A medicina de precisão é um método que envolve análises que consideram características particulares das pessoas. Conhecer a variabilidade genética, o ambiente e estilo de vida podem determinar melhores formas de tratamento para uma pessoa. Além disso, a medicina pode prever enfermidades às quais um indivíduo está sujeito geneticamente, por exemplo, desenvolver uma doença como Alzheimer.
No entanto, existe um problema: os principais laboratórios de genética estão localizados na América do Norte e na Europa. Isso faz com que a maioria dos genomas estudados sejam de apenas uma etnia.
Quase 93% dos participantes de estudos de genética são de etnia europeia, enquanto apenas 0,38% são de descendência latina, segundo dados da GWAS Diversity Monitor, plataforma criada pela Universidade de Oxford. A questão é que a medicina de precisão perde sua eficácia quando aplicada em pessoas que não se encaixam no perfil.
Para Lygia Pereira, mestre em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora na Universidade de São Paulo (USP), isso representa uma oportunidade. “O estudo já está bem consolidado. A oportunidade que vi é na falta de diversidade desses dados”, diz a pesquisadora. Ela acredita que existe muito espaço para a inovação, se analisarmos dados de genomas de outras etnias, algo que temos de sobra no país.
“A gente precisa conhecer o genoma de outras populações por duas razões. Em primeiro lugar, para desenvolver essa medicina de prevenção e em segundo, para trazer [inovações] que estão escondidas em populações não-europeias”, disse durante sua apresentação no SciBiz, evento realizado na USP, em São Paulo.
De olho na inovação, Lygia Pereira fundou a gen-t, em 2021. Ela coordena seu conhecimento científico com o papel de CEO. A empresa oferece uma plataforma para disponibilizar os dados coletados dos voluntários para pesquisa científica. Os voluntários receberão um check-up com exames laboratoriais gratuitos pelo menos a cada doze meses, além de terem acesso aos dados relacionados ao gene.
O principal objetivo da gen-t é mapear o genoma brasileiro. Lygia explica que, devido a diversos fatores históricos, o Brasil possui uma variedade genética imensa. Olhando para pesquisas como "DNA do Brasil", iniciada em 2019 pela USP sob a coordenação de Lygia, essa variedade genética é mais que comprovada. Em apenas um ano de projeto, mais de 40% das variantes genéticas encontradas nos primeiros 1.200 genomas nunca haviam sido registradas em nenhum banco de dados.
Desde sua fundação, a gen-t conseguiu coletar o genoma de quase 8 mil voluntários e pretende atingir 200 mil genomas de brasileiros até 2027. Para Lygia Pereira, a alta variedade genética é a principal vantagem competitiva da empresa em comparação com os concorrentes e beneficiará a medicina para além do Brasil, alcançando o mundo.
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