The Shift

Casa inteligente: para onde vai esse mercado

As empresas apostam no crescimento do ecossistema da casa inteligente para oferecer diferentes produtos e serviços

Os investimentos em tecnologias de casa inteligente (smart home) estão aumentando. As taxas de adoção, principalmente na Europa e Estados Unidos, também. Os consumidores, que antes enxergavam esses produtos como “luxos”, agora olham para assistentes de voz, alto-falantes inteligentes e monitoramento residencial como “itens domésticos padrão”.

Um estudo do BCG identificou cerca de 1.500 participantes no ecossistema de smart home, do Google à startup Redback, que permite aos usuários armazenar energia solar para uso doméstico. Com apenas três anos, a BrainCo projetou um dispositivo wearable para ajudar as pessoas a aumentar seu nível de atenção e eficiência. Divididas em 11 setores – incluindo segurança, saúde e energia inteligente – essas empresas receberam quase US$ 12 bilhões em investimentos. O mais interessante é que o estudo aponta que nenhuma companhia se estabeleceu ainda como líder de mercado, o que deixa espaço para crescimento e inovação.

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Estudos e especialistas do mercado apontam um crescimento a uma taxa composta anual de 42% até 2022 na adoção de dispositivos smart home nos EUA. Embora o smart home seja identificado à primeira vista como um mercado único, a análise do BCG mostra que os subsetores atingiram seu pico em diferentes momentos em termos de valor e volume de investimento.

As startups de cozinha inteligente, por exemplo, atingiram seu pico em 2015. Os assistentes virtuais pegaram em 2017, mas esse segmento continuará crescendo rapidamente nos próximos três a cinco anos, principalmente com a melhoria e entrada de novos recursos. O BCG aponta ainda que o setor como um todo verá um ciclo virtuoso: “quanto mais dispositivos para casa inteligente se conectarem a esses dispositivos, mais populares tanto os dispositivos quanto os gadgets que eles habilitam se tornarão”.

 

Amazon (com Alexa) e Google (com Google Home) apostam em assistentes digitais e alto-falantes inteligentes como um ponto de controle crítico dentro do ecossistema de casa inteligente. Esses dispositivos são capazes de gerar uma quantidade enorme de dados sobre sobre o comportamento humano, o que será inestimável para as empresas. A Apple ocupa um espaço desse mercado com Siri. Embora conte com Big Techs entre os líderes, o mercado vem sendo cada vez mais disputado por players. No ano passado, uma pesquisa mostrou que consumidores brasileiros se lembravam espontaneamente também de Motorola, Vivo e Bradesco.

Audiovisual (A/V) é o segundo maior segmento do setor de casa inteligente em termos de volume de investimento e número de aquisições. Os consumidores têm adquirido cinemas domésticos inteligentes e sistemas A/V que aplicam tecnologias de tela sensível ao toque e comando de voz em alto-falantes, televisores, e outros dispositivos. O segmento está avançando rumo a outros caminhos: a Coocaa, divisão de internet da fabricante chinesa de TV Skyworth Digital Holdings, recebeu US$ 44 milhões em financiamento para desenvolver uma televisão que protege os olhos eliminando a luz azul, que pode afetar o sono e causar outras doenças, segundo estudos.

 

O relatório do BCG aponta que caminhamos para uma fusão do setor de saúde e bem-estar com a indústria de casas inteligentes. A coleta e análise de urina para monitoramento de rotina podem acontecer eventualmente em casa, o que eliminaria as viagens e idas a laboratórios clínicos. Até o sono pode ser “inteligente”: a Eight Sleep, que arrecadou US$ 33,3 milhões em financiamento de risco, desenvolveu um colchão que inclui controles de temperatura e um alarme que pode detectar quando uma pessoa está em um sono leve e se modula de acordo, comunicando-se com outros dispositivos para desligar luzes e bloquear portas. Recentemente, a Amazon conseguiu permissão para monitorar o sono usando radar. São movimentos que apontam para a expansão do ecossistema e a interligação e interconexão de diferentes dispositivos que vão se “falar” para tornar a operação da casa inteligente sem fricção.

O ecossistema da casa inteligente tem sido já há algum tempo a aposta de algumas Big Techs, que vêm se movendo para aquisição da startups e empresas. A Amazon comprou a Ring, fabricante de campainhas e câmeras conectadas à Internet, por cerca de US$ 1 bilhão em 2018. O Google comprou a Nest, que entre outros produtos fabrica termostatos inteligentes e detectores de fumaça, em 2014. A Samsung comprou a SmartThings, que oferece uma plataforma para casa inteligente.

Smart TVs puxam crescimento do mercado

No primeiro trimestre, as vendas de produtos desse segmento aumentaram 25% na Europa, puxadas principalmente por Smart TVs, de acordo com a IDC. No primeiro trimestre, as smart TVs representaram quase 80% do segmento de entretenimento em vídeo.

A projeção é que smart TVs e adaptadores de mídia digital vão somar uma produção de 54,7 milhões de unidades este ano, respondendo por 46,6% dos dispositivos domésticos inteligentes – portanto, quase metade de todos os produtos domésticos inteligentes vendidos na Europa este ano. Em 2025, esse volume deve atingir 75,7 milhões de unidades.

Os alto-falantes inteligentes devem chegar a 30,9 milhões de unidades este ano, chegando a mais de 50 milhões até 2025. Esse segmento tem sido puxado por Amazon e Google, que estão mantendo os preços acessíveis.

E é melhor aproveitar agora, pois a participação desses produtos deve cair nos próximos anos, com a ascensão do segmento mais tecnológico do mercado. Monitoramento e segurança residencial, iluminação inteligente e termostatos com IA embarcada atingiram uma produção de 6,1 milhões de unidades no primeiro trimestre, um aumento de 26,7% em relação ao mesmo período de 2020. A IDC prevê que monitoramento e segurança serão responsáveis por mais da metade do mercado neste ano, mas que a iluminação inteligente estará na ponta em 2025, com um crescimento a uma taxa composta de 39% e empurrando as remessas para 37 milhões.

Segundo a IDC, as vendas mundiais dos dispositivos smart home atingiram 800 milhões de unidades em 2020, mesmo com a pandemia (ou talvez por causa dela), superando o ano de 2019 em 4,5%. E para 2025, a expectativa é de que esse número anual chegue a 1,4 bilhão de equipamentos vendidos.