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Como cultivar a confiança cibernética dentro da empresa: estratégias para lideranças

A confiança cibernética envolve a garantia de que as informações sensíveis estão seguras, as operações digitais da empresa são confiáveis

Segurança cibernética é um dos pilares mais importantes dentro de qualquer organização. Mas para se transformar em um verdadeiro ativo, capaz de gerar valor, é preciso vir agregada de confiança cibernética. 

A confiança cibernética é a chave para sustentar a credibilidade da empresa diante de clientes, investidores, funcionários e parceiros. Ela reforça o fato de que a organização está comprometida com a segurança em todos os níveis de suas operações digitais e gerencia riscos de maneira estratégica e efetiva. A confiança cibernética envolve a garantia de que as informações sensíveis estão seguras, as operações digitais da empresa são confiáveis e que todos os funcionários, clientes e parceiros podem interagir com a infraestrutura da organização sem comprometer sua segurança ou privacidade. 

Para que ela possa se tornar um ativo da organização, a confiança cibernética precisa ser construída a partir dos seguintes elementos:

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“As lideranças devem compreender que a segurança cibernética precisa estar no DNA da empresa, desde a estratégia de negócios até o fortalecimento da relação de confiança com os clientes”, afirma Demetrio Carrión, Cybersecurity Leader para a EY América Latina. Segundo ele, a crescente diversidade de tecnologias está fazendo com que as organizações tenham de manter uma vigilância constante em todos os pontos de contato, pois os incidentes podem vir de qualquer um deles e impactar negativamente as operações e a imagem da companhia.

“Esse cenário impõe um desafio adicional para as equipes de cibersegurança, que precisam de investimentos contínuos, principalmente nas ações de prevenção para construir a confiança cibernética”, diz.

A importância da Confiança Cibernética

A confiança cibernética está profundamente ligada à resiliência organizacional. Empresas que não conseguem estabelecer um ambiente de confiança cibernética arriscam serem vistas como alvos fáceis para ataques. Segundo dados levantados a partir de uma nova pesquisa da EY, 53% dos trabalhadores se preocupam que sua empresa seja alvo de um ataque cibernético, e 34% temem que sejam eles os responsáveis por deixar sua organização vulnerável. Isso só reforça a importância de construir um ambiente no qual colaboradores se sintam preparados e confiantes para lidar com ameaças cibernéticas.

A confiança cibernética é também um fator competitivo. As organizações que conseguem integrar práticas de segurança cibernética robustas em seus processos internos e que educam sua força de trabalho para estar atenta a potenciais riscos são mais bem posicionadas para enfrentar desafios futuros, mantendo a confiança de clientes e parceiros.

O papel da liderança na construção da Confiança Cibernética

As lideranças de segurança cibernética desempenham um papel-chave na criação de um ambiente de confiança cibernética. A pesquisa da EY destaca que, em momentos de incerteza, a liderança deve adotar uma postura transparente e responsável, principalmente no que diz respeito ao uso de Inteligência Artificial e outras tecnologias emergentes.

Chief Information Security Officers (CISOs) devem liderar pelo exemplo, demonstrando o uso responsável das tecnologias adotadas pela organização e promovendo uma cultura de segurança cibernética por meio de comunicação clara e acessível. As decisões da alta liderança devem refletir um compromisso com a transparência e a ética, criando um ambiente de confiança entre todos os níveis da organização.

CISOs e suas equipes devem trabalhar para “promover a simplicidade, a transparência e o reforço positivo”, segundo o relatório. Isso inclui “tornar os protocolos cibernéticos tão simples e transparentes, quanto possível”. 

A pesquisa apontou a existência de uma lacuna entre o conhecimento das lideranças e equipes de cibersegurança e dos demais funcionários da organização. Os CISOs devem provocar discussões em suas equipes de como lidar com o problema. Todos os funcionários dentro da empresa sabem qual é o seu papel na segurança cibernética? Eles conhecem os protocolos e sabem como colocá-los em prática? Sabem a quem avisar em caso de suspeita de que algo está errado? Transformar dúvidas em manual, FAQ ou mesmo um quiz pode ajudar a sedimentar esse conhecimento.

Confiança cibernética: o que fazer na prática

No contexto empresarial, construir e manter a confiança cibernética inclui uma série de práticas que envolvem:

  1. Proteção de Dados: Implementar medidas para garantir que os dados críticos, sejam eles de clientes ou internos, estejam seguros contra vazamentos, roubo ou manipulação.
  2. Integridade dos Sistemas: Garantir que os sistemas de TI funcionem conforme o esperado e que possam resistir a ataques, sem comprometer a integridade das operações.
  3. Conformidade e Transparência: Cumprir com todas as normas regulatórias e legislações de proteção de dados, além de ser transparente sobre como os dados são coletados, armazenados e usados.
  4. Capacitação de Usuários: Treinar colaboradores para que sigam as melhores práticas de segurança cibernética, reconhecendo ameaças e reportando incidentes com eficiência e rapidez.
  5. Resposta a Incidentes: Ter um plano de resposta a incidentes bem estruturado, que permita mitigar rapidamente os impactos de qualquer ataque cibernético, minimizando danos à reputação e continuidade do negócio.

A Importância dos dados na tomada de decisões de cibersegurança

A construção de confiança cibernética deve ser baseada em dados. A análise contínua das vulnerabilidades da organização, aliada ao monitoramento das tendências globais de ameaças, permite que os líderes de segurança cibernética tomem decisões mais informadas e ajustem suas estratégias em tempo real.

