SXSW 2024: inteligência artificial, identidade digital e a retomada do controle dos nossos dados

A presença da ID Digital em nossa sociedade vem crescendo a cada dia e o Sul Global — a América Latina, a África e o sul da Ásia — já se destacam em termos de digitalização e criação de tecnologias integradas em estruturas de governança.. Dentre estas tecnologias, a identidade digital se destaca, pois impacta diretamente a rotina diária das pessoas, transformando nossas relações com instituições ou empresas, ou apoiando a forma como vivemos e tomamos nossas decisões. Seja na facilidade de movimentar fundos  pelo celular, ou para evitar filas presenciais, assinando documentos pela internet, essa tecnologia é capaz de ressignificar nossas vidas, pois tem potencial infinito, ao ser implementada com privacidade e segurança.  

Por causa desse último requisito, ainda há muito trabalho a fazer. Basta olhar para o recente relatório da pesquisa encomendada pela Unico para a Fundação Getúlio Vargas, apurando quanto uma pessoa nascida no Brasil gasta para provar quem é de modo analógico, além de obter documentos impressos para realizar tarefas básicas. Descobrimos que, em média, o Brasil gasta R$ 104 bilhões por ano com processos de identificação baseados em papel — correspondendo a quase 2% do PIB anual brasileiro. Isso significa que se uma profissional autônoma precisar tirar a segunda via da identidade física do seu filho de 5 anos, ela terá de ir presencialmente a um posto de serviços, pagando pelo seu dia de trabalho perdido na burocracia. 120 reais por dia, o valor aproximado de uma diária de faxina, é também o custo mínimo para a segunda via do documento de seu filho. Na soma geral, esse número é ainda mais expressivo, principalmente quando comparado com o impacto esperado de outras reformas, como a tributária e a previdenciária.

No Sul Global, a digitalização da identidade continua sendo impulsionada e liderada por países como a Índia, que avança pela necessidade de incluir mais pessoas na atividade econômica, distribuir benefícios sociais e, ao mesmo tempo, agilizar a realização de tarefas simples, como matricular crianças na escola ou até abrir uma empresa. Isso mostra que a transformação digital vai muito além da automatização das empresas porque apresenta consequências positivas para todos os envolvidos.