The Shift

Cibersegurança e ESG: A nova fronteira no controle de riscos terceiros

A integração de critérios ESG no controle de riscos de empresas terceiras tornou-se prioridade crescente, principalmente para companhias que querem estar à frente dos ventos de mudança


As organizações estão cada vez mais conscientes de que precisam estender seus compromissos de governança ambiental, social e corporativa (ESG) à sua cadeia de fornecedores e parceiros de negócios. Com isso, a integração de critérios ESG no controle de riscos de empresas terceiras tornou-se prioridade crescente, principalmente para companhias que querem estar à frente dos ventos de mudança.

De acordo com o estudo “2023 EY Global Third-Party Risk Management Survey”, realizado pela EY em colaboração com a Oxford Economics, 54% das organizações já incluem riscos ESG em seus relatórios de inventário de riscos. As principais prioridades ESG enfrentadas pelos programas de gerenciamento de riscos de terceiros (TPRM) das organizações são:

Desafios e barreiras na integração de ESG para terceiros

Apesar dos avanços na integração de ESG no TPRM, muitas organizações se deparam com dificuldades que podem testar sua disposição. Pelo menos 66% das empresas destacaram a falta de coordenação entre stakeholders internos e a gestão de riscos terceiros. Para dar conta dessa barreira, a solução está no uso de ferramentas tecnológicas, segundo a EY.

CADASTRE-SE GRÁTIS PARA ACESSAR 5 CONTEÚDOS MENSAIS

Já recebe a newsletter? Ative seu acesso

Ao cadastrar-se você declara que está de acordo
com nossos Termos de Uso e Privacidade.

Cadastrar

Estratégias para integrar ESG no controle de riscos de terceiros

Para integrar efetivamente os critérios ESG no controle de riscos de empresas terceiras, as organizações estão adotando diversas estratégias:

  1. Aumento da diversidade de fornecedores: 45% das empresas estão aumentando a diversidade de seus fornecedores para atender às metas ESG, como por exemplo, priorizando negócios de propriedade de minorias.

 

  1. Inclusão de cláusulas contratuais ESG: 32% das organizações incluem cláusulas em seus contratos exigindo que terceiros cumpram as políticas ou regulamentações ESG da empresa.

 

  1. Definição de critérios de exclusão: 23% das empresas afirmam que deixariam de trabalhar com um fornecedor-chave se ele não atendesse aos requisitos ESG.

 

  1. Estabelecimento de metas específicas: 16% das organizações têm metas específicas para reduzir as emissões de sua cadeia de suprimentos, aplicadas em seus contratos.

 

  1. Definição de gastos com fornecedores diversos: 7% das empresas estabeleceram uma quantidade específica de gastos gerenciados a ser utilizada com fornecedores oficialmente certificados como diversos.

A importância da segurança cibernética na integração ESG

O estudo da EY destaca que segurança digital é o domínio de risco mais citado nos relatórios de inventário de riscos das organizações, com 61% das empresas considerando esse aspecto. Estudos anteriores apontaram que 35% do valor de uma empresa é referente à sua reputação. Outras pesquisas indicam que companhias já perderam até 20% no valor das ações após ataques cibernéticos. 

Quando se olha para a cibersegurança, fica evidente que enfrentamos hoje um cenário muito mais complexo. A proliferação e crescente de regulamentações que endereçam a segurança cibernética ampliam os potenciais impactos e a gestão do Chief Information Technology Officer (CISO). 

Diante disso, o escopo do CISO vem se transformando e assumindo novos papeis dentro das organizações. Além de garantir que a empresa esteja de acordo com regulações vigentes, conforme sua área e país de atuação – o que pode incluir LGPD (Brasil), GDPR (União Europeia), EO 14028 (EUA) e a recente Cyber Trust Mark, entre outras – o CISO precisa se preocupar com o treinamento de funcionários em práticas seguras, análise de vulnerabilidades de parceiros, desenvolvimento de habilidades dentro da organização e resiliência da companhia e de terceiros. Aproximadamente 51% das organizações mantêm planos de resiliência integrados para terceiros, enquanto 45% realizam testes de cenários e planos de contingência, segundo a pesquisa da EY. 

Para reduzir o risco de ataques, as empresas devem considerar os seguintes pontos:

  1. Avaliação abrangente de riscos cibernéticos: As organizações devem realizar avaliações detalhadas dos riscos cibernéticos associados a seus terceiros, considerando aspectos como proteção de dados, privacidade e resiliência digital.

 

  1. Estabelecimento de padrões mínimos de segurança: É fundamental definir requisitos mínimos de segurança cibernética para terceiros, alinhados com as melhores práticas do setor e regulamentações relevantes.

 

  1. Monitoramento contínuo: Implementar processos de monitoramento contínuo da postura de segurança cibernética dos terceiros é essencial para identificar e mitigar riscos em tempo hábil.

 

  1. Capacitação e conscientização: Investir na capacitação e conscientização dos terceiros sobre segurança cibernética pode ajudar a fortalecer a resiliência geral da cadeia de suprimentos.

 

  1. Integração com outras áreas de risco ESG: A segurança cibernética deve ser considerada em conjunto com outros aspectos ESG, como governança de dados e proteção da privacidade.

 

Melhores práticas para ESG em TPRM

Empresas com programas maduros de TPRM adotam práticas que servem como modelo para integração de ESG. Entre elas estão:

  1. Centralização da Gestão: Programas centralizados permitem uma visão holística dos riscos e a priorização de ações mitigadoras.
  2. Monitoramento Contínuo: O uso de tecnologia para monitorar terceiros em tempo real garante uma abordagem proativa.
  3. Governança e Colaboração: Equipes interdisciplinares são essenciais para o sucesso de um programa abrangente de ESG e TPRM.
  4. Padronização de Processos: A aplicação de normas consistentes em diferentes jurisdições melhora a conformidade e a eficiência.

As organizações que adotarem uma abordagem proativa na integração de princípios e práticas ESG internamente e para terceiros, considerando aspectos como segurança cibernética, diversidade de fornecedores e conformidade regulatória, estarão melhor posicionadas para aproveitar as oportunidades que surgem em um cenário de mudança constante. Comunicar a importância dos programas e ações é, por exemplo, uma maneira de associar a companhia a uma visão que vai muito além dos negócios.