Segundo a pesquisa da EY, 80% das lideranças de cibersegurança estão preocupadas com o uso da IA em ataques cibernéticos, e 78% acreditam que esses ataques se tornaram mais sofisticados devido à IA. Portanto, as lideranças de segurança cibernética precisam utilizar essas informações para priorizar investimentos em soluções de defesa e em treinamento que acompanhem essa evolução.

Construção de uma cultura de Confiança Cibernética

As pessoas são uma parte muito importante da construção de confiança, portanto, as lideranças devem garantir uma comunicação clara e transparente sobre o que a empresa busca e qual o papel de cada um. Para construir confiança cibernética, as organizações devem adotar uma abordagem integrada, que inclua políticas claras, treinamento contínuo, uso responsável de IA e uma forte liderança. A seguir, alguns dos principais pilares para cultivar essa cultura.

  1. Treinamento contínuo e atualizado

A rápida evolução da IA e das tecnologias emergentes exige que as empresas atualizem constantemente seus programas de treinamento em segurança cibernética. Segundo a EY, 91% dos funcionários acreditam que as organizações devem atualizar seus treinamentos regularmente para acompanhar o ritmo das ameaças cibernéticas alimentadas pela IA. No entanto, apenas 62% afirmam que suas empresas realmente priorizam a educação sobre o uso responsável da IA.

Treinamentos e workshops ajudam a reduzir o medo e aumentam a confiança dos funcionários na identificação de ameaças. Um dado alarmante da pesquisa revela que apenas 31% de profissionais da Geração Z se sentem confiantes em identificar tentativas de phishing, uma das ameaças mais comuns de engenharia social. Treinamentos contínuos, portanto, são essenciais para garantir que colaboradores estejam preparados para detectar e agir de forma ágil contra ataques cibernéticos.

  1. Gamificação para engajar colaboradores

A gamificação, ou seja, o uso de elementos de jogo em contextos de treinamento, é uma maneira de aumentar o engajamento dos funcionários. Segundo a pesquisa da EY, programas de treinamento que incluem competições internas e sistemas de recompensas são mais eficazes em incentivar a participação ativa dos funcionários.

A gamificação pode ser bem aplicada em campanhas de conscientização contra ataques de engenharia social, como phishing. Ao incentivar a curiosidade natural de funcionários e transformá-la em uma ferramenta para a segurança cibernética, as organizações conseguem mitigar riscos e, ao mesmo tempo, manter um ambiente com pessoas motivadas.

  1. Simplicidade nos protocolos de cibersegurança

Uma das grandes dificuldades apontadas pela pesquisa da EY é a falta de clareza nos protocolos de segurança. Entre os funcionários da Geração Z, 39% afirmaram não compreender totalmente os processos de notificação de ataques cibernéticos, em comparação com 19% da Geração X e 15% dos Baby Boomers.

Portanto, as lideranças de segurança cibernética precisam simplificar playbooks e tornar os protocolos de segurança intuitivos. Relatar incidentes deve ser um processo simples e rápido, acessível para todos os colaboradores, independentemente de sua geração ou nível hierárquico.

  1. Parceria funciona melhor do que fiscalização

Outra prática recomendada é adotar uma postura de parceria com os colaboradores em vez de uma postura fiscalizadora. Testar funcionários com armadilhas de phishing pode criar um ambiente de medo, em vez de confiança. A EY recomenda implementar uma política em que funcionários são incentivados a relatar possíveis ameaças sem receio de punições. Quem vir algo que não esteja de acordo com os protocolos, deve dizer ao colega ou ao gestor para evitar possíveis violações.

Ao promover uma cultura de parceria, todos se sentem responsáveis pela segurança da empresa, não apenas o time responsável diretamente pela segurança cibernética. Essa abordagem contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais colaborativo e menos punitivo, incentivando a proatividade dos funcionários – no qual a confiança cibernética vai crescer e se espalhar.

  1. Treinamento prático em IA

Com o uso crescente da IA nas operações da organização, os funcionários precisam receber treinamento prático sobre suas capacidades e riscos. De acordo com o relatório da EY, 39% dos funcionários não se sentem confiantes em usar a IA de forma responsável. Isso mostra a importância de oferecer workshops e treinamentos práticos que simulem cenários reais, ajudando os colaboradores a entender as implicações e os riscos da IA no ambiente de trabalho.

  1. Apoio da alta liderança

A liderança é a principal parte interessada e deve demonstrar um compromisso claro com a segurança cibernética, estabelecendo o tema como prioridade estratégica para a empresa e seus principais objetivos de negócio, além de garantir um orçamento adequado para enfrentar o desafio, com ferramentas de segurança, contratação e desenvolvimento de talentos. 

 


SOBRE ESTE CONTEÚDO

A série Ciberinteligência é um projeto conjunto da divisão de cibersegurança da EY em parceria com a The Shift. Com atuação em Assurance, Consulting, Strategy, Tax e Transactions, a EY existe para construir um mundo de negócios melhor, ajudando a criar valor no longo prazo para seus clientes, pessoas e sociedade e gerando confiança nos mercados de capitais. Tendo dados e tecnologia como viabilizadores, equipes diversas da EY em mais de 150 países contribuem para o crescimento, transformação e operação de seus clientes. Saiba mais sobre como geramos valor as empresas por meio da tecnologia.