Ao assistir o debate “2022: The Year of The DAO“, realizado no final de semana na SXSW 2022, é impossível não se lembrar da lenda indiana dos sete homens sábios que foram convidados a descrever um elefante apenas pelo tato. Como cada um foi colocado diante de uma parte do bicho, as descrições obviamente variavam de forma radical.
Com as DAOs (Decentralized Autonomous Organization, ou Organização Autônoma Descentralizada), a história não é muito diferente, especialmente porque estamos diante de um movimento que muda diariamente enquanto é construído por seus players.
Os quatro participantes da conversa – Flex Chapman, cocriador do projeto The Krause House, ligado à NBA; Kinjal Shah, Senior Associate da Blockchain Capital e cofundadora da Komorebi, uma DAO para startups cripto focada em mulheres e pessoas não-binárias; Cooper Turley, estrategista de cripto em projetos ligados à Economia dos Criadores (Creator Economy); e o mediador, Jihad Esmail, empreendedor DAO – trouxeram visões diferentes, mas complementares sobre o tema.
As DAOs oferecem um jeito novo de financiar projetos e governar comunidades, que abre mão de uma estrutura hierárquica “top down” para se apoiar em blockchain, tokens e outros instrumentos da Web3, criando um modelo de governança aberta que distribui autoridade de tomada de decisão e recompensas financeiras por todos os seus integrantes.
Os exemplos mostram que as DAOs têm potencial para redefinir a maneira como trabalhamos, tomamos decisões em grupo, alocamos recursos, distribuímos riqueza e, talvez, resolvemos os grandes problemas da humanidade. Só precisa combinar com todo mundo, certo? “As DAOs são uma comunidade online que tira vantagem dos princípios da Web3, como NFTs, Tokens e DeFi para ganhar superpoderes“, diz Flex Chapman. “Vamos dizer que seja um grupo de chat com uma conta bancária conjunta“, brincou Cooper Truley. Ou, como define Kinjal Shah, “um novo tipo de empresa que se apóia fortemente na descentralização e na orientação da comunidade para funcionar e captar fundos“.
Enquanto o projeto de Chapman está reunindo recursos para comprar de forma comunitária um time da NBA, outras DAOs pretendem disruptar a indústria fonográfica, o mercado imobiliário, o mercado de mídia e até o mercado cinematográfico, como contou Roman Coppola, filho do cineasta Francis Ford Copolla, em entrevista ao host do SXSW Studios, Wajahat Ali.
Coppola explicou como funciona a Decentralized Pictures (DCP), uma espécie de DAO associada aos estúdios American Zoetrope que usa tokens e uma rede de participantes para escolher e apoiar projetos cinematográficos de outsiders da indústria que, dificilmente, encontrariam espaço, e funding, para fazer seus filmes.