A Edge Computing, ou computação de borda, expande o poder da computação em nuvem para além das fronteiras das empresas, e dribla 3 inimigos da hiperautomação e da ioT: a latência, que impediria coleta e processamento de dados em tempo real; a banda de transmissão, reduzindo custos para mais volumes de dados serem processados; e a confiabilidade, eliminando eventuais engasgos nas redes. Para eliminar esses três problemas, levar o processamento de dados para perto de onde eles estão sendo produzidos é o caminho – seja em um terminal ponto-de-vendas em uma cidade distante, seja um carro autônomo e conectado em um centro urbano ou em uma estrada “no meio do nada”. Na borda está o futuro das empresas hiperconectadas e líquidas.
A empresa de pesquisa IDC prevê que os gastos com Edge Computing devem chegar a US$ 176 bilhões em 2022, um aumento de 14,8% em relação a 2021. Espera-se que os gastos de empresas e provedores de serviços em hardware, software e serviços para soluções de borda mantenham esse ritmo de crescimento até 2025, quando os gastos chegarão a quase US$ 274 bilhões.
Em seu relatório recente, “Predicts 2022: The Distributed Enterprise Drives Computing to the Edge”, o Gartner prevê que o número de dispositivos da Internet das Coisas (IoT) triplicará de 2020 a 2030. Consequentemente, os dados gerados na borda crescem significativamente em termos de volume e diversidade. A consultoria estima que até 2025 mais de 50% dos dados gerenciados pelas empresas serão criados e processados fora do data center ou da nuvem. Além disso, o Gartner destaca que há uma “necessidade de extrair e preservar maior valor dos dados na borda, já que, hoje, 99% dos dados brutos são descartados”.
Para o Gartner, em 2025, será o volume gigante de dados gerados pelos novos usos das tecnologia digital e o custo da banda que vão empurrar as empresas para a Edge Computing, e não mais a latência, como em 2021. A transformação digital estende e distribui as empresas para além das suas fronteiras físicas e os novos negócios digitais, incluindo a hiperautomação de processos tradicionais – pense em Indústria 4.0, por exemplo – exigem conectar tudo e todos digitalmente, processando localmente boa parte dos dados, em vez de enviar tudo de volta para a nuvem. Até 2023, 75% das organizações que exploram os benefícios corporativos distribuídos pela nuvem terão um crescimento de receita 25% mais rápido que os concorrentes.
Angelina Troy, Diretora Sênior de análise do Gartner, explica que “a borda é, em última análise, um local – o local onde pessoas e coisas se conectam com o mundo digital em rede. A computação de borda é uma topologia de computação distribuída que tira proveito da borda”. Em 2022, prevê a consultoria, “a computação de borda entra no mainstream à medida que as organizações procuram estender a nuvem e aproveitar a IoT e os aplicativos de negócios digitais transformacionais. Os líderes de infraestrutura e operações (I&O) devem incorporar a computação de borda em seus planos de computação em nuvem como base para novos tipos de aplicativos a longo prazo.”
Mas onde a Edge Computing faz a diferença?
A IDC identificou mais de 150 casos de uso para computação de borda em vários setores e domínios. Os dois casos de uso de borda que terão os maiores investimentos em 2022, segundo a consultoria, são redes de entrega de conteúdo e funções de rede virtual, ambos fundamentais para as ofertas de serviços de borda dos provedores de serviços. Combinados, esses dois casos de uso gerarão quase US$ 26 bilhões em gastos este ano. No total, os provedores de serviços investirão mais de US$ 38 bilhões na habilitação de ofertas de borda este ano.
Daniel Newman, analista principal da Futurum Research e CEO do Broadsuite Media Group, lembra que “a Edge Computing não é nova. O fato de que está se tornando cada vez mais mainstream é que é a novidade”. E aí, combinada com a oferta da conectividade móvel 5G e os avanços em IoT, Inteligência Artificial e Machine Learning, a computação de borda está presente em pelo menos quatro instâncias de mudança rápida: na indústria, no varejo, no supply chain e logística, e na saúde e medicina. Em todas, um ponto importante: o aumento exponencial de dados gerados e a necessidade de processamento em tempo real. Uma quinta instância, dos dispositivos digitais conectados de uso pessoal ou doméstico, inclui de carros conectados a refrigeradores e torneiras inteligentes, e cresce de forma acelerada.
- No supply chain e logística, a mudança é que as cadeias de suprimentos estão se tornando dinâmicas e cobrindo redes cada vez maiores, em busca de redução de custo, previsibilidade de demanda e otimização da cadeia de produção e entregas. O Gartner estima que até 2025, 25% das decisões da cadeia de suprimentos serão tomadas em ecossistemas de borda inteligente, por exemplo.
- Nos armazéns e centros de distribuição, o uso de robôs conectados cresce. Até 2026, segundo a consultoria, 75% das grandes empresas adotarão alguma forma de robôs inteligentes de intralogística em suas operações de armazém. A ideia é que cada vez mais os robôs possam operar de forma inteligência, sem fios e dividindo espaço com humanos, sem atropelos.
- “Empresas como HPE e SAP estão trabalhando juntas para criar soluções que capitalizem os dados criados por dispositivos IoT para que as organizações possam processar e obter insights em tempo real para atender às necessidades dos clientes. Quando a experiência do cliente é tão importante, encontrar o elo fraco na cadeia de suprimentos pode ser a diferença entre ganhar e perder participação de mercado”, aponta Newman.
- No varejo, a edge computing mira em melhores experiências de compra para os consumidores nas lojas pós-pandemia, dados extensos para administrar o fluxo do e-commerce, controle da disponibilidade de produtos até velocidade na entrega e segurança nos processos de compra. Segundo a IDC, 90% dos varejistas que usam aplicações de cloud já implementaram ou vão implementar fluxos de trabalho em edge como IoT ou analytics. E 42% deles possuem ou planejam a implementação de infraestrutura de edge nas lojas físicas.
- O volume de dados na área de saúde aumentou 900% nos últimos dois anos, por conta do uso da telemedicina e dos dispositivos de monitoramento de dados vitais e de saúde, segundo um estudo da Dell. Em média, existem 10 a 15 dispositivos conectados em cada cama de hospital hoje.