Da mesma maneira que ajudou a definir a forma como nos comunicamos, consumimos notícias e nos conectamos, Mark Zuckerberg quer definir como vamos interagir e viver experiências em um mundo virtual nos próximos anos. A Meta foi lançada com a visão de estabelecer como será esse admirável novo mundo – construído a partir de Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Aumentada. É disso que o cofundador do Facebook tratou em sua conversa com Daymond John, CEO do Shark Group, em sessão da SXSW 2022.
Zuckerberg participou através de uma conexão com John. Ele começou falando sobre como lamentava a guerra na Ucrânia e disse que estava preocupado e enxergava o conflito como altamente desestabilizador. “É estranho e difícil ter uma conversa sobre o futuro, metaverso e Web3 com tudo isso acontecendo”, comentou. Ele acrescentou que os serviços da empresa estariam disponíveis para os ucranianos e disse que gostaria de mostrar seu apoio.
O Facebook foi punido pela Rússia depois que a empresa rotulou informações sobre a invasão de veículos estatais como inverdades. A companhia, juntamente com outras Big Techs, decidiu suspender sua plataforma na Rússia. O governo de Vladimir Putin baniu o Facebook, que por sua vez retirou toda a publicidade e interrompeu os anúncios de qualquer empresa sediada na Rússia.
Apesar do clima de enfrentamento, Mark Zuckerberg diz que se mantém otimista. “Estou otimista que se nós e a comunidade fizermos um bom trabalho, poderemos ajudar a contribuir para a construção de um mundo onde haja mais oportunidade ao redor do mundo”, disse. Daymond então dividiu que sua mulher é descendente de ucranianos e por isso também está empenhado em apoiar os ucranianos.
Em “Into the Metaverse: Creators, Commerce and Connection”, Zuckerberg discutiu as múltiplas possibilidades que o metaverso poderá trazer para as pessoas. De acordo com Zuckerberg, a característica principal é que as pessoas vão se sentir “presentes” e umas ao lado das outras.
“Acredito que o Metaverso seja o próximo capítulo da Internet”, afirmou Zuckerberg. Segundo ele, da mesma forma que a internet móvel tornou o acesso mais fácil, o metaverso seria seu sucessor. “É diferente da Internet que experimentamos hoje, pois você pode consultar documentos, olhar um site. E no futuro você terá a capacidade de sentir que está ali com outra pessoa que você conhece, esse sentimento de presença e tudo o que vem com isso. É realmente esse tipo de sensação muito mágica, e é extremamente humana”.
“É como o Santo Graal dos tipos de experiências sociais que você sabe que eu e muitas pessoas da Meta queríamos construir há muito tempo, mas agora as tecnologias estão começando a chegar ao ponto”.
Zuckerberg apontou que haverá muitas possibilidades de negócios para empreendedores. Ao discutir a possibilidade de expressão através de avatares com Daymond John, ele disse que provavelmente as pessoas terão vários avatares que irão representá-las conforme a ocasião. Em uma reunião mais formal de negócios, por exemplo, poderia ser um avatar que se aproximasse mais da realidade, enquanto para jogos ou ocasiões sociais, haveria muitas outras possibilidades.
“Oportunidade não é algo distribuído de maneira igualitária no mundo. Muitas oportunidades, sejam econômicas, sociais, dependem de onde as pessoas nasceram, quem são sua família. E espero que com algumas dessas tecnologias que estamos desenvolvendo, você possa pular no metaverso e se teleportar para qualquer lugar e ter acesso a oportunidades em todo o mundo”, disse. “O metaverso poderá oferecer experiências descentralizadas”.
O cofundador do Facebook disse que acredita que o mundo se encaminha para um mundo do trabalho mais descentralizado, mas que ainda gostaria que as pessoas pudessem conviver lado a lados em vários momentos para trocar experiências.
Em relação ao que o metaverso seria diferente do que conhecemos, ele reforçou que o que a Meta está fazendo é ajudar a construir algumas das tecnologias fundamentais para dar vida ao Metaverso. E que enxergar o que vem pela frente é uma questão de acreditar. “O futuro, eu acho, tende a vir mais cedo do que você imagina. Acho que você tende a ter vislumbres ou uma sensação de que, sim, essas coisas realmente vão nessa direção muito mais cedo do que você imagina. No final das contas, será o caso de você fincar sua bandeira e dizer ‘Vamos fazer isso’. Então, acho que é apenas o trabalho das pessoas que administram a empresa continuar pressionando, avançando nisso”.
Desde que a Meta foi lançada como empresa mãe do Facebook em outubro do ano passado, em um movimento parecido com o do Google ao criar a Alphabet, a companhia vem trabalhando no desenvolvimento de experiências imersivas para o metaverso. Esse domínio em que seremos representados por um avatar pode ser um espaço para experimentarmos novas sensações, conhecermos outras pessoas, consumirmos produtos nunca imaginados e até trabalharmos. Imagine uma reunião de trabalho no metaverso, pode ser bem mais divertida do que a videoconferência diária. Pode ser jogo, vida paralela, o que quiser.
Construir esse metaverso impõe uma série de desafios. No evento virtual Inside the Lab, em fevereiro, Zuckerberg disse que a Meta vem investindo em ferramentas de Inteligência Artificial capazes de prever e interpretar alguns tipos de interação que ocorreriam somente no metaverso. Essa tecnologia nada mais é do que aprimorar algoritmos de reconhecimento para ampliar as interações no ambiente virtual.
Falando sobre os desafios e por que a Meta poderia ser mais bem-sucedida do que outras organizações, Zuckerberg disse que no final das contas, se der certo, é porque era muito mais importante para a Meta. “Eu acho que nós somos a empresa que se preocupa em ajudar as pessoas a se conectarem. A maioria das outras empresas de tecnologia está basicamente tentando projetar novas maneiras para as pessoas usarem a tecnologia, criar novas maneiras para as pessoas interagirem com outras pessoas. Portanto, é uma mentalidade muito diferente. Acho que se conseguirmos isso será porque nos preocupamos mais”.
“O futuro, de certa forma, pertence a quem mais acredita nele”.
Durante o painel, Mark Zuckerberg confirmou informações publicadas pelo Financial Times em janeiro de que a Meta tinha planos para que os usuários do Facebook e do Instagram pudessem exibir NFTs em seus perfis. “Estamos trabalhando para trazer NFTs para o Instagram no curto prazo”, disse ele. Mas emendou que não estava pronto “para anunciar exatamente o que vai ser” e que esperava que nos próximos meses, os usuários do Instagram seriam capazes de cunhar seus próprios NFTs dentro do aplicativo.