Quase um terço (30%) da energia elétrica consumida no Brasil por empresas é comercializada no mercado livre de energia, ou Ambiente Livre de Contratação (ACL), regulamentado há 22 anos pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). O modelo oferece vantagens, a começar por uma tarifa de energia que pode ser até 30% menor que a tarifa do ambiente de contratação regulada (ACR), e a possiblidade de uso de fontes de energia limpa renovável, como fotovoltaica e eólica, que reduzem a pegada de carbono das empresas.
Mas chegar até esse mercado não é fácil. Seis meses. É o tempo médio que uma empresa leva, passando por consultorias, entrega de documentação, análise de crédito, fiança (que pode chegar a 3% do valor do contrato) e assinatura de papeis, muitos papeis, num processo intensivamente analógico, digamos assim. E quando está nele, o risco da variação de custos é o problema: se ultrapassar o consumo fechado no contrato por um determinado preço, vai ter que pagar o excedente pelo preço do mercado de curto prazo, altamente volátil e potencialmente mais oneroso.
A complexidade do acesso é uma pedra no sapato das empresas pequenas e médias que consomem entre 0,5 MW e 3 MW por ano e que representam um mercado anual de R$ 11 bilhões. É nelas que a Omega Energia está mirando com o lançamento da primeira plataforma digital de compra e gestão de energia no mercado livre que se apoia em um algoritmo para acelerar a contratação e a análise de risco, e oferecer uma tarifa batizada de Smart Flex que se mantém pelo contrato todo, eliminando o risco associado à variação de preço e volume de consumo.
A plataforma da Omega traz para o mercado de energia um modelo disruptivo semelhante ao que a cloud computing trouxe para os dados, com a contratação de infraestrutura as-a-service. Usando o algoritmo para minimizar o risco da flutuação de preço, explica Antonio de Bastos Filho, fundador da Omega Energia. A empresa acredita que vai dobrar seu lucro bruto em dois anos, passando de R$ 40 milhões para mais de R$ 100 milhões. Que pode crescer muito com a abertura do mercado livre de energia para consumo residencial, uma promessa do governo para até 2024. Aí estamos falando de um mercado de mais de R$ 100 bilhões ao ano.