Depois de dez dias,a SXSW 2023 termina deixando um monte de lições de casa para o resto do ano e, acima de tudo, reforça a ideia de que todas as inovações só vão importar mesmo se forem usadas para melhorar nossa vida e a vida do planeta. A marca da SXSW 2023 foi a busca urgente da felicidade. E, por coincidência, o evento terminou na véspera do lançamento do novo relatório do Gallup, o World Happiness Report 2023, que saiu exatamente no dia 20, definido há dez anos em uma Assembleia Geral das Nações Unidas como o Dia Internacional da Felicidade.
O relatório do Gallup casa com o espírito da SXSW 2023: apesar das muitas crises globais, as pessoas continuam “notavelmente resilientes”, de acordo a pesquisa. Além de constatar que o mundo agora quer uma métrica de verdade para a felicidade, o relatório descobriu que a onda global de benevolência, que veio com a pandemia, ficou entre nós: em 2022, atos globais de bondade foram cerca de 25% mais comuns do que antes da pandemia.
A importância de buscar o bem em tempos de escuridão, foi o tema da palestra de abertura do evento, feita por Simran Jeet Singh. Ele destacou a frase Chardi Kala, que em punjabi significa “eterno otimismo”. “(Chardi Kala) não é sobre escapar”, disse Singh. “Não se trata de positividade tóxica. Trata-se de reconhecer os desafios pelo que eles são e entrar neles com seus valores e encontrar a luz nesses momentos.”
Depois de Singh, a trilha de palestrantes e debates da SXSW 2023 seguiu puxando as pessoas para a luz, com firmeza:
- Felicidade de usar tecnologias disruptivas que, em um cenário otimista, podem mudar completamente nossa vida, deixando para a máquina o que é chato e nos dando tempo para fazer o que nos dá prazer. Mas é preciso foco e atenção, alertava Amy Webb no final de semana de abertura do evento.
- A oportunidade de afirmar que temos só um planeta, que precisa de muito carinho, ação e atenção, para continuar existir, e a felicidade de poder colocar a estrutura corporativa a favor dessa tarefa, como reforçou o CEO da Patagonia, Ryan Gellert, ao afirmar que “a Terra é nosso único acionista”.
- A missão de chefs como José Andrés, fundador da World Central Kitchen (WCK), e Andrew Zimmern, Embaixador da Boa Vontade do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, em busca de exterminar a insegurança alimentar global, um prato de comida por vez, e com muita tecnologia para novos alimentos sustentáveis.
- Privacidade como componente incondicional da liberdade e da cidadania, como defendeu Chelsea Manning em seu keynote sobre o futuro da privacidade na rede e a necessidade de mudanças urgentes na forma como a internet controla nossas vidas.
- Busca pela sanidade mental, felicidade e bem-estar, lançando mão de novas tecnologias e novos remédios, no que já está sendo chamado de “nova revolução psicodélica”. Para Deepak Chopra, que fez parte dessa trilha, precisamos de “uma pandemia de alegria”.
- Inclusão e diversidade transformando o local de trabalho, e a oportunidade de colocar propósito e talento no lugar de viés de gênero, raça, formação ou opção sexual. O tema DEI foi o ponto central do painel, que incluiu Jonathan Adashek, da IBM; Bridgette Gray, do Opportunity at Work; Jill Kramer, da Accenture; e Aneesh Raman, do LinkedIn.