ficou bastante evidente nos resultados do estudo. Porém, foi constatado também que o CIO brasileiro não sabe reduzir despesas – o que pode ser considerado um gap para a TI em geral e para a inovação do país, pois não ter estratégia para investir ou reduzir custos resulta em gastos desnecessários e falta de recursos para o investimento em melhoria e inovação, deixando o país em desvantagem, em relação aos demais, quando o assunto é inovação.
O que fazer, como fazer, quanto gastar… tudo isso foi mapeado pela pesquisa. Vejamos.
Os 105 CFOs brasileiros entrevistados preferem projetos de TI que otimizem os investimentos existentes (53%), melhorem os processos e a eficiência (50%) e gerem receita (43%). Mais da metade (55%) se recusam a gastar reais preciosos com investimentos em TI que não façam nenhuma diferença para a empresa; 57% querem reduzir os gastos com investimentos em TI não essenciais; e 77% pretendem financiar iniciativas de transformação digital com forte ROI.
Mas não querem reduzir custos sem um bom motivo. Qualquer corte feito deve representar uma mudança positiva para os resultados do negócio em geral. Curiosamente, quando os CFOs são questionados sobre os tipos de iniciativas de TI que prefeririam cancelar, os projetos de redução de custos vão para o topo da lista, um sinal de que muitas vezes esses projetos não são relevantes e poderiam até ser prejudiciais à empresa.
A tarefa de controlar os custos se tornou cada vez mais complicada. Financiar prioridades de TI estratégica pode ser difícil para as empresas nas quais a elevação dos custos ultrapassa a receita, fazendo da manutenção do crescimento e da lucratividade um grande desafio. Muitos itens de custo legados que antes eram vistos como necessários, como o gerenciamento de data centers, a manutenção de licenças de software ou a realização de atualizações caras demandadas pelos fabricantes, agora estão sendo reavaliados. Uma das considerações críticas para os CFOs quanto aos gastos em TI é priorizar os projetos que produzem resultados de negócios positivos, e 55% dos CFOs concordam que não podem se dar ao luxo de gastar dinheiro em projetos de TI que não fazem nenhuma diferença.
Os CFOs entrevistados desejam que o ROI dos gastos em tecnologia seja rápido; 63% pretendem obter retorno dos investimentos feitos em até dois anos. Embora esse prazo possa parecer rápido e não realista para iniciativas de grande porte, ele não é irracional, considerando-se o ritmo da inovação tecnológica. A Rimini alerta, no entanto, que os CFOs que exigem um prazo curto para o ROI devem recomendar que seus CIOs adotem uma abordagem em fases ou com autofinanciamento que acompanhe e se utilize de ganhos rápidos e demonstráveis.
A pesquisa revela também que 73% dos CFOs têm uma visão favorável de seus CIOs, com 43% deles afirmando que seus CIOs são parceiros que ajudam a conectar os pontos entre a tecnologia as decisões empresariais e 30% elogiando seus CIOs como agentes de mudança inovadores que conduzem a estratégia da empresa. Com quase três em cada quatro CFOs tendo uma imagem positiva de seus CIOs, essa sólida relação pode permitir que os CFOs e CIOs parceiros promovam a transformação digital e liderem os esforços junto à diretoria.
Uma das principais conclusões é que 77% dos CFOs financiarão um novo projeto apresentado por seus CIOs se houver um business case sólido. E 17% insistirão com a diretoria para garantir o financiamento necessário. Essa descoberta indica que, quanto mais sólido o business case do CIO, maior a probabilidade de que o projeto seja financiado com um novo orçamento, em vez do orçamento de TI já existente do CIO. Os entrevistados esperam que seus colegas CIOs apresentem propostas de investimento em tecnologia com fortes iniciativas de geração de receita (43%), que otimizem os investimentos em tecnologia (53%), os processos e a eficiência dos funcionários (50%).
Quando questionados sobre se atingiram valor com seus investimentos em tecnologia nos últimos três anos, todos os CFOs (100%) dizem que acreditam que os investimentos em tecnologia renderam bons resultados. Em particular, os tipos de investimentos em tecnologia que atingem mais valor incluem a Internet das Coisas (41%), as tecnologias SaaS voltadas para o cliente (36%) e as tecnologias de segurança (33%). Outras áreas citadas como geradoras de valor incluem trabalho remoto dos funcionários (32%), Business Intelligence e Analytics (28%), mobilidade (27%) e mudança da infraestrutura para a nuvem (25%).
Grandes investimentos em tecnologia com baixo valor agregado como algumas migrações e atualizações mandatórias de ERP podem ser adiadas ou evitadas. Além disso, os sistemas ERP podem ser otimizados por meio de mudanças estratégicas como a migração para o suporte independente, por exemplo, que permite a liberação de recursos para ajudar a acelerar os projetos de transformação digital e inovação em geral.
“O desafio de orquestrar o novo com o velho nunca foi tão grande”, comenta Edenize. Ïmpulsionadaa pelo CFO, a nova TI constrói uma nova arquitetura orientada a micro serviços (MSA), mandatória para prover agilidade e inovação para a o sucesso dos negócios”, comenta a executiva.
Mudar dá trabalho e muitas vezes as barreiras são também culturais dentro da própria organização. Até mesmo colaboradores dentro da equipe de TI podem boicotar esse movimento de transformação, por não saberem – ou por não quererem -, se adaptar e aprender uma nova forma de trabalhar. Então este deve continuar sendo um ponto de atenção para todos os executivos C-level. Todos precisam olhar para os negócios de modo mais abrangente. Os CFOs já entenderam isso.