Por definição, uma substância em estado líquido é aquela na qual “a distância entre suas moléculas é suficiente para se adequar a qualquer meio, tomando sua forma“. Sob as mesmas condições de pressão, um material em estado líquido concentra mais energia em suas moléculas do que no estado sólido. Mais energia é igual a mais liberdade de movimento e mais habilidade de contornar obstáculos e ocupar grandes espaços.
Nessa década, as empresas que souberem ser “líquidas” mudarão para a próxima fase com sucesso, pois a nova economia exige a fluidez de estar presente em todos os lugares. A evolução dos negócios digitais se dará pela combinação das tecnologias disruptivas – IoT, 5G, IA, Blockchain, AR/VR, Robótica, Big Data e Analytics, entre outras – em ambientes abertos, assentadas sobre plataformas de Cloud Computing. Todas as verticais econômicas são desafiadas a mudar.
US$ 1 trilhão é o potencial estimado de geração de valor até 2030, pelas empresas que souberem tirar o máximo da Cloud Computing, segundo estudo da McKinsey.
O estudo, que analisou mais de 700 casos de uso em 19 verticais, combina valores reais de ganhos operacionais, redução de custos e geração adicional de receita e projeta esses ganhos para 2030 em 3 instâncias: rejuvenescimento, inovação e disrupção (combinação da nuvem com novas tecnologias que vão de IoT a Realidade Aumentada e impressão 3D, por exemplo).
“Agora vamos ter uma gama enorme de dispositivos conectados, e aí, além da segurança e do analytics efetivo sobre os dados, o que vai viabilizar a utilização de todos esses dispositivos na sua potência será o 5G, porque vai dar o grau de velocidade, densidade e latência necessários“, explica Marcello Miguel diretor executivo de marketing e negócios da Embratel. “E isso junto com a nuvem no modelo de Edge Computing. A gente vive em ciclos. Caminhamos para o centralizado e agora voltamos para um processo descentralizado, com atividade computacional nas bordas (Edge), que vai conseguir viabilizar tudo aquilo que 5 ou 10 anos atrás a gente imaginava como sendo o mundo dos Jetsons“, completa.
Depois de 2020, nada será como antes
Para pensar em como chegar ao próximo patamar, ao “the next big move”, é importante resgatar os últimos 20 meses vividos pela humanidade. Com a pandemia, todos os processos de transformação digital se aceleraram vários anos em poucos meses. Até o final da década, está claro que os tempos são de mudanças constantes e velozes. Da porta para dentro, as corporações precisam incorporar à rotina o trabalho híbrido e pessoas em home office talvez para sempre. Da porta para fora, o cliente/consumidor demanda velocidade em transações sem fricção, amparadas por tecnologias móveis e experiências hiperpersonalizadas. Também para sempre.
Ao mesmo tempo em que recorrem à nuvem como uma espécie de “sistema operacional” sobre o qual constroem novos negócios “líquidos” alimentados por uma estratégia “data-driven”, as empresas enfrentam o desafio de alinhar a cultura corporativa às exigências da transformação digital. Elas precisam desaprender velhos hábitos, adquirir e formar novas competências digitais em todas as pessoas, por meio de upskilling e reskilling.
Uma nova liderança é necessária: aquela que sabe gerar engajamento e produtividade mesmo em ambientes híbridos e de alta volatilidade. “Pensar digital envolve trabalhar a cultura corporativa com processos, com tecnologia e, fundamentalmente, com pessoas, na perspectiva de uma liderança que é inspiradora, e não mais uma liderança baseada em comando e controle. E exige uma comunicação fluída, em rede“, explica Daniela Leonardi Libâneo, Diretora de Learning Trends da Afferolab.
Nas próximas semanas, você vai acompanhar nesse especial diferentes visões sobre o próximo estágio da transformação digital e ouvir, de diferentes protagonistas, como ela está sendo executada, em empresas tão diferentes como bancos, montadoras e varejo. A urgência na ação é dimensionada pelo impacto que a automação, absolutamente mandatória, traz para o ecossistema global: segundo o World Economic Forum, cerca de 85 milhões de empregos poderão desaparecer até 2025. Mas existe um outro número que retrata a perspectiva da oportunidade: 97 milhões de novas posições podem ser criadas com a automação. As forças de trabalho e as empresas precisam estar bem-preparadas para aproveitá-las